Morada Eco recebe instalação “Aranha” da artista multimídia Andressa Cantergiani

Foto: Rodrigo Erib

Assustadoramente, é gerado no Brasil cerca de 80 a 90 milhões de toneladas de resíduos sólidos todos os anos. Se formos pensar na média de um quilo de lixo por pessoa a cada dia, são 380 Kg anuais por habitante. Os dados são da Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) e da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (ABREMA)

Foto: Rodrigo Erib

Em pleno século XXI e uma crise climática que exige novas práticas ambientais, a destinação ainda é um problema e desafio para a população. Grande parte do lixo ainda acaba em lixões a céu aberto,  contaminando o solo e a água, além de liberar gás metano. 

Neste sentido, o tema da instalação “Aranha” se alinha ao compromisso da Morada Eco, um hub de soluções arquitetônicas e da construção civil, a partir da indicação de materiais de baixo impacto ambiental. Regeneração é a palavra que potencializa a capacidade do ser humano de transformar a realidade tanto na prática como nas simples escolhas do dia a dia. 

“A artista assume o papel de uma aranha das cidades, dos grandes centros urbanos que acumulam descartes e são transformados em novas paisagens. É um alerta, sobretudo, a forma como estamos lidando com a nossa própria vida e dos seres viventes do Planeta e a capacidade que temos em mãos de regenerar esse pensamento e prática”, comenta Tatiana Fingerhut, sócia da Morada Eco e vice- diretora do NCD Floripa. 

A abertura da instalação “Aranha” será no dia 14 de outubro, às 17h45, na loja que fica no Square SC, em Florianópolis. A visitação é gratuita e fica em cartaz até o dia 18 de outubro (sábado). A curadoria do projeto ArqArt Design, já na sua segunda edição, é assinada pela Galeria Mamute, que tem à frente Niura Borges. A programação é gratuita.

A aranha dos centros urbanos

Neste trabalho a artista assume o papel de uma aranha que transforma detritos da cidade em estruturas vitais para a sua sobrevivência, e alerta para a acumulação descontrolada dos resíduos industriais como uma ameaça iminente para a existência no Planeta. É também uma maneira de chamar a atenção para a capacidade da vida selvagem de se adaptar aos desafios ambientais contemporâneos, ao mesmo tempo que, ressalta os impactos nefastos da atividade humana ao meio ambiente.

“Hoje eu trabalho com multilinguagens, sou uma artista multimídia, trabalho com vídeo, instalação, com objetos, com performance. Trabalho também com arte participativa, e agora me dedico ao material têxtil, os resíduos sempre foram ponto de interesse, de lidar com o que é descartável no mundo, já que a gente produz tanto resíduo”, conta a artista Andressa Cantergiani. 

“No trabalho, o corpo assume sua força motriz. A minha ideia é usar o corpo nessa visão performativa de trabalhar com o têxtil. Então, ele parte do corpo, eu uso tricô de braço, técnica que utilizo como tricot corporal e algumas técnicas de instalação site specific. Vou tecendo os resíduos como se fosse uma aranha que produz seus próprios fios. Utilizo muito material descartável, a lã, os fios pretos de novelos feitos de guarda-chuva retirados de aterro sanitários e recuperados. São materiais feitos do lixo, que são restaurados e transformados em novelos”, complementa Cantergiani. 

Os materiais usados na instalação Aranha, como os novelos de guarda-chuva, são feitos por artesãs do projeto Trama Afetiva, e as lãs do projeto Lanafil. 

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