Feira de oportunidades: a princesa do sertão é uma das cidades que mais recebe investimentos no país

Feira de Santana tem se destacado, nacionalmente, pela atratividade e crescente concentração de empresas de serviços e comércio e também de indústrias.

Foto: Juan Andrade

por Julia da Monte

Uma fazenda foi o marco inicial da vila que logo se tornou parada obrigatória de viajantes e tropeiros. O comércio de gado e a feira-livre marcaram o começo da trajetória econômica do município, que logo se transformaria no segundo maior do estado.

Hoje, Feira de Santana tem se destacado, nacionalmente, pela atratividade e crescente concentração de empresas de serviços e comércio e também de indústrias. “Somos uma cidade essencialmente comercial e estamos nos tornando também industrial. Enxergo como positivos esses investimentos na indústria da cidade”, declarou Marcelo Alexandrino, empresário e presidente da Associação Comercial e Empresarial de Feira de Santana (ACEFS).

Já o coordenador do Centro de Pesquisas Estatísticas da Câmara de Dirigentes Lojistas de Feira de Santana (CDL), Roberto Lima, ressalta que é grande o montante de capital que gira na cidade e que a economia local possui uma dinâmica própria. De acordo com dados do Governo do Estado, nos últimos sete anos foi investido cerca de R$ 1,2 bilhão apenas no setor industrial feirense, o que proporcionou a geração de 10,6 mil empregos diretos. O Produto Interno Bruto (PIB), um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia, igualmente aponta a ascensão econômica do município: entre 2007 e 2011 – último ano calculado pelo IBGE – a soma das riquezas produzidas em Feira passou de R$ 4,7 bilhões para R$ 8,2 bilhões, um acréscimo de 75%, desprezando a inflação.

Com 606 mil habitantes, a Princesa do Sertão possui o maior entroncamento do Norte-Nordeste, sendo cortada pelas rodovias federais 101, 116, 242 e 324, e pelas estaduais 052, 502, 503 e 504. Certamente, esse foi um dos principais atrativos para as grandes empresas que se instalaram, nos últimos anos, em Feira e região, como a Nestlé, Pepsico, Borrachas Vipal, Placo, Tama e O Boticário. Outros empreendimentos se destacaram pelas ampliações físicas e aumento da produção, a exemplo da Brasfrut, Pirelli, Bahia Embalagens, Belgo Bekaert e Gujão Alimentos.

O que também pode ser indicado como um retrato da economia pujante do município é o Centro Industrial do Subaé (CIS), um dos maiores da Bahia, atrás apenas do Polo de Camaçari e do Centro Industrial de Aratu. Reunindo mais de 250 grandes e médias indústrias, o CIS – que tem recebido melhorias na infraestrutura – abrange uma área que vai desde o sul de Feira de Santana até o norte de São Gonçalo dos Campos. “Feira sempre teve uma vocação natural de atração de investimento em todos os segmentos, até pela sua característica, por ser um ponto importante no Nordeste com fluência de quatro BR’s, além de ter uma infraestrutura no interior que poucos municípios têm. A cidade, do ponto de vista logístico, reúne todas as condições para que as indústrias se instalem aqui”, garantiu Jayro Miranda, diretor geral do CIS.

Hoje, incluindo as que funcionam fora do CIS, cerca de 1.500 indústrias estão em plena atividade na microrregião de Feira de Santana; outras 19 estão em processo de implantação ou ampliação. Essas últimas, de acordo com o Governo do Estado, gerando investimentos da ordem de R$ 650 milhões.

Para o presidente do Centro das Indústrias de Feira de Santana (CIFS), André Régis, a cidade está em um ponto estratégico entre o sul e o sudeste, e o norte e o nordeste. Ele ainda destaca, como diferencial em relação a outros municípios, o fato de Feira ter se tornado um polo universitário, o que proporciona aos investidores a segurança de contratar mão-de-obra qualificada em diversas áreas profissionais.

Durante os últimos anos, Feira de Santana também registrou avanços no que diz respeito ao cenário urbano. Recentemente, uma pesquisa realizada pela consultoria paulista Urban Systems, para a revista Exame, apontou o município como a décima melhor cidade brasileira em termos de desenvolvimento urbano, dentre aquelas com mais de 100 mil habitantes.

O prefeito José Ronaldo de Carvalho disse que diversos fatores desencadearam um avanço na economia de Feira de Santana. “O comércio recebeu grandes empresas, com redes nacionais e internacionais se estabelecendo por aqui; a indústria, em que pese um cenário nacional não muito animador, continua com investimentos importantes no nosso município”, observou.

José Ronaldo enfatizou ainda que a Administração Municipal está desenvolvendo novas ações, com o objetivo de buscar avanços ainda mais significativos para a cidade. “O Governo vem fazendo gestões, nas mais variadas frentes, para que não apenas o crescimento econômico desponte, mas também o crescimento social. Nosso intuito é acelerar e qualificar ainda mais o nosso município nos próximos anos. Uma das ações mais interessantes é o contato com organismos internacionais. Temos feito incursões em países como a Espanha, Holanda e Itália, visitando empresas, trocando informações e propondo parcerias público-privadas. Estamos no caminho de algo revolucionário na área de tratamento de resíduos domiciliares. E temos um projeto encaminhado para a construção de um grande shopping popular, que irá acomodar os ambulantes que hoje se encontram na informalidade, prejudicando a organização do centro comercial”, destacou.

Para o secretário municipal de Trabalho, Turismo e Desenvolvimento Econômico, Antônio Carlos Borges Júnior, o Poder Público tem um papel fundamental no processo de urbanização da cidade, atuando como principal fomentador do crescimento econômico. “O poder público está executando obras e promovendo ações que atraem cada vez mais empresas. Feira de Santana é hoje o município que mais tem possibilidades de viabilizar novos investimentos em qualquer área e, por isso, está se projetando pra se tornar a maior cidade do interior do Norte e Nordeste”, afirmou.

Esse cenário promissor indica que, nos próximos anos, Feira de Santana ainda continuará se destacando economicamente. Para o início de 2016 está prevista a inauguração do novo shopping center, que será construído na avenida Noide Cerqueira e reunirá, inicialmente, 120 lojas, resultando na geração de 2.500 empregos. Destaque também para a chegada da companhia de call center Atento e para o investimento de R$ 60 milhões na construção do América Outlet Feira de Santana, que terá 100 lojas e ficará pronto em junho de 2015.

DEPOIMENTOS

Marcelo Alexandrino
Empresário e presidente da ACEFS

Não existe comércio sem indústria, que são os fornecedores, e não existe a indústria sem o comércio varejista, que são os seus principais distribuidores. Você gera emprego, consumo, estimula o comércio e fica uma questão cíclica, onde a indústria cresce e o comércio acompanha esse crescimento. A expectativa é que Feira, que já registra um crescimento superior ao do próprio estado da Bahia, continue mantendo esses índices.

José Ronaldo De Carvalho
Prefeito

Dois segmentos foram fundamentais para o desenvolvimento da cidade: o habitacional, com os condomínios de prédios e residenciais, e o educacional de nível superior, através das faculdades privadas que se instalaram aqui. Acredito que esse cenário, que se desenha desde 2001, é favorecido pelo nível de confiança administrativa que o município atingiu.

André Régis
Presidente do CIFS

O setor industrial tem uma importância muito grande para a economia de Feira, porque emprega mais de 30 mil pessoas diretamente e tem um faturamento alto, o que gera muita renda e muitos impostos. O segmento também investe muito em treinamento e tudo isso vai sendo incorporado pelos trabalhadores e traz uma nova cultura de profissionalismo. A cidade deixa de ter uma mentalidade provinciana e passa a pensar como metrópole.

Roberto Lima
Coordenador do Centro de Pesquisas Estatísticas da CDL

O comércio é a locomotiva do desenvolvimento econômico, porque é quem gera mais emprego, é quem gera mais arrecadação de impostos. O desenvolvimento da economia de Feira de Santana ocorreu pela própria dinâmica que ela tem e é histórica. Foi algo independente do planejamento do poder municipal, estadual ou federal.

Jayro Miranda
Diretor geral do CIS

Feira de Santana sempre teve uma vocação natural para a atração de investimento em todos os segmentos. Eu costumo dizer que aqui é o eldorado do consumo. Você tem uma cidade perto da capital, onde você também se beneficia da estrutura, como é o caso do aeroporto. Daqui a dez anos eu vislumbro Feira de Santana como uma cidade que vai ter grande importância.

Antônio Carlos Borges Júnior
Secretário municipal de Trabalho, Turismo e Desenvolvimento Econômico

Cada dia que passa, mais empresas se interessam em se instalar em Feira de Santana. Como Região Metropolitana, ela capitaliza todo o setor econômico e o nosso papel é planejar esse crescimento de forma ordenada e sustentável, com visão de futuro e de geração de emprego e renda.

Matéria publicada na versão impressa da revista Sacada.

Foto: Divulgação

Jayro Miranda / Foto: Divulgação

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