Especialista da rede Meu Doutor Novamed explica os efeitos das temperaturas elevadas no organismo e dá dicas sobre cuidados essenciais
O Brasil vem enfrentando uma onda de calor intenso nas últimas semanas, devido à passagem do El Niño pelo país, e especialistas em meteorologia apontam que o pico de sua atividade deve acontecer em dezembro, com agravamento dos extremos climáticos. O aumento das temperaturas e o clima seco, principalmente no Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste, assinalados pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) acendem um importante alerta sobre o impacto direto das condições do clima na saúde, principalmente nos sistemas vascular e respiratório.
De acordo com o médico de família Arthur Zanolla, da rede de clínicas Meu Doutor Novamed em Belo Horizonte, a exposição prolongada ao calor pode provocar inúmeros efeitos no organismo, incluindo situações mais graves, capazes de levar à hospitalização.
“Sabemos que o calor muda a forma que o corpo humano funciona, comprometendo a execução de várias funções vitais. Ele pode resultar em exaustão, insolação e hipertermia. De acordo com os estudos realizados nas ondas de calor que atingiram a Europa nos últimos anos, este fenômeno está associado a um aumento do risco de morte, especialmente entre pessoas portadoras de doenças cardiovasculares e pulmonares”, destaca o doutor Zanolla.
O especialista ressalta, ainda, que o calor excessivo diminui a umidade relativa do ar, o que pode elevar problemas respiratórios e provocar ressecamento da pele, desconforto nos olhos, boca e nariz.
“Essa baixa umidade significa menos partículas de água dispersas no ar que respiramos. Na prática, isso quer dizer que substâncias poluentes permanecem flutuando por mais tempo, gerando consequências principalmente para pessoas portadoras de doenças respiratórias. Dentre os sinais de que o ar seco pode estar fazendo mal estão: tosse persistente, falta de ar e sangramentos nasais. E, quando não melhora, é preciso procurar por assistência médica”, ressalta.
Calor excessivo e os efeitos na saúde
O médico explica que os problemas podem ser categorizados em leves, moderados e graves. Entre os transtornos considerados leves estão o eczema (popularmente conhecido como brotoeja), o inchaço das pernas e sintomas relacionados à redução da pressão arterial.
“Esses problemas podem ser resolvidos de forma simples, retirando a pessoa do ambiente com exposição ao calor e refrescando a pele”, comenta o especialista, que alerta para os efeitos dos demais quadros na saúde: “dentre as complicações consideradas moderadas, podemos destacar as cãibras, causadas pela desidratação e pela falta de sais minerais no corpo. Já entre as graves, temos a exaustão pelo calor, que consiste na desidratação intensa, causando fraqueza e sensação de desmaio persistente. Nestes casos, a pessoa deve receber hidratação oral também com eletrólitos e ser levada a um ambiente com temperatura amena – em que haja ar-condicionado ou água fria corrente, por exemplo –, capaz de diminuir a temperatura corporal”, explica o Dr. Arthur.
Ao mencionar os sintomas de maior gravidade, que exigem muita atenção, o especialista cita os principais aspectos que devem ser observados:
“Os quadros considerados graves são a insolação e a exaustão pelo calor. Essas condições são caracterizadas pela disfunção orgânica (quando algum órgão ou sistema para de funcionar), associada nos quadros moderados e leves. Pessoas que apresentem esses sinais de forma persistente por mais de uma hora após receber hidratação adequada e resfriamento corporal, ou com temperatura acima de 39 graus celsius, devem ser levadas para avaliação médica, pois correm risco de vida”, alerta o Dr. Arthur Zanolla.
Cuidados essenciais
Para evitar maiores complicações nessa temporada de calor forte, que deve permanecer ainda até o fim do verão, o médico de família da Meu Doutor Novamed enumera alguns cuidados básicos, que podem beneficiar a saúde especialmente durante as ondas de calor:
- Mantenha sua casa e seu local de trabalho fresco. A temperatura interna não deve ultrapassar 32º C. Formas de manter o ambiente fresco incluem janelas abertas para promover a circulação do ar, ventiladores e aparelhos de ar-condicionado, além de evitar o uso de aparelhos elétricos que gerem calor.
- Evite atividades físicas intensas em local aberto. Busque realizá-las no período mais fresco do dia (antes das 7h da manhã) e evite se expor ao calor nos momentos mais quentes do dia – especialmente entre 10h e 15h.
- Beba bastante água, e o máximo de líquidos frios possível, a menos que você tenha contraindicação médica para essa ingestão. Importante lembrar que bebidas à base de cafeína e álcool podem provocar desidratação.
- Ondas de calor são momentos em que pessoas com fatores de risco ficam mais vulneráveis. Confira se seus familiares, bem como vizinhos idosos que vivam sozinhos, estão se cuidando adequadamente – este grupo é especialmente vulnerável a complicações graves do calor.
- Outro ponto de atenção é a aceleração da decomposição dos alimentos, aumentando o risco de intoxicação alimentar e transmissão de doenças. Devemos buscar pequenas refeições leves, com alimentos frescos.