Peças autorais são pensadas para transcender a mera funcionalidade e se tornarem verdadeiras obras de arte
O design autoral desempenha um papel fundamental na decoração de espaços, pois oferece uma abordagem única e personalizada para transformar ambientes. Cada peça possui uma história por trás de sua criação, transmitindo emoções e ideias que se conectam com as pessoas que as escolhem. Isso confere um caráter especial e diferenciado aos espaços, tornando-os verdadeiramente únicos.
Além disso, as peças autorais são pensadas para transcender a mera funcionalidade e se tornarem verdadeiras obras de arte. Elas exploram formas, texturas, cores e materiais de maneiras inovadoras, desafiando convenções e despertando a imaginação. E essa qualidade criativa e singular pode ser vista em alguns dos ambientes que fazem parte da 36ª edição da CASACOR São Paulo, que acontece até 06 de agosto, no Conjunto Nacional, na Avenida Paulista.
Um exemplo é a Casa Kraftizen Cosentino, espaço assinado pela SUITE Arquitetos, dos sócios Carolina Mauro, Daniela Frugiuele e Filipe Troncon. O projeto, que explora a relação com a natureza e a permissão de ser natural admitindo as marcas do tempo, traz peças assinadas pelo braço de design do escritório – a SUITE Design. Entre elas, destaque para o sofá Bio, que foi pensado para “abraçar” o espaço. O móvel tem formas curvas inspiradas na natureza e uma textura de rugas que reforça o conceito do tempo e memória presentes em todo o projeto.
Já a mesa Entrelaço, vai além de uma peça exclusiva desenhada para o ambiente. Ela é uma releitura de tramas criadas com insumos descartados de palha de seda, material fornecido pela designer têxtil Nani Chinellato. Os fios de seda, recebidos quase como fios de cabelo emaranhados, foram repensados, reconstituídos, reutilizados, trançados e dispostos em bastidores de madeira em padronagens diversas, trazendo o conceito de upcycling à peça e elevando o nível do mobiliário à uma escala única, artesanal e exclusiva. Outro mobiliário que traz a assinatura dos arquitetos é a poltrona Lina. Considerado um ícone do design, o móvel foi desenhado para a Lider e celebra cinco anos do seu lançamento.
Para além do design de móveis, o trio também trouxe para a Casa Kraftizen Cosentino a coleção de tapetes TransBordar, fruto da relação da SUITE Design com a Botteh, marca líder e referência no segmento de tapetes feitos à mão. Os tapetes e tapeçarias foram concebidas a partir de uma interpretação gráfico-escultórica sobre bordas e limites dimensionais do objeto que nessa série fluem, vazam, descascam e se fundem em composições vivas.
Originalidade. Essa é a palavra que define o arquiteto e designer Guilherme Torres, que assina a instalação Percursus. Em seu portfólio de peças com design autoral que somam mais de cinquenta itens, o sofá Lee ganha destaque no ambiente que explora uma correlação entre o trabalho da artista plástica Regina Silveira e de Torres. Pensando em versatilidade, o modelo em gomos no estilo vintage foi repensado neste mobiliário, que permite infinitas configurações em sua estrutura. Assim como o sofá Otto, um tributo ao avô de Guilherme, Lee é uma homenagem ao seu pai, que se chamava Olivio, e ganhou o apelido familiar de Lee.
Com um conceito minimalista e elegante, o Loft (IN)Terno, ambiente assinado pela arquiteta Ticiane Lima, traz alguns dos nomes mais consagrados do design brasileiro em peças que esbanjam beleza e sofisticação. Assinado pela designer Claudia Moreira Salles, o Dominó é um banco duplo, que pode tanto ser usado para dividir ambientes quanto ficar solto no espaço. As linhas retas que remetem à arquitetura modernista são adoçadas pelo rolo miesiano que divide o assento e pelas concavidades, com pequenos furos para o escoamento da água, que dão conforto e ritmo à peça. A estrutura dos pés é fabricada em aço inox.
Do prestigiado Geraldo de Barros, Ticiane trouxe uma reedição da poltrona, no padrão Unilabor, em estrutura tubular UL19, que apresenta um suave avanço na parte posterior para garantir o conforto do sentar-se. Já de Fernando Mendes, discípulo de Sérgio Rodrigues, a arquiteta “emprestou” a Poltrona Vivi, uma reedição da peça que faz homenagem à empresária Vivi Nabuco. A estrutura redonda é resultado de uma das muitas brincadeiras que Sérgio Rodrigues (1927-2014) gostava de fazer com os desenhos de seus móveis. É uma poltrona descontraída e, sobretudo, superconfortável, que evidencia a maestria de Sérgio com as formas.