Da escolha da argila às técnicas de modelagem, o processo encanta pela estética e pela personalização

Cada vez mais pessoas estão descobrindo a cerâmica artesanal como atividade criativa e forma de expressão. O que antes era restrito a ateliês especializados, hoje atrai iniciantes em busca de técnica, estética e peças únicas para o dia a dia, das canecas que viram objeto de design aos vasos e esculturas que transformam ambientes.
O primeiro passo é a escolha da argila, que influencia cor, resistência e acabamento da peça. A faiança, por exemplo, é mais porosa e queimada em temperaturas mais baixas, exigindo esmaltação para garantir durabilidade e possibilitando cores vibrantes e acabamentos brilhantes. Já o grés, produzido com argila de grãos finos, é resistente a altas temperaturas e ao frio, comum em louças e revestimentos externos.
A porcelana, de argila branca e pura, é queimada em temperaturas elevadas, resultando em peças impermeáveis e de coloração clara, muito usadas em jogos de pratos e xícaras. “Na modelagem, técnicas como o beliscado (pinching), o rolinho (coiling), as placas e o torno oferecem diferentes possibilidades de criação”, explica a ceramista Maria Angélica Telles.

Depois, as peças passam pelos estágios de couro – quando ainda são maleáveis e de osso – já secas e frágeis, até chegarem à primeira queima, conhecida como biscoito. É nesse momento que entram os engobes, os vidrados e a queima final, responsáveis por definir cor, textura e identidade.
Além da técnica, cresce o interesse estético. Canecas, travessas e esculturas em cerâmica aparecem em projetos de decoração como peças versáteis: podem ser usadas na mesa, como vasos, porta-lápis ou objetos de destaque em ambientes.
Para quem está começando, a proprietária do Ateliê Almamia, em Curitiba, dá dicas práticas: “Argilas de baixa temperatura, como a terracota, são mais fáceis de modelar. Tintas acrílicas podem ser aplicadas em peças frias, mas só a queima garante durabilidade. E a secagem é fundamental para evitar rachaduras no forno.”
No ateliê, a prática reúne perfis variados, crianças moldando pequenos animais, mulheres criando utilitários e até senhoras experimentando esculturas abstratas. Mais do que uma tendência passageira, a cerâmica artesanal se consolida como uma comunidade.