Feira a toda obra: a cidade não para de construir e reformar

A posição geográfica estratégica de Feira a destaca como a segunda economia da Bahia, ampliando vínculos nas relações de transações comerciais de um complexo de regiões 

Foto: Sacada

por Silvana Ferraz

Feira de Santana por muitos anos serviu de apoio às atividades econômicas e sociais de Salvador, bem como exercendo a função de centro da dinâmica regional e seu relacionamento com a Capital do Estado. No decorrer dos anos, a Princesa do Sertão cresceu, tornou-se independente de Salvador, sendo referência no âmbito comercial, econômico, imobiliário e, atualmente, é considerada uma das cidades que mais crescem no Brasil.

Um dos principais fatores responsáveis pelo desenvolvimento econômico/social e o crescimento urbano de Feira é o fato de ser composta por um importante entroncamento rodoviário, interligada pelas BR – 324, BR – 116, BR -101 e as BA – 052, BA – 502, BA – 503 e BA – 504, com acessos paras as BR – 242 e BR – 110, interligando o Norte/Nordeste do País com as regiões do Sul, Sudeste, Centro Oeste e Salvador com o interior. Essas características foram de suma importância para que a cidade se transformasse nessa grande metrópole.

De acordo com Roberto Lima, Economista, Mestre em Planejamento Territorial e desenvolvimento Social, Técnico do IBGE, Professor Universitário e Coordenador do Centro Tecnológico da CDL, a posição geográfica estratégica de Feira a destaca como a segunda economia da Bahia, ampliando vínculos nas relações de transações comerciais de um complexo de regiões, ostentando uma posição de centro distribuidor da produção regional e polo de negócios e atividades dinâmicas. “Esta posição privilegiada explica sua dinâmica interna, marcada pela contribuição ao desenvolvimento regional e nacional, e pelos benefícios que colhe devido à sua posição estratégica em relação ao mercado nacional e regional. Feira está inserida num espaço geográfico centralizado em relação às demais regiões brasileiras, funcionando como centro regional de passagem de pessoas e produtos, exercendo papel de entroncamento de vias de transporte na fronteira da capital Salvador com o sertão, do recôncavo aos tabuleiros do semiárido da Bahia”, afirma.

Todo esse dinamismo coloca Feira no topo de prioridades de investimentos de empreendedores de todas as partes do Brasil e até mesmo de outros países. O depoimento de quem investe na cidade ratifica a afirmativa. Em entrevista ao site Acorda Cidade, o diretor de planta da empresa Tama Brasil, Tarcisio Lordelo, na cerimônia de inauguração da fábrica, afirmou: “Feira de Santana foi o lugar que reuniu as melhores condições. Tivemos facilidade de encontrar lugar para instalar a empresa, recebemos benefícios tanto do governo do estado quanto do município. Além disso, tem a questão da logística, pois Feira está muito bem localizada para nós que vamos atender produtores de algodão de outras regiões do país. Essa composição de coisas fez com que a gente optasse por Feira de Santana”. A Tama é uma multinacional com instalações em Israel e na Europa. Feira de Santana é a primeira cidade da América Latina a contar com um braço da empresa.

A cada dia que passa cresce o número de investimentos em empreendimentos residenciais e comerciais do município. É quase impossível não encontrar pelas ruas da cidade construções de variados empreendimentos, atraindo olhares até de quem não tem interesse de construir, mas quer passar pelo processo de inovação da cidade. Segundo Clarissa Almeida e Gustavo Felipe, donos da GFC Construções & Acabamentos, Feira vem crescendo muito nesse ramo de construção civil e reforma. “A área de construção civil e reforma cresceu cerca de 60% nestes últimos quatro anos. Atualmente, a reforma está sendo mais procurada do que a construção, até por estarmos nos aproximando do final de ano, das festas natalinas e do réveillon, momento em que as pessoas estão mais focadas em reforma e decoração”, observam.

Os donos da GFC Construções & Reformas chamam a atenção para o que pode ser o grande desafio deste setor: a falta de mão de obra qualificada. “A cidade não cresceu muito em mão de obra, a nossa equipe, por exemplo, é toda de fora. Então, nossos profissionais trabalham de segunda a sexta, porque moram em outra localidade e precisam voltar, e isso acaba encarecendo o custo, embora compense na qualidade do serviço prestado. A falta de mão de obra comprometida em Feira de Santana é crescente”, alertam. A economia da Princesa do sertão é muito dinâmica. Não é por acaso que grandes empresas estão se instalando na cidade, criando novos postos de serviços e, consequentemente, gerando empregos. “É uma tendência natural que o segmento da Construção Civil e o Imobiliário ganhem ainda mais força nos próximos anos em Feira. Isso se dá não só pela sua localização. O empreendedorismo está no DNA da cidade, tudo que se investe aqui se desenvolve”, afirma

Roberto Lima. O crescimento de Feira de Santana não sofrerá desaceleração tão cedo. A tendência é que a cidade continue nesta dinâmica de crescimento urbano e econômico nos próximos 10 anos. “Feira só tende a crescer. E esse crescimento pode ser comprovado pelo crescimento territorial, do comércio e serviços da cidade. Feira tem maior número de agências bancárias do que muitas capitais. O PIB da indústria e de serviços dobrou em relação a cinco anos atrás. A cidade se tornou o grande centro de Call Center a nível nacional, dando suporte a empresas de todo Brasil. Só não podemos é continuar sendo uma feira livre. Temos que ser um grande eixo de desenvolvimento econômico”, conclui o economista e técnico do IBGE.

Matéria publicada na versão impressa da revista Sacada. 

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