Parque da Água Branca inspira profissionais da CASACOR São Paulo 2025

O Parque da Água Branca é o palco da CASACOR São Paulo 2025. Inaugurado em 1929 e protegido como patrimônio histórico, esse refúgio verde no coração da cidade oferece uma combinação única de natureza e história, celebrada pelos profissionais da 38ª edição, que transformaram cada canto em referência e reverência ao local.

Quando a arquitetura abraça o parque

Entre-Copas – João Armentano (crédito: Juliano Colodeti MCA)

No ambiente Entre-CopasJoão Armentano para a Deca fez do Parque da Água Branca mais que cenário: ele se tornou parte da experiência arquitetônica. Instalado em um dos casarões históricos, o projeto valoriza a integração com a paisagem através dos janelões originais, que emolduram as copas das árvores e trazem o verde para dentro do espaço. A luz natural atravessa o pé-direito duplo, criando uma atmosfera fluida e sensorial.

Casa Toushi Duratex – Bruno Carvalho (crédito: Denilson Machado MCA)

Casa Toushi Duratex, assinada por Bruno Carvalho, presta homenagem sutil à natureza que envolve a mostra. As plantas escolhidas evocam a delicadeza das cerejeiras, enquanto a madeira dos painéis assume papel simbólico de permanência, dialogando com a atmosfera acolhedora do parque. A luz natural das grandes janelas intensifica a sensação de refúgio e conexão com o essencial.

Ninho CASACOR – Marko Brajovic (crédito: Roberta Gewehr)

O ambiente Ninho, do Atelier Marko Brajovic com apoio cultural do Lar Center, dialoga diretamente com a proposta de oferecer refúgios de bem-estar no meio urbano. Como o parque, o Ninho convida os visitantes a desacelerarem e se reconectarem.

Arte que conversa com a natureza

Casa das Águas – Tetriz Arquitetura (crédito: Camila Santos)

Tetriz Arquitetura escolheu as obras de Liara Marchello para compor a Casa das Águas por sua conexão com a natureza. Criadas em papéis artesanais de fibras naturais e bordadas à mão, as peças trazem elementos que remetem aos fluxos da água e às formas orgânicas da vegetação do parque.

Loft Alvorá – Paula Neder (crédito: Denilson Machado MCA)

A carioca Paula Neder apresenta o Loft Alvorá, com cinco janelas que se abrem para o parque. Nelas, o verde é filtrado como quadros vivos que refletem a luz do dia. O ambiente é baseado em sustentabilidade e permeado de texturas naturais, com paisagismo de Bia Abreu pontuando o espaço com espécies frondosas em vasos rústicos. Na curadoria de arte, as telas de Kika Levy imprimem plantas tropicais em camadas de tecidos fluidos. O painel “Feminino”, da mineira Ana Vaz, é uma tapeçaria artesanal que funciona como divisória orgânica. O “Voo das andorinhas imaginárias”, obra de Virgílio Bahde e Projeto Opõe, reinterpreta o movimento dos pássaros do parque como um móbile suspenso.

Escalada Brasileira: um manifesto em cores

OHMA: Nicholas Oher e Paloma Bresolin (crédito: Camila Santos)

O projeto da OHMA, de Nicholas Oher e Paloma Bresolin transforma a escadaria em manifesto. A conexão com o parque está na escolha dos materiais e nas paletas que remetem à terra, ao barro, ao verde das copas e ao céu paulistano. Cada bloco cromático é um capítulo da travessia, da raiz à contemplação. A casa tombada foi respeitada em sua essência, com suas marcas realçadas com cuidado. As cores e artes foram pensadas como pontes entre o passado e o presente, entre o Brasil que herdamos e o que desejamos cultivar.

Cores que nascem da terra

Casa Coral – Cores no Parque – Maurício Arruda (crédito Denilson Machado MCA Estúdio)

Maurício Arruda, diretor criativo da TODOS Arquitetura, inspirou-se nas plantas tintoriais do Parque da Água Branca para criar a paleta de cores da Casa Coral. A partir do trabalho da designer Maibe Maroccolo e seu livro “A Natureza das Cores Brasileiras”, foram identificadas 20 espécies no parque, gerando uma paleta de 60 cores, das quais 10 foram escolhidas para os 180 m² distribuídos entre hall, sala de jantar, estar, cozinha, quarto e banho. Cada cômodo recebe uma cor predominante, formando uma casa colorida e calorosa, como o arquiteto define a verdadeira casa brasileira.

Gastronomia que conversa com a paisagem

Forneria San Paolo – Modular Studio + Stage.AEC – 3D

Com projeto do Modular Studio e Stage.AEC, a Forneria San Paolo criou um ambiente que dialoga com o parque utilizando materiais naturais como madeira, pedra e latão. O espaço, dividido em Praça, Bar e Forno, incorpora vegetação suspensa e uma horta que resgata a feira orgânica do parque, cujos temperos são usados nos pratos. O projeto integralmente desmontável convida a uma experiência sensorial de permanência.

Memórias afetivas transformadas em projeto

Amado Hotel – Frezza & Figueiredo (crédito: Carolina Mossin)

Amado Hotel tem ligação especial com o Parque da Água Branca por meio da relação pessoal do arquiteto Gabriel Figueiredo, que visitava a feira agropecuária do local na infância. O ambiente aplica referências arquitetônicas dos casarões, tanto nos arcos quanto na cor das paredes, valorizando um acervo de peças antigas em diálogo com o quase centenário parque.

Semeando o Futuro, 2050 – Simone Campos Paisagismo (crédito: Carolina Mossin)

A paisagista Simone Campos traz memórias dos passeios de infância ao parque, que avistava da janela de casa. Seu jardim Semeando o Futuro, 2050 está na entrada, convidando à reflexão sobre como ter uma cidade onde a natureza se integra ao cotidiano, trazendo pontos de pausa e reconexão.

Jardim Espelho dos Sonhos – Paula Varga (crédito: Bia Nauiack)

Jardim Espelho dos Sonhos da arquiteta paisagista Paula Varga partiu da grandiosidade das árvores existentes, sobretudo um lindo pau-brasil que proporciona sombra e proteção. O projeto de 47m² convida o visitante a refletir sobre a beleza do lugar através dos espelhos dos vitrais, que ecoam os vitrais do edifício da mostra.

Detalhes que fazem a diferença

Estúdio Verso – Paola Ribeiro (crédito: Denilson Machado MCA)

No Estúdio VersoPaola Ribeiro forrou todas as paredes com papéis remetem à elegância clássica de um lambri. Grandes janelas se debruçam sobre a vegetação, permitindo que a paisagem natural se incorpore ao interior.

Gilberto Elkis e Caroline Elkis (crédito: Carolina Mossin)

dupla Gilberto Elkis e Caroline Elkis apresenta uma obra de grande impacto: Vaca Nelore, do artista Rapha Preto. A escultura em aço corten dialoga com a memória do parque, que até os anos 1970 abrigava leilões de gado. Mais que escultura, é uma peça cinética que se transforma conforme o observador se move ao seu redor.

Café com Tempo – Daniela Andrade (crédito: Camila Santos)

No Café com TempoDaniela Andrade traz aquarelas de Iury Simões retratando frequentadores reais do parque, criando elo afetivo direto com a vida cotidiana do entorno. O papel de parede artesanal de Juliana Pellegrino apresenta flora pintada à mão inspirada nas espécies do parque. Natalia Uchôa desenvolveu cerâmicas inspiradas na natureza local, enquanto o paisagismo de Ricardo Portilho respeita a vegetação tropical nativa.

Fernanda Zulzke (crédito: Israel Gollino)

Fernanda Zulzke preservou os revestimentos e arquitetura original do prédio em seu banheiro funcional. Grande parte dos azulejos foi substituída e os faltantes, garimpados com esmero. A ideia é mostrar que a história e suas imperfeições trazem beleza, vida e exclusividade ao ambiente.

Leda Simões (crédito: Divulgação)

Leda Simões criou um ambiente onde arquitetura e entorno dialogam. O piso cerâmico remete aos antigos cacos e tons alaranjados da terra batida, criando continuidade entre parque e espaço expositivo. Os tons de verde evocam a vegetação abundante, resultando em um ambiente que convida à permanência.

Jardim das Descobertas – Estúdio MUSGO (crédito: Carolina Mossin)

Estúdio MUSGO, liderado por Denis Bessa, apresenta o Jardim das Descobertas com abordagem sustentável: plantas em vasos, piso montado sem concreto e materiais integralmente reutilizáveis. Com cerca de 900 plantas, 80% delas nativas, o jardim valoriza a biodiversidade local em 148 m² e 14 peças distintas.

Preservação e sustentabilidade

Todas as construções são temporárias e seguem diretrizes de tombamento, com melhorias nos prédios como limpeza interna, higienização das fachadas, instalação de elevadores para acessibilidade e manutenção das coberturas, sob supervisão dos órgãos de patrimônio.

O evento conta com apoio da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) e do Governo do Estado de São Paulo. A 38ª edição tem patrocínio master da Deca; Banco Oficial BRB; Carro Oficial Peugeot; Tinta Oficial Coral; além dos patrocinadores locais Duratex e Brastemp. Conta também com apoio local da Portinari e parceria midiática com a revista Veja.

SERVIÇO – CASACOR São Paulo 2025

Onde: Parque da Água Branca, Rua Dona Ana Pimentel, 37

Quando: de 27 de maio a 03 de agosto de 2025

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