Por Wilson Andrade – Economista e diretor executivo da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (Abaf)
“Antes de imprimir, pense no seu compromisso com o meio ambiente”. Se o cidadão comum pudesse percorrer o caminho de uma folha de papel certificado, sua noção de “compromisso com o meio ambiente” ganharia novos contornos. As indústrias de papel e celulose fazem parte de um nicho maior, que abarca todas as empresas de base florestal. Nele, estão ainda indústrias geradoras de energia, químicas, farmacêuticas, de produção de alimentos e de diversos produtos que derivam da floresta, mas não são necessariamente madeireiros. Essas indústrias, além de sujeitas à legislação ambiental brasileira, uma das mais avançadas e rigorosas do mundo, são altamente tecnificadas, geradoras de empregos e divisas, e comprometidas com o meio ambiente.
A Bahia possui 617 mil hectares de florestas plantadas, cerca de 10% do total brasileiro e de 1% do território baiano. Agregada a cada plantio florestal está a manutenção ou recuperação de 430 mil hectares de florestas nativas preservadas. Para cada hectare plantado, o setor preserva 0,7 hectare de mata, muito além do que manda a legislação ambiental. Em 2012, este setor cresceu 2,6% na Bahia e participou com, aproximadamente, 16% do total de US$ 11,5 bilhões das exportações estaduais, ocupando o segundo lugar em importância na pauta de exportações e contribuindo com 49% (US$1,7 bi) para a formação do saldo da balança comercial do Estado.
O setor é responsável, ainda, por uma forte apuração de tributos federais, estaduais e municipais, da ordem de R$1,1 bilhão, e gera, aproximadamente, 320 mil empregos, entre diretos e indiretos e de efeito-renda, sobretudo fora dos centros urbanos.
A tecnologia desenvolvida há décadas pela iniciativa privada e também pela Embrapa, dentre outras instituições, tem permitido o cultivo e a exploração das florestas plantadas da maneira mais eficiente e menos ambientalmente impactante possível. E, mais que isso, tem possibilitado requalificar áreas que foram prejudicadas por anos de práticas agrícolas e pecuárias inapropriadas, contribuindo também para a restauração de APPs e Reservas Legais. Tudo isso vai além do conceito de ambientalmente correto, sendo, antes de tudo, uma necessidade imperativa para o cumprimento da demanda de consumo e a consequente sobrevivência da nossa espécie e do planeta.
Direta ou indiretamente, um cidadão usa meio metro cúbico de madeira por ano. Se para cada metro cúbico são necessários cerca de 25 metros quadrados de floresta de eucalipto, aos 80 anos essa pessoa terá consumido mil metros quadrados de floresta plantada. Imagine em que ordem cresce essa demanda em um contexto de aumento acelerado de população e da longevidade, ambos decorrentes diretos dos avanços tecnológicos e científicos.
O Brasil pode triplicar a produção de alimentos, fibras, madeira e energia renovável, e ainda aumentar a produção de carne e leite, sem precisar derrubar uma árvore sequer. E as florestas plantadas são protagonistas neste cenário, que faz parte da chamada Agricultura de Baixo Carbono (ABC), hoje fomentada inclusive pelas instituições de crédito, como o Banco do Brasil. Assim, cada vez que você for imprimir qualquer coisa – sem desperdício – fique tranquilo.
Naquele papel da impressora há um grande compromisso com o meio ambiente.
Matéria publicada na versão impressa da revista Sacada