Contra a selva de concreto: prédio em SC rompe padrão e propõe arquitetura que cuida das pessoas

Com sensores de CO₂, reúso de água pluvial, fachada biofílica e brises como galhos, o edifício Auris Residenze, projeto do escritório italiano famoso por suas obras emblemáticas como a Vinícola Antinori, na Toscana, combina design italiano com soluções de bem-estar, eficiência energética e sustentabilidade. O projeto rompe com o padrão urbano tradicional e resgata o legado visionário da família Fischer em Balneário Camboriú, cidade catarinense que tem os maiores arranha-céus do país e melhor valorização imobiliária.

Foto: Divulgação/ Fischer Group

No país onde a altura dos edifícios virou símbolo de status imobiliário, o projeto do Auris Residenze, em Balneário Camboriú (SC), tem ganhado fama com uma proposta distinta: não é o mais alto, mas pretende ser o mais vivo. O empreendimento viralizou como o “primeiro edifício-árvore do Brasil” por romper com o padrão verticalizado e repetitivo da cidade ao incorporar vegetação suspensa, fachada biofílica e recursos arquitetônicos que simulam um organismo em constante interação com o meio.

O projeto é assinado pelo estúdio italiano Archea Associati, responsável por obras como o Estádio Nacional da Albânia e a vinícola Antinori, na Toscana. A referência botânica não é gratuita: jardineiras orgânicas criam camadas verdes na fachada; os brises horizontais se distribuem como ramos e protegem os ambientes da radiação solar. A torre em concreto pigmentado, em tom terracota, possui uma rotação que simula o movimento de um girassol voltado ao mar, garantindo vista plena do oceano às unidades mais altas.

Foto: Divulgação/ Fischer Group

“O edifício se comporta como um ser vivo, um filtro verde diante da densidade urbana”, resume Marco Casamonti, arquiteto e sócio-fundador da Archea. O projeto abandona a tradicional estrutura “embasamento + torre” e faz a torre tocar o solo em uma de suas arestas — solução estrutural ousada que reforça a ideia de conexão direta com a natureza.

O Auris vai além da forma. Embutido em sua concepção está o conceito de arquitetura viva, que pressupõe desempenho ambiental avançado e atenção ao bem-estar dos moradores. Toda a água pluvial será captada e reutilizada para irrigação e limpeza das áreas comuns, o que vai reduzir em 40% o consumo hídrico do edifício. Sensores de dióxido de carbono (CO₂) nos ambientes internos vão monitorar a qualidade do ar e acionar automaticamente a ventilação cruzada quando necessário. A torre também contará com sistema de filtragem de água potável em todas as torneiras e chuveiros — diferencial incomum mesmo entre empreendimentos de luxo.

Foto: Divulgação/ Fischer Group

O edifício já tem pré-certificação WELL (focada na saúde dos usuários), selo internacional raro no mercado residencial brasileiro, e também terá a LEED (voltada à sustentabilidade da construção). E o projeto vai mais longe: desde o mobiliário das áreas comuns, assinado por designers nacionais e europeus, até a horta coletiva e o espaço para pets, tudo foi pensado para reforçar a proposta de uma moradia contemporânea, saudável e conectada com o entorno.

Com apenas 26 apartamentos, um por andar, e área de lazer distribuída em três pavimentos, o Auris será um edifício para poucos. Os futuros moradores terão ainda a possibilidade de personalizar suas unidades com consultoria direta do arquiteto italiano Casamonti. As plantas são livres, com pé-direito de 3,10 metros, sacadas abertas com ventilação natural, churrasqueira a carvão integrada à varanda e vista para o mar.

Para Claudio Fischer, fundador do Fischer Group, o projeto representa mais do que inovação arquitetônica, é a continuação de um legado. “Minha família ajudou a transformar Balneário Camboriú em um destino de referência quando criou o Hotel Fischer, que recebia desde turistas comuns até presidentes da República. Hoje, nossa missão é mostrar que luxo não está mais na ostentação, mas na experiência. E isso passa por saúde, sustentabilidade, silêncio e ar puro”, afirma.

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