A equoterapia é um método terapêutico que utiliza os cavalos como instrumento de reabilitação física, mental e social
O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Segurança Pública (SSP), em parceria com a Associação Baiana de Equoterapia (Abae), mantém um projeto que beneficia crianças e adolescentes com necessidades especiais, como paralisia cerebral, autismo, síndrome de Down, entre outras. A equoterapia é um método terapêutico que utiliza os cavalos como instrumento de reabilitação física, mental e social.
Fundado há 30 anos, o projeto é realizado em Salvador e em mais 17 municípios baianos pela Abae, uma Organização da Sociedade Civil, sem fins lucrativos, que atualmente atende de forma gratuita 132 pacientes por semana. A associação conta com o apoio institucional da Polícia Militar da Bahia (PMBA), que cede os cavalos e a estrutura do Esquadrão de Polícia Montada para o tratamento.
A unidade especializada da PMBA fica localizada no Parque de Exposições de Salvador e possui uma estrutura adequada para a prática da equoterapia, com pista coberta, sala de fisioterapia, sala de psicologia, sala de pedagogia e sala de fonoaudiologia. Os cavalos são treinados e cuidados por profissionais da PM, que também participam das sessões como auxiliares.
Trabalho multidisciplinar
A equipe da Abae é formada por profissionais de diversas áreas, como fisioterapeutas, psicólogos, pedagogos, fonoaudiólogos e veterinários. Eles realizam uma avaliação inicial dos pacientes e elaboram um plano terapêutico individualizado, conforme as necessidades e os objetivos de cada um.
As sessões duram cerca de 30 minutos e são realizadas uma vez por semana, de segunda-feira a sábado, no turno matutino. Durante as sessões, os pacientes realizam exercícios físicos e cognitivos sobre o cavalo, o que estimula o desenvolvimento da coordenação motora, do equilíbrio, da autoestima, da comunicação e da socialização. Além disso, o contato com os animais promove o afeto, a confiança e a responsabilidade.
O capitão Perazzo, subcomandante do Esquadrão de Polícia Montada destaca que para além do trabalho ostensivo, a PM atua em diversas ações positivas, como neste convênio com a Abae que se mantém desde a fundação do projeto. “A Polícia Militar tem um papel fundamental nessa ação social. E esse braço da Polícia de acolher pessoas que possuem essa necessidade é um braço forte e que buscamos inclusive aumentar a capacidade de atendimento”, afirma o capitão.
A presidente da Abae, Maria Cristina Gonçalves Brito pontua os resultados positivos da equoterapia e os avanços possíveis no desenvolvimento dos assistidos. “Melhora a atenção, a concentração, o alongamento muscular. Os ganhos neuropsicomotores que o cavalo promove, nessa gama de estímulos no seu movimento, trazem resultados satisfatórios, que tiram a pessoa com deficiência de quatro paredes, como é no atendimento convencional. Os atendidos estão em contato com a natureza, com animais, e nem percebem que estão fazendo terapia”, explica.
Resultados
Maria Cristina e o marido, Ezequiel Brito, encontraram na trajetória do próprio filho – Yuri, a motivação para dar início ao projeto social, que traz novas perspectivas para outras crianças e adolescentes. Yuri Guimarães Brito nasceu com sequela de paralisia cerebral, com quadro de moderado a severo, apresentando até os sete anos o prognóstico de não andar e nem falar. Hoje, aos 42 anos, graduado em Publicidade, credita sua evolução à equoterapia. “Para quem não falava, não sentava, não se equilibrava e hoje está sendo quem eu sou, é uma evolução muito grande. Devo isso a minha família, aos cavalos e à Abae”, comemora.
Ao longo dos 30 anos, a associação já atendeu cerca de 10 mil pessoas. O projeto conta com o apoio de diversas instituições públicas e privadas, que contribuem para a continuidade das atividades.
Após dois anos em tratamento, Débora, 12 anos, conquistou importantes avanços com a terapia. “Débora tinha uma comunicação bem complicada, bem escassa. Hoje ela dialoga, pois o trotar do cavalo trabalha a comunicação na criança autista. Há um avanço muito grande na interação, na socialização, na questão postural também”, declara Mariluce Correia, mãe de Débora.
Quem também colhe os frutos da equoterapia é Josué, de quatro anos. Conforme a sua mãe, Cláudia Santos, a evolução do garoto em pouco mais de um ano de tratamento é notável. “Hoje ele já senta sozinho, interage, sorri. Foi o avanço que eu vi, é muito importante o trabalho com cavalo. É lindo esse projeto, e eu como mãe de uma criança atípica, me sinto muito bem nesse ambiente que é acolhedor, os profissionais se preocupam muito com o nosso bem-estar.