Agosto Lilás: ambiente de trabalho é onde a maioria das vítimas de abuso buscam ajuda, revela pesquisa de Yves Saint Laurent Beauté

Capacitar e treinar os funcionários, junto ao acolhimento dos colaboradores e da gerência, são algumas ações que as empresas podem promover para dar suporte à vítima
Site Abuso Não é Amor

Apesar de comumente percebida como uma ocorrência privada, a violência por parceiro íntimo (VPI) afeta diversos aspectos da vida da vítima, inclusive no âmbito profissional. É o que conclui pesquisa encomendada por Yves Saint Laurent Beauté à ONG parisiense En avant toute(s)*, como parte do programa Abuso Não é Amor, que visa conscientizar e combater a violência praticada pelo parceiro íntimo (VPI).

No Agosto Lilás, mês que visa alertar a população sobre a importância da prevenção e do enfrentamento à violência contra a mulher, a marca quer conscientizar a população sobre os nove sinais de abuso e pensar estratégias sobre como as empresas podem colaborar para combatê-los.

A ONG analisou 1.355 conversas via texto ou mensagens instantâneas* com 975 pessoas, em que 93,3% eram mulheres, e, em seguida, identificou situações em que pessoas enfrentaram algum tipo de violência e abuso fora do trabalho, e o ambiente corporativo foi um refúgio. Em um nível geral, a maioria das pessoas que contataram a ONG estavam preocupadas com a violência, incluindo (em ordem de frequência): abuso verbal, abuso físico, abuso psicológico, abuso sexual, abuso social (por exemplo, humilhação na frente de amigos), violência cibernética e até mesmo violência legal/administrativa (por exemplo, ameaças sobre custódia de crianças ou chantagem).

Questionadas sobre suas reações à VPI (tanto as testemunhas quanto os alvos), a resposta mais comum foi a ansiedade. Além disso, a pesquisa mostra que 10% das testemunhas de VPI eram colegas de trabalho e os outros 54% afirmaram ser amigos da vítima. Muitas vezes, o trabalho é o único espaço onde as vítimas têm liberdade para buscar ajuda, e os colegas de trabalho podem ser seus únicos aliados. Isso porque, em muitos casos, a VPI causa o isolamento social de amigos e familiares, fazendo com que as relações de trabalho, mesmo que menos íntimas, sejam os únicos contatos externos que um alvo de abuso pode ter.

Por isso, a YSL Beauté, por meio do site oficial do programa Abuso Não é Amor, oferece treinamento online e recursos educacionais para sobreviventes de relacionamentos abusivos e para aqueles que procuram se tornar aliados na luta, inclusive para os colaboradores do Grupo L’Oréal. A ferramenta de treinamento ajuda as pessoas a entender a natureza multifacetada dos relacionamentos abusivos, os nove sinais* e orientações sobre como abandonar a situação ou ajudar um(a) amigo(a) a sair da situação de abuso. Mais informações estão disponíveis no site.

Além disso, como parceiro oficial da marca no Brasil, o Instituto AzMina disponibiliza um aplicativo de enfrentamento à violência doméstica, o PenhaS. Como parte da ação de Abuso Não é Amor, o aplicativo está sendo utilizado para compartilhar informações e um mapa com os serviços públicos de atendimento às sobreviventes de violência em todo o Brasil, assim como acolher e orientar, junto à equipe AzMina, mulheres de todo o país dispostas a ajudar mulheres em situação de violência. As usuárias podem escolher até cinco pessoas de sua confiança para serem acionadas em caso de urgência.

*Os nove sinais de um relacionamento abusivo são 1) Ignorar: quando o abusador usa a própria raiva como uma oportunidade para punir seus parceiros, ignorando-os propositalmente; 2) Chantagear: quando o abusador diz que vai abandonar a pessoa ou expor segredos se não fizer algo ou recusar algo; 3) Humilhar: quando o abusador insulta o parceiro, fazendo-o se sentir mal; 4) Manipular: quando o abusador usa os sentimentos do parceiro para que eles ajam de certa maneira; 5) Mostrar ciúmes excessivo: quando o abusador suspeita de tudo que o parceiro diz ou faz, além de querer atenção total; 6) Controlar: quando o parceiro controla tudo do parceiro, o que veste, o que faz, etc; 7) Intrusão: quando o abusador quer se intrometer nas coisas pessoais do parceiro, como mensagens ou redes sociais; 8) Isolar: quando o abusador isola o parceiro da família e amigos; 9) Intimidar: quando o abusador coloca medo em você e o que faz.

DADOS RELEVANTES:

Casos foram agravados na quarentena da Covid-19. “Kelso” entrou em contato com a linha de bate-papo En avant toute(s) sobre uma colega de trabalho que estava em casa com seu ex-marido/agressor que monitorava todas as suas ligações, mensagens de texto e e-mails. Sob a orientação de um assistente social profissional, Kelso e um colega criaram um código para se comunicar com a vítima por meio de e-mails profissionais que não incitaria a ira de seu agressor.

O trabalho (e a liberdade financeira que ele geralmente oferece) costuma ser alvo de abuso. Os abusadores muitas vezes sabem que o trabalho é uma saída para os alvos de seu abuso. “Joey” entrou em contato com En avant toute(s) para descrever uma situação em que uma cliente foi vítima de VPI. A cliente trabalhava para a mesma organização que seu agressor, que quebrou intencionalmente seu computador para impedi-la de se comunicar com sua equipe. Joey se sentiu perdido e preso, sabendo que seu cliente estava sofrendo, mas também se sentindo impotente para pará-lo. A En avant toute(s) aconselhou Joey sobre como simpatizar com o alvo do abuso e não agir de forma a colocá-la em mais perigo. Juntos, eles criaram maneiras de fornecer recursos e apoio emocional que não tornasse a vítima dependente de Joey para salvá-la; em vez disso, poderia capacitá-la a encontrar ajuda sozinha.

Pode ser difícil evitar um agressor que faz parte de sua rede profissional. Em um caso, uma mulher, “Lucie”, entrou em contato com a En avant toute(s) porque estava preocupada com o fato de um homem que abusou de sua colega há alguns anos ainda trabalhar na área. Há uma grande probabilidade de que Lucie e seu colega encontrem o agressor no decorrer de suas atividades profissionais ou mesmo tenham que cooperar em projetos. A colega quer que Lucie fique ao lado dela em solidariedade, mas Lucie sente que seria difícil evitar alguém em sua área sem afetar negativamente sua carreira. Lucie se sente presa e sofre duas vezes: tanto pelo abuso quanto pela ansiedade de saber que ela pode encontrar seu agressor no curso de atividades regulares de trabalho.

O QUE AS ORGANIZAÇÕES PODEM FAZER:

Os casos acima demonstram o quão crítico é para os colegas decidirem o que fazer quando tomam conhecimento de uma VPI. Para cada pessoa que procurou por ajuda na En avant toute(s) é provável que muitas outras não o fizeram. Para resolver essa questão é recomendável as seguintes estratégias e abordagens:

Capacite os funcionários a apoiar uns aos outros — formal e informalmente. Em primeiro lugar, os líderes devem promover comportamentos de cidadania, em que os colegas de trabalho ajudam uns aos outros de maneiras não obrigatórias, como substituir alguém que precisa faltar ao trabalho ou ajudar um colega de trabalho em tarefas difíceis, mesmo que não seja necessário. A pesquisa mostra que isso cria climas de trabalho recíprocos, úteis e solidários.

O treinamento e os recursos prontamente disponíveis podem capacitar os funcionários a tomar as medidas apropriadas se um colega for vítima de VPI. Hoje, a maioria dos treinamentos no local de trabalho sobre VPI destina-se especificamente a proteger as vítimas. No entanto, as empresas também podem integrar o aprendizado sob o viés de intervenção do espectador (terceiro) para treinar colegas de trabalho, se concentrando em mudanças de comportamento (incluindo interromper casos de agressão ou assédio, fornecer apoio às vítimas e redirecionar a atenção) e mudanças de atitudes.

Treinar funcionários para perceber sinais de abuso em seus colegas e como intervir (com segurança) quando estiverem preocupados pode dar a eles autoeficácia e confiança para ajudar seus colegas de trabalho ou até a si mesmos.

Faça com que contar a um gerente seja confortável e seguro. Gerentes individuais podem ajudar a tornar seu próprio grupo de trabalho um espaço seguro para vítimas de VPI. Criar segurança psicológica – definida como um ambiente de equipe que apoie a tomada de riscos interpessoais e incentive os funcionários a falar – é crucial. Se a pessoa sentir que há menos chances de ser retaliado ou julgado por sua situação pessoal, é maior a probabilidade de pedir ajuda.

Observe as mudanças em funcionários e verifique suposições. Quando se trata de VPI, é importante ficar atento enquanto observa as mudanças no desempenho dos funcionários – que, em alguns casos, não são reflexo da incompetência ou da falta de adequação, mas sim de problemas pessoais, como abuso. Nesse caso, a gerência ou colega pode perguntar e tentar conversar sobre quaisquer circunstâncias atenuantes que possam afetar o desempenho de seus colegas ao invés de presumir algo. Isso pode comunicar que está aberto a explicações alternativas para mudanças no desempenho.

Modelo de relacionamento saudável. As organizações podem desempenhar um papel importante no desenvolvimento de relacionamentos saudáveis como assistência em tarefas e carreiras. Além de garantir uma boa convivência, em que os colegas se ajudam para lidar com o estresse, se apoiam, tornam-se verdadeiros amigos, ajudam a crescer como pessoa e oferecem a oportunidade de “retribuir” por meio de reciprocidade de apoio. Demonstrar apoio e reciprocidade no trabalho reforça que existem maneiras mais saudáveis ​​de se relacionar.

**En avant toute(s) oferece uma função de bate-papo on-line por meio da qual os visitantes anonimamente podem fazer perguntas a profissionais com experiência em serviços sociais ou psicologia sobre a saúde de seus próprios relacionamentos ou dos relacionamentos de pessoas que conhecem. Eles também são direcionados para serviços de apoio quando necessário.

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