Casa Kaê Erê leva cultura de matriz africana para crianças na Flipelô

Foto: Bruno Concha/Secom PMS

Em mais uma edição, o projeto Casa Kaê Erê, da Fundação Gregório de Mattos (FGM), leva o universo da literatura de matriz africana com a linguagem infantil para a Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô). Este ano, a atração está sediada no Museu Afro-brasileiro da Universidade Federal da Bahia (Mafro/Ufba), até este sábado (12).

Nesta sexta-feira (11), quando é celebrado o Dia do Estudante, o espaço foi visitado por alunos da Escola Municipal Eugênia Anna dos Santos, que funciona no Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá e era liderado pela homenageada da Flipelô deste ano, a escritora e ialorixá Mãe Stella de Oxóssi.

Na ocasião, a literatura foi trabalhada com os pequenos pelo artista João Lima, que apresentou o personagem Palhaço das Letras para a criançada. Ele também convidou os presentes a conhecer dois jogos africanos, Yoté e Sichima, de estratégia e tabuleiro que desafiam os jogadores a pensarem cuidadosamente em suas jogadas para obter a vitória. Os jogos têm importância cultural e histórica nas regiões africanas em que são jogados.

O aluno Caio Alves dos Santos, de dez anos, se divertiu com as histórias do palhaço, mas afirmou que também pode aprender um pouco mais sobre a cultura afro. “Eu gostei muito do palhaço e das brincadeiras. Mas a música também me chamou atenção. Algumas coisas que ele falou eu aprendi na escola, mas teve muita novidade, como os jogos”, destacou.

Para a vice-diretora da unidade escolar, Rejane Barbosa Santana, as vivências que as crianças tiveram na Casa Kaê Erê serão sempre lembradas por eles. “Uma experiência riquíssima e única. Esse contato das crianças com toda essa gama cultural relacionada às questões afrobrasileiras vai marcar muito a vida das crianças. Tivemos muitos sorrisos e foi muito prazeroso tanto para os alunos quanto para os professores”, contou a professora.

Oficina – A Casa Kaê Erê também promoveu uma oficina prática de confecção das bonecas Abayomi, um tipo de brinquedo feito com retalhos de tecido de diferentes cores e decorado com fitas, miçangas e outros objetos. A peça é uma forma de ensino sobre as culturas africanas através da brincadeira e reuniu, pela manhã, alunos das escolas municipais Hildete Lomanto (Garcia) e Giselia Palma (Liberdade).

“Trazer a história da boneca Abayomi é uma oportunidade de falar sobre ancestralidade de uma forma divertida, fazendo com que as crianças conheçam o contexto da história brincando, se divertindo e influenciando-as a preservar memórias de todas as pessoas que fazem e fizeram parte da sua história de vida, resgatando a cultura africana e dando a devida valorização e importância para essa cultura”, explicou a gerente de Biblioteca e Promoção da Leitura da FGM, Jane Palma.

A estudante Lorena Rocha, de 15 anos, foi uma das visitantes que participou da oficina. Ela revelou estar encantada com o museu e com as Abayomi. “Eu nunca tinha ouvido uma história como essa que é tão linda e ao mesmo tempo tão marcante. Adorei participar da oficina, ela mostra a importância de conhecer a nossa história, de onde a gente veio e nos ensina a valorizar tudo isso. Também estou encantada com as obras e quadros aqui do museu, é um espaço muito lindo que eu adorei conhecer”, contou a adolescente.

Outras atividades – Neste sábado (12) a programação especial da Casa terá continuidade às 10h, com o espetáculo “A História da Pedra de Xangô”. Seu enredo retrata de forma simbólica e espiritual o processo de relação desse patrimônio material com diversos terreiros de candomblé da região de Cajazeiras. Para fechar a programação com muita alegria, às 15h, o Samba do Respeito com Ana Cacimba se apresenta o objetivo de ensinar, de maneira lúdica, a importância do respeito à diversidade cultural, religiosa e racial.

Além destas atividades haverá o último dia de distribuição de livros variados em duas edições: às 10h e às 15h. Até o momento 650 obras já foram ofertadas gratuitamente aos soteropolitanos.

Jane Palma explicou ainda como a Casa Kaê Erê agrega conhecimento e vivências para as crianças de Salvador. “Essas crianças podem ver de forma lúdica o universo da literatura de matriz africana. Essa atividade é importante porque estamos reunindo o fomento a leitura, criatividade e a educação quando trazemos para este espaço estudantes”, finalizou.

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