Matéria publicada na versão impressa da revista Sacada
O setor imobiliário está em amplo desenvolvimento. A prova disso é que, volta e meia, são lançados condomínios pelos bairros e localidades do município de Feira de Santana. Com a construção de condomínios, residências, casas comerciais, os terrenos vazios vão dando espaço às muralhas na cidade. Diante deste cenário, perguntamos aos profissionais do ramo o que tem sido pensado e/ou feito para evitar o mar de muralhas resultantes dos condomínios que são vizinhos a outros condomínios. “Trabalhamos com a edificação no contexto da cidade e esta é uma discussão que todo profissional de arquitetura, que é também urbanista, tem que levantar. O plano diretor da cidade deveria estabelecer normas, porque daqui a alguns dias você não vai ter nenhuma faixada de rua”, alerta a arquiteta Márcia Villar.
Milla de Oliveira, presidente da Associação Profissional de Arquitetos de Feira de Santana (APAFS), também acredita que essa preocupação do diálogo dos condomínios com o seu entorno deve ser estabelecida por lei. “Acho que a prefeitura deveria impor de alguma forma. Como associação, a gente já se ofereceu para contribuir mudando um pouco a lei, com sugestões como, por exemplo, que na frente de um condomínio fosse feita uma praça”, diz. Márcia Villar informa que “já tem lugares onde existe legislação que impede a construção de condomínios com a testada [parte da via pública que fica à frente de uma edificação] maior que tantos metros. Após essa metragem, você tem que vazar ou colocar grades para interagir com a cidade”, afirma.
A necessidade de formulação de normas para que as construções sejam aliadas da cidade é urgente, já que o crescimento da construção civil é robusto e a população deve ser beneficiada no mais amplo sentido. “Já é pungente a busca do consumidor e da sociedade em geral pela melhoria da qualidade de vida, pela sustentabilidade, bem como pela integração dos empreendimentos ao meio social, de modo que os mesmos se insiram de forma harmoniosa no contexto do seu entorno”, ressalta Vivian Araújo, diretora da Central Imobiliária. Para Gil Fernandes, consultor imobiliário e especialista em condomínio, a união entre os condomínios só aumenta o poder de persuasão para cobrar providências do poder público. “Os condomínios antes de tudo representam uma coletividade, e, assim sendo, tanto as negociações junto à iniciativa privada para melhoria dos serviços de segurança como a provocação ao poder público em busca de uma melhor assistência se tornam mais fáceis, o importante nesses casos são os condôminos estarem além de preocupados com a melhoria dos serviços, estarem ainda abertos a se organizar com seus pares”.
Os condomínios, sem dúvida, trouxeram segurança para seus moradores. Além disso, as opções de lazer e entretenimento dentro de áreas condominiais só aumentam o desejo de quem quer morar com tranquilidade, no entanto, é valioso o alerta da arquiteta Márcia Villar: “É preciso se pensar no externo, na beleza da cidade, não somente no interno dos condomínios”.