Há pouco mais de dez anos, por iniciativa de um jovem empreendedor e sonhador, Mendes Júnior, foi lançada a primeira edição da revista Sacada, com o objetivo de demonstrar o crescimento e o desenvolvimento da cidade de Feira de Santana, proposta ousada de jornalismo informativo e de negócios, direcionada principalmente para o setor imobiliário, que sinalizava a visão do crescimento e desenvolvimento sustentado do setor, com a expansão urbana da cidade. Tive a satisfação de participar da primeira edição, com a matéria “Feira de Santana, 180 anos de progresso”, escrita pela jornalista Silvana Ferraz. Mais uma vez, recebi o convite para participar da revista, com o artigo “Feira de Santana como capital regional”.
Historicamente, a cidade é marcada pela vitalidade da atividade comercial, desde os tempos coloniais, como um importante entreposto de comercialização de mercadorias. Durante o século XIX, era fonte de prestígio as relações comerciais de compra e venda de gado bovino, ampliando-se devido à rota que ligava o sertão ao litoral, dando à feira livre uma importância crescente no cenário regional daquela época, constituindo-se em uma feira semanal, que se tornou um centro de permuta comercial e pousos obrigatórios de tropas e viajantes, oriundos do alto sertão da Bahia, Minas Gerais, Piauí e Goiás, em demanda ao porto de Nossa Senhora do Rosário de Cachoeira, à margem do rio Paraguaçu, principal ligação com a metrópole Salvador, onde se localizavam grandes estabelecimentos de mercadorias diversas.
Ao longo da primeira metade do século XX, sua importância permaneceu. A cidade, em processo de modernização, constituía-se no centro comercial líder do interior, na fronteira da capital Salvador com o sertão, do recôncavo aos tabuleiros do semiárido.
Feira de Santana durante boa fase de sua existência, atuava como parte de um sistema urbano primaz, dependente de Salvador, servindo de apoio às atividades econômicas e sociais, passou a exercer importante papel no inter-relacionamento regional.
A expansão do mercado intra-regional processado para o interior do Estado, com destaque para o papel de intermediação de Feira de Santana, ficou evidente sua função de centro da dinâmica regional e seu relacionamento com a metrópole, Salvador.
O município de Feira de Santana ocupa historicamente posição estratégica na região Nordeste e no Estado da Bahia, entrecruzada por rodovias, se constituindo num importante eixo rodoviário do país, do Nordeste e do Estado da Bahia, formado por um anel de contorno, interligado pelas BR – 324, BR – 116 Sul (Rio-Bahia), BR – 116 Norte (Transnordestina), BR – 101 e as BA – 052, BA – 502, BA – 503 e BA – 504, com acessos paras as BR – 242 e BR – 110, interligando o Norte/Nordeste do País com as regiões do Sul, Sudeste, Centro Oeste e Salvador com o interior. Esta característica de encruzilhada de estradas foi, no passado, ponto-chave na formação da cidade e, ainda hoje, é um dos fatores responsáveis pelo desenvolvimento econômico e social do município, atraindo capitais e população que, num processo de crescimento urbano, adquiriu porte de cidade regional.
Esta posição privilegiada, explica sua dinâmica interna, marcada pela contribuição ao desenvolvimento regional e nacional, e pelos benefícios que colhe, devido à sua posição estratégica em relação ao mercado nacional e regional.
Inserida num espaço geográfico centralizado em relação às demais regiões brasileiras, funciona como centro regional de passagem de pessoas e produtos, exercendo papel de entroncamento de vias de transporte, na fronteira da capital Salvador com o sertão, do recôncavo aos tabuleiros do semi-árido da Bahia. Distante 108 Km de Salvador pela BR 324, responde pela segunda economia da Bahia, com amplitude de vínculos econômicos e relações de transações comerciais de um complexo de regiões, sua economia diversificada, agropecuária, comércio, indústria e de serviços de apoio urbano, a cidade ostenta posição de centro distribuidor da produção regional e polo de negócios e atividades dinâmicas.
DIVISÕES GEOECONÔMICAS DE FEIRA DE SANTANA
- MICRORREGIÃO: Feira de Santana: 24 municípios.
- MESORREGIÃO: Centro Norte da Bahia; 80 municípios.
- REGIÃO METROPOLITANA DE FEIRA DE SANTANA:
- Feira de Santana
- Amélia Rodrigues
- Conceição da Feira
- Conceição do Jacuípe
- São Gonçalo dos Campos
- Tanquinho
- TERRITORIAL DE IDENTIDADE: Portal do Sertão: 17 municípios.
- REGIC – Região de Influências das Cidades: Feira de Santana (Capital Regional B): 48 municípios.
DINÂMICA DEMOGRÁFICA DE FEIRA DE SANTANA
A ocupação demográfica do território feirense reflete a evolução, as formas e as relações atuais de produção e ocupação sobre o espaço. A referida ocupação ocorre de maneira diferenciada e com ritmos e movimentos diversificados, na medida em que a cidade vem recebendo, principalmente nas últimas três décadas, contingentes cada vez maiores de pessoas, que se deslocam da zona rural para a urbana (êxodo-rural), em conjunto com as migrações externas, provenientes de outras cidades e estados.
Segundo os últimos dados da estimativa da população dos municípios do Brasil, divulgados pelo IBGE em 2024, Feira de Santana (657.948 habitantes) ocupa a segunda posição em população do estado, atrás de Salvador, e a primeira do interior (tabela 1). No ranking nacional (tabelas 2 e 3), Feira de Santana é o 33º município em população, maior que oito capitais; Aracaju, Vitória, Florianópolis, Rio Branco, Palmas, Porto Velho, Boa Vista e Macapá. Na região Nordeste, ocupa a 9ª colocação, conforme dados do IBGE (Estimativa da população de 1º de julho de 2024).
A tabela 4 mostra a evolução da população urbana e rural do município entre as décadas de 1940 a 2010. Segundo os dados do censo demográfico de 1940, a população rural era 3,24 vezes maior que a urbana. A partir dos anos 60, o efetivo rural começa a diminuir, enquanto a população urbana cresce a taxas elevadas, acelerando nas décadas seguintes.
O censo demográfico de 2010 revelou a continuidade do processo de urbanização acelerado, com 510.637 pessoas que residem na zona urbana e 46.007 na rural. A taxa de urbanização do município passou de 23,61% em 1940 para 91,73% em 2010. O aumento da população urbana ocorreu, basicamente, por conta de quatro fatores:
- Incorporações de áreas rurais pelo tecido urbano, com expansão dos condomínios residenciais;
- Êxodo-rural;
- Migração externa;
- Crescimento vegetativo da população.
O crescimento acentuado da população urbana da cidade nas últimas décadas tem aumentado a demanda por bens e serviços públicos, enquanto os investimentos em infraestrutura não acompanham as necessidades da população, deteriorando o tecido urbano.

*Roberto Lima: Economista, Mestre em planejamento territorial e desenvolvimento social, professor universitário, técnico aposentado em informações geográfica e estatística do IBGE.