Proposta tem menor impacto que uma obra comum e abre oportunidades para subsetores da construção civil, como a indústria de vidros

Modernizar edificações existentes sem demolir sua estrutura é a proposta do retrofit, movimento que vem ganhando força no setor da construção civil. Diferente de uma simples reforma, ele é pensado para atualizar tecnologias e atender normas técnicas e ambientais mais recentes, trazendo melhorias estéticas, funcionais, de conforto e eficiência energética. Um dos cases de sucesso da proposta são os edifícios do Centro da cidade de São Paulo, onde o retrofit foi estimulado através do Programa Requalifica Centro com benefícios como isenção de impostos.
“A demanda por esse tipo de projeto cresceu nos últimos anos ao se tornar essencial para que construções ‘desatualizadas’ para o mercado imobiliário voltassem a ter valor e visibilidade para aquisição – caso do Centro de SP”, afirma a arquiteta Paula Linares, de São Paulo. Além disso, a escassez de terrenos grandes em centros urbanos, a busca pela sustentabilidade e a mudança de uso das edificações pós-pandemia trouxe a necessidade do retrofit como forma de garantir a criação de novos espaços e conceitos interessantes aproveitando os ambientes existentes”.
Mas a tendência não se restringe à capital paulista. A arquiteta Giovanna Cunha, de Cuiabá (MT), destaca que o retrofit está em ascensão em todo Brasil. “Cada vez mais as pessoas têm percebido que modernizar um imóvel existente pode ser mais estratégico do que construir algo do zero. Isso acontece tanto pelo ganho de valorização, quanto pela questão sustentável de aproveitar estruturas. Em Cuiabá, por exemplo, o retrofit adapta edificações para um melhor desempenho térmico, eficiência energética e para modernizar acabamentos. É uma oportunidade enorme para o setor”, explica.
Eficiência energética e conforto térmico
As obras de requalificação abriram oportunidades para todos os subsetores da construção civil. Na indústria vidreira, por exemplo, é possível atuar tanto na substituição de vidros antigos por novas opções de alta performance, quanto na aplicação em fachadas que influenciam na estética e eficiência energética da edificação. Até mesmo divisórias internas para ambientes corporativos ganham força nesse tipo de projeto.
Uma das empresas que oferece soluções para retrofit é a Ideia Glass, que trabalha com box de banheiros, portas de vidro, prolongadores e acessórios. “Percebemos essa tendência muito rápido e, a partir daí, criamos produtos que ajudam nesse processo, com cores e modelos fáceis de aplicar. Desenvolvemos um produto chamado Perfil Retrô, em várias cores, que permite a montagem em produtos já instalados, sem a necessidade de desmontar, sem custos caros e que oferece uma grande transformação nas edificações antiga”, afirma Érico Miguel, Diretor de planejamento da Ideia Glass.
Outra opção que ajuda na modernização das construções, mas com baixo impacto, são os autoadesivos. Igor Paiva, gerente de Marketing da Imprimax, destaca que houve um aumento na procura por revestimentos adesivos para decoração de ambientes, parte deles destinado aos processos de revitalização. Uma das mais buscadas é a linha Decormax Arq – que conta com mais de 200 opções de estampas e texturas para aplicações em tetos, paredes, móveis, vidros, entre outras superfícies. “O público atual busca reformas rápidas, com custo benefício atrativo. Materiais que fazem parte do mundo facility agradam na hora da economia do tempo e causam pouco transtorno, proporcionando obras limpas”, completa.

As duas empresas apresentarão essas e outras novidades para todo o setor na Glass South America 2025, que acontece de 3 a 6 de setembro no Distrito Anhembi, em São Paulo. Para quem trabalha com retrofit, a feira é uma oportunidade de ver de perto tudo o que o setor tem a oferecer para esse tipo de projeto. Segundo Paula, a principal demanda é por soluções de vidros com maior desempenho e características técnicas específicas, como os vidros acústicos (muito usados em obras corporativas e esquadrias de vedação), os vidros temperados ou laminados (relacionados à segurança) e vidros insulados ou duplos (composto por duas lâminas e com câmara de ar que traz bom desempenho térmico e acústico).
O retrofit também soma pontos para uma maior sustentabilidade do setor. Um dos exemplos é o Empire State Building, icônico prédio de Nova Iorque (EUA) cujo projeto reduziu o consumo de energia em 38% e gerou uma economia anual de US$ 4,4 milhões. Nas obras residenciais, o impacto é maior, registrando economias de energia de 50% a 75%. “O retrofit é uma resposta inteligente às necessidades atuais do mercado e da cidade. Modernizar imóveis já existentes é uma forma de contribuir para uma cidade mais sustentável”, finaliza Giovanna.