Capoeira: uma expressão cultural afro-brasileira que representa a identidade do país
Assim como o carnaval, o samba e o futebol, a capoeira é uma expressão cultural afro-brasileira que representa a identidade do país. A capoeira engloba arte-marcial, esporte, dança e música. É caracterizada pela gestualidade corporal e pela sonoridade produzida por um conjunto de instrumentos musicais, como berimbaus, pandeiros, reco-reco, agogô e tambor, que acompanham cantigas em forma de corridos e ladainhas.
Nos últimos anos, houve um aumento nos estímulos do município para incentivar a prática e a transmissão de conhecimentos sobre essa arte-luta, por meio de editais, prêmios, projetos em comunidades carentes e escolas públicas.
Durante as comemorações dos 474 anos de Salvador, a partir de abril, a Prefeitura iniciará a construção de uma arena na Praça Marechal Deodoro, popularmente conhecida como Praça das Mãozinhas, no Comércio. A arena será destinada para a prática e apreciação da capoeira, recebendo praticantes e admiradores dessa arte-luta de todas as partes do mundo.
A arena construída na Praça Marechal Deodoro, além de abrigar rodas e apresentações de capoeira, contará com um monumento composto por quatro arcos de aço de 12 metros de altura cada um. Esses arcos representarão quatro berimbaus que se unirão no topo, dando a forma de uma cabaça gigante e criando uma espécie de templo.
Dentro da arena, serão instaladas dez esculturas em tamanho natural de mestres capoeiristas tocando os principais instrumentos musicais da roda de capoeira, além de duas estátuas representando a luta, na base central. Todas as esculturas serão feitas de bronze e prestarão homenagem aos mestres capoeiristas.
A nova arena será uma área destinada à realização de rodas de capoeira na capital baiana, tornando-se um ponto de difusão da expressão cultural afro-brasileira. Além das tradicionais rodas de capoeira que já ocorrem no Terreiro de Jesus, nas praças da Sé e Cairu e no Mercado de São Miguel (Baixa dos Sapateiros), a arena na Praça Marechal Deodoro também abrigará essas atividades.
Além de ser praticada nas ruas, a capoeira também tem sido difundida em espaços multiuso para alcançar crianças, jovens e adultos na capital baiana. Lorenzo, um menino de apenas 3 anos, teve seu primeiro contato com a prática no Centro de Artes e Esporte Unificado (CEU) de Valéria, que oferece quatro turmas de capoeira com um total de 40 alunos.
As atividades são conduzidas, às terças e quintas, pelo mestre Cabeção. “A região de Valéria é considerada carente, mas a capoeira vem mudando a vida de muitas crianças e jovens, fazendo-os alcançar o inimaginável. Num bairro onde muitos só conseguem enxergar violência, estamos trazendo de volta à população o prazer da cidadania, formando artistas, lutadores e professores”, reforça o professor.
A tia de Lorenzo, Jennifer Kellen Lopes de Jesus, 22, foi quem levou o garoto para as primeiras aulas. “A mãe teve a ideia de colocá-lo para aprender um esporte e entendeu que a capoeira seria o mais adequado, inclusive para a formação dele”, conta ela
Apenas a uma distância de pouco mais de três quilômetros dali, no Subúrbio 360, em Coutos, mais de 100 pessoas estão participando de aulas gratuitas de capoeira, aprendendo noções básicas e movimentos do gingado.
“A capoeiragem é uma ferramenta socioeducativa, que proporciona educação e disciplina, além de trabalhar o corpo e a mente das crianças. Eu sou muito grato por contribuir para a educação da população aqui no Subúrbio. É um trabalho que já faço há 27 anos”, revela com orgulho o mestre Zé Pequeno. As aulas por lá acontecem sempre de segunda à quinta-feira.