Especialista explica as principais diferenças entre a atuação de cada especialidade

Quem nunca sofreu com aquela dorzinha incômoda nas articulações e ficou em dúvida qual especialista buscar? A reumatologia é uma especialidade médica que foca nas doenças inflamatórias, autoimunes e degenerativas que afetam articulações, músculos, tendões e outros tecidos do sistema musculoesquelético. A ortopedia trata, principalmente, lesões traumáticas, como fraturas, entorses e rupturas de ligamentos. “O principal limite que diferencia a atuação entre as duas áreas é o mecanismo da doença. Se o problema é de origem inflamatória ou autoimune, o responsável é o reumatologista. Já se a causa for trauma, o especialista é o ortopedista. Nas situações em que há necessidade de cirurgia, o médico indicado também é o ortopedista”, esclarece a médica reumatologista da Clínica IBIS Imunoterapia, integrante do Grupo CITA, Izabel Viana.
15 milhões de brasileiros – cerca de 7,5% da população – vivem com doenças reumáticas, de acordo com o Ministério da Saúde. Para restabelecer o equilíbrio do sistema imunológico, frequentemente alterado pelas doenças autoimunes, a reumatologia recorre a imunossupressores e imunobiológicos, capazes de controlar a inflamação e prevenir danos articulares. Artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, espondiloartrites, artrite psoriásica, gota e esclerose sistêmica são exemplos de condições que exigem acompanhamento especializado por reumatologistas.”Nos distúrbios articulares causados por doenças autoimunes, a ortopedia atua em estágios avançados, quando há dano articular irreversível, para realizar cirurgias de correção ou substituição articular”, explica a médica.
Sintomas e a hora de buscar ajuda
As doenças reumáticas afetam todo o organismo, além das articulações. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem ser fundamentais para garantir a saúde e o bem-estar do paciente, por isso, os alertas do corpo ajudam a entender qual a especialidade deve ser acionada. “Dor articular sem trauma prévio, dor em múltiplas articulações, rigidez matinal prolongada, inchaço persistente na articulação ou presença de sintomas sistêmicos associados à dor articular: febre, perda de peso, fadiga, manifestação em pele, olhos ou outros órgãos.”, sinaliza a especialista nas doenças reumáticas.
Tratamentos inovadores e qualidade de vida
O tratamento multidisciplinar é fundamental nas abordagens terapêuticas realizadas por reumatologistas e ortopedistas. “Os dois profissionais precisam do trabalho da equipe multidisciplinar na abordagem não farmacológica das doenças articulares, incluindo fisioterapia, atividade física, mudanças alimentares, avaliação psicológica. Ambos podem lançar mão de procedimentos como infiltrações intra-articulares e peri-articulares para tratamento de diversas patologias”, orienta ainda a especialista.
Existem mais de 120 tipos de doenças reumáticas, de acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, na maioria delas quando a dor não é tratada, o paciente pode ter comprometimento das suas funções físicas e qualidade de vida. “Os medicamentos imunobiológicos revolucionaram a reumatologia ao transformar o curso natural de diversas doenças inflamatórias crônicas, como a artrite reumatoide, espondilite anquilosante, artrite psoriásica e lúpus.
Antes da introdução desses fármacos, muitos pacientes evoluem para deformidades e perda importante de qualidade de vida, mesmo com os tratamentos convencionais. Já a ortopedia lida predominantemente com condições mecânicas, traumáticas ou estruturais, como fraturas, lesões ligamentares e deformidades anatômicas. Nessas situações, a inflamação não é causada por um processo autoimune, mas por trauma ou desgaste, e por isso os imunobiológicos não têm utilidade terapêutica nesse contexto”, afirma a especialista em reumatologia.
Com clareza sobre a atuação dos segmentos médicos, é possível buscar ajuda especializada de forma segura e com foco em preservar a saúde e a longevidade da boa qualidade de vida.