Feira de Santana cresceu e se desenvolveu, com uma economia pujante, dinâmica e diversificada, sendo destaque no cenário nordestino e nacional
A segunda maior cidade do estado da Bahia, denominada como “Princesa do Sertão” por Ruy Barbosa, já nasceu com vocação para centro de negócios. Foi em meados do século XVII que os proprietários da Fazenda Sant’Anna dos Olhos D’Água, o senhor Domingos Barbosa de Araújo e a senhora Ana Brandoa, construíram uma capela dedicada à santa que dava nome à propriedade. A região logo torna-se ponto de referência para aqueles que por ela trafegavam. Com considerável desenvolvimento comercial, em 1832, foram criados o município e a vila. Desde então, a cidade que hoje é também conhecida pelo título de “Portal do Sertão” cresceu e se desenvolveu, com uma economia pujante, dinâmica e diversificada, sendo destaque no cenário nordestino e nacional.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2014), o município conta com uma população estimada, em 2012, de 612 mil habitantes, registrando um PIB – Produto Interno Bruto (medida que corresponde à soma, em valores monetários, de todos os bens e serviços produzidos numa determinada região durante um período de tempo determinado) a preços correntes em torno de R$ 8,6 bilhões, valor bastante expressivo quando comparado com cerca de R$ 1,5 bilhão registrado em 1999.
Verifica-se que o desenvolvimento da cidade consolidou-se de maneira considerável com os frutos da estabilização econômica brasileira, que tomou forma no início dos anos 90, com conquistas que se ampliaram com o crescimento econômico mais acelerado verificado a partir dos anos 2000. Nesse aspecto, um indicador como o IDH – Índice de Desenvolvimento Humano, que mede a qualidade de vida e o nível de desenvolvimento econômico de uma população, cujos índices mais próximos de 1 sinalizariam melhor qualidade de vida, demonstra o salto dado pelo município, partindo de 0,46 em 1991 para 0,712 em 2010.
Esse desenvolvimento crescente do município juntamente com o posicionamento do mesmo na hierarquia entre as cidades é refletido na criação da Região Metropolitana de Feira de Santana – RMFS, passando a existir por meio da Lei Complementar nº35 de 06 de Julho de 2011, assinada pelo então governador Jaques Wagner, tendo o decreto da Assembleia Legislativa sancionado e publicado no Diário Oficial do Estado em 07 de Julho de 2011. A RMFS é formada por Feira de Santana, além dos municípios de Amélia Rodrigues, Conceição de Feira, Conceição do Jacuípe, São Gonçalo dos Campos e Tanquinho.
Esse processo de desenvolvimento que ganhou força nos últimos anos para Feira de Santana é condizente com a expansão da economia brasileira, assim como para a economia baiana. Consequência da estabilização econômica que reduziu as incertezas da atividade empresarial, elevando também o poder de compra dos consumidores somado à expansão do crédito para famílias com consequente ampliação dos padrões de consumo; juntamente com as políticas de transferência de renda consolidadas e ampliadas pelo governo federal nos anos pós-estabilização, cenário que conduziu à expansão de uma série de segmentos da economia brasileira. Neste aspecto, o setor imobiliário não destoa da tendência.
Segundo dados do SINDUSCON – Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia (2015), a participação da construção civil no PIB estadual cresceu de 2002 a 2012, saltando de 6,3% para 8,17%, acompanhando a tendência de crescimento da economia baiana no período e ampliando de cerca de R$ 60 bilhões a preços correntes em 2002 para aproximadamente R$ 190 bilhões em 2013. Quanto ao desempenho do mercado imobiliário baiano, verifica-se uma elevação do número de lançamentos: de 2.511 lançamentos em 2004, para 4.312 em 2014. Apesar do cenário econômico incerto para a economia brasileira, nota-se uma crescente importância para o setor imobiliário baiano, vislumbrando possibilidades de crescimento a médio e longo prazo.
Cenário semelhante é encontrado para o mercado imobiliário feirense. Segundo dados da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (2010), há evidências de crescimento considerável do número de condomínios fechados na cidade, apresentando uma média anual de mais de 16 condomínios do período que vai de 1995 a 2010, cenário esse diretamente relacionado com a tendência de verticalização dos empreendimentos no município, assim como de crescente valorização dos imóveis em determinadas regiões da cidade. Dados da CDL – Câmara de Dirigentes Lojistas de Feira de Santana (2013) – demonstram que a indústria de construção civil, em 2009, era formada por 337 empresas e empregava diretamente cerca de 9.097 indivíduos.
Assim, os dados evidenciam que, apesar do cenário econômico nacional deteriorado com expectativa de recessão econômica para o ano de 2015, a importância e magnitude do segmento imobiliário para a Bahia e particularmente para Feira de Santana indicam quanto este possui papel significativo na geração de emprego e renda, com indispensável atuação a ser desempenhado na redução das desigualdades ainda verificadas nesta sociedade. O desenvolvimento e a expansão desse setor na economia feirense são fundamentais para que Feira de Santana consiga se posicionar no merecido lugar de destaque que “a Princesa do Sertão” merece.
JOÃO PAULO SOUZA, Mestre em Economia – UEM/PR – Professor Assistente do Curso de Ciências Econômicas Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS
Matéria publicada na versão impressa da revista Sacada.