
A inclusão do pequeno e médio produtor rural, o estímulo à produção de madeira para uso múltiplo, usando o Sistema de Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF) e os benefícios desta prática foram discutidos no Seminário de Produção Florestal no Vale do Jiquiriçá, realizado em 12/9, na Câmara de Vereadores de Maracás (BA). O evento reuniu produtores, representantes de instituições e agentes de fomento, prefeitos e demais autoridades da região.
Promovido pela Prefeitura de Maracás (e Secretaria de Agricultura), Sindicato Rural de Maracás, Câmara de Vereadores de Maracás, Consórcio de Desenvolvimento Sustentável do Vale do Jiquiriçá (Convale) e Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (ABAF), o seminário teve o intuito de apresentar as iniciativas e práticas adotadas pelo setor florestal para melhor aproveitar as potencialidades da região do semiárido baiano.
O evento teve início com as boas-vindas pelo vice-prefeito de Maracás, Jilmar da Jequié Som; pela vice-presidente da Câmara, Hellyan Gonçalves; pelo Secretário de Agricultura, Dico de Edmundo; pelo presidente do Sindicato Rural de Maracás, Daniel Borges; pela secretária executiva do Convale, Taís Anjos; e pelo diretor executivo da ABAF, Wilson Andrade que apresentou as vantagens econômicas, sociais e ambientais do setor florestal.
Para o secretário municipal de Agricultura de Maracás, Edmundo Novaes, sediar o seminário no município representa um momento importante para o fortalecimento da produção rural. “Esse evento marca uma nova fase para a nossa agricultura. Trazer um seminário com esse nível de conteúdo e apoio técnico é uma grande oportunidade para os produtores da nossa região. Maracás se orgulha em sediar esse encontro e reafirma o compromisso com o desenvolvimento sustentável e o apoio aos pequenos e médios produtores”, destacou.
“Nosso sindicato está à disposição para trazer cursos de formação profissional rural e assistência técnica gerencial para fortalecer o crescimento dessa proposta. Com todas essas ações, esperamos contribuir para o desenvolvimento e aumento da produtividade dos produtores rurais da região”, completou o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Maracás , Daniel Borges.
“O cultivo de florestas integrado com agrícola e/ou pecuária se torna uma das melhores alternativas como complemento de renda, principalmente pela elasticidade de adaptação em muitas regiões do país. Além disso, o setor florestal pode ser mais abrangente e inclusivo, pois tem uma grande diversidade de uso. A ideia é produzir na Bahia toda a madeira que o estado precisa, gerando ainda mais emprego e renda, com novas contribuições ambientais”, informa Wilson Andrade, diretor executivo da ABAF.
Palestras – A programação contou com as palestras: “Como produzir madeira na região de Maracás para produção de carvão vegetal” (Luiz Marcos Silva Matos, Ferbasa); “Potencialidades e uso de algumas espécies florestais na caatinga” (Marcos Drumond, Embrapa Semiárido); “Custos para formação florestal” (Moisés Pedreira de Souza, CREA-BA); “Crédito de investimento para sistemas agroflorestais” (Davi Ney Santos, Jofredo Magalhães e Sarah dos Santos, Banco do Nordeste); “Características e demandas da região” (Zenóbia Morbeck, engenheira agrônoma); “O poder da gestão nas propriedades” (Leonardo Paulino, Senar); “Utilização de resíduos, biomassa de madeira e carvão vegetal” (Prof. Dalton Longue Júnior, UESB); “Programa ABC” (Paulo Sérgio Ramos, Seagri); “Diversificação das atividades rurais” (Paulo Andrade, PAFS); “Consórcio com outras culturas: exemplo umbu gigante” (Prof. Orlando Caires, UFBA – Vitória da Conquista); “O papel da ADAB na integração agropecuária e florestal” (Paulo Sérgio Luz, ADAB); “Licenciamento e fiscalização ambiental” (Clarice Silva e Fernando Spínola, Programa de Gestão Ambiental Compartilhada – CONVALE, SEMA e Inema); e “Manejo integrado do fogo: planejamento para uma queimada segura” (Cap.Serrão, Corpo de Bombeiros).
Durante a apresentação, o agrônomo da Seagri, Paulo Ramos, destacou os principais pontos do Plano ABC+ Bahia e a aplicação em algumas cidades do estado, a exemplo da Unidade de Referência Tecnológica implantada em Teodoro Sampaio. “A Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF) tem beneficiado os pequenos e médios produtores, pois combina atividades agrícola, pecuária e florestal na mesma área, com aumento da eficiência e resiliência dos sistemas produtivos a partir dessa gestão integrada. O Governo do Estado está empenhado na aplicação do Plano e à disposição dos produtores para ajudá-los a utilizar as tecnologias disponíveis para beneficiar a própria produção, mitigar as mudanças climáticas e preservar o meio ambiente”, afirmou Ramos.
Na programação foram destacados conceitos e práticas já em andamento, onde a produção florestal integrada à agricultura e pecuária auxiliam na captação de gás carbônico da atmosfera e na criação de um microclima, com redução da temperatura do local e criando mais umidade relativa do ar.
“Isso impacta positivamente na criação de animais, por exemplo, com o aumento da produção da vaca leiteira e o aumento da imunidade do rebanho, devido ao ambiente sombreado. Além, claro, do aumento da renda do produtor, pois a própria madeira produzida, quando retirada, é vendida e o mercado remunera bem o produto”, pontuou o diretor-geral da Adab, Paulo Sérgio Luz.
O produtor rural Bruno Andrade, da Fazenda Vale Verde, em Maracás, afirmou que as orientações apresentadas no evento serviram como um norte para os pequenos produtores sobre o tema. “Tenho uma pequena propriedade onde a gente produz leite e derivados e, recentemente, iniciamos a produção de dois tipos de queijo. Então, a gente sente a necessidade de diversificar um pouco mais a cultura e acho que esse caminho, da integração, é o que a gente tem que seguir futuramente, aplicando práticas de melhor conservação do solo e enriquecimento ambiental e dos animais”, avaliou.
A engenheira agrônoma, produtora rural de Maracás e uma das organizadoras do evento, Zenóbia Morbeck, acredita que a produção florestal associada com a lavoura e a pecuária é uma grande oportunidade para toda a região do Vale do Jiquiriçá, principalmente para o pequeno e médio produtor – de acordo com o último censo a cidade possui 75% de agricultura familiar. “É um incremento de renda com várias possibilidades agronômicas, desde o plantio de florestas, de fruticultura, até a restauração do solo e a ocupação através do reflorestamento. Temos parceiros como o Banco do Brasil e o Banco do Nordeste, que trazem financiamento para a produção florestal. Então, que os produtores se animem e possam complementar a renda, e também trabalhar a realidade climática, a sustentabilidade e o bom gerenciamento do nosso município”, considerou.