
Foi durante um passeio despretensioso que o arquiteto Rodolfo Fontana descobriu o lugar onde hoje vive. Ao passar em frente ao edifício Ária Cabral, se encantou de imediato com a arquitetura imponente, marcada por pé-direito duplo e sacadas totalmente envidraçadas. A construção ainda não estava à venda oficialmente, mas isso não o impediu de bater na porta do responsável pelo projeto e pedir para comprar uma unidade. A conexão foi instantânea — e dali nasceu a ideia de transformar o imóvel em algo muito além de um simples apartamento: seria um espaço que traduzisse sua maneira de viver e projetar.
Comprado ainda na planta, o apartamento original contava com quatro suítes, mas Rodolfo optou por reconfigurar o layout para atender às suas necessidades e estilo de vida. “Era um apartamento com opção de quatro suítes e eu deixei com apenas uma. Essa é uma alteração significativa, mas ela não descaracteriza e altera o imóvel”, explica. Ele uniu duas suítes para criar um quarto principal com dois banheiros, um para ele e outro para o namorado. As outras suítes deram lugar à sala de estar e ao escritório, ambientes conectados de forma fluida e inteligente.
O projeto traz uma estética maximalista, mas com uma ordem e equilíbrio discretos. “Se eu for falar sobre o eixo projetual, as cadeiras da mesa de jantar estão alinhadas com o lustre no eixo central acima delas”, conta Rodolfo, destacando a precisão do desenho. Um dos destaques do apartamento é o tapete criado por ele mesmo, que faz a conexão visual entre o living e a sala de estar. “A arquitetura não é só ‘cheio’, é vazio também. E, às vezes, ele vai dizer muito mais que o cheio”, comenta, refletindo sobre o uso dos espaços vazios como elementos de design.

Os materiais usados no apartamento reforçam essa ideia de conexão entre os ambientes. Mármore nas paredes cria continuidade entre a entrada, o lavabo e o living, enquanto o banheiro foi “escondido” entre o escritório e a sala de estar dentro de um cubo revestido com o mesmo acabamento da mesa de jantar, fazendo com que quase desapareça no ambiente. O apartamento tem 240m² e foi pensado para surpreender e se diferenciar, fugindo do padrão das residências comuns da cidade.Para Rodolfo, esse projeto é mais do que um lar: é um momento de afirmação e ousadia. “Eu fiz 30 anos e agora é a hora de ser ousado. Meu apartamento é muito diferente de todos os outros da cidade, eu coloquei minha alma nele, no sentido de explorar e ser ousado.” O resultado é um espaço que reflete a personalidade do arquiteto, onde cada detalhe dialoga entre funcionalidade, estética e emoção.