Feira no contexto de cidades do mundo

Para o empresário de turismo, Armando Sampaio, Feira é uma cidade que tem reagido bem às dificuldades da economia

Foto: Arquivo Armando Sampaio

por Armando Sampaio

Viajar é uma forma de adquirir conhecimento. Possibilita-nos fazer comparações com o que conhecemos e com a realidade em que vivemos. Por isso, cada vez me surpreendo mais com a distância que nos separa das cidades do interior do mesmo porte que o nosso nos Estados Unidos, na Europa e mesmo em alguns países da América do Sul.

Atribui-se por comodidade a culpa do nosso “atraso” ao governo e não é bem assim. Temos o governo que afinal nós escolhemos utilizando o mais democrático dos meios: as eleições. Depois passamos a uma conduta de defender cada um seus próprios interesses sem enxergar que o problema que nos aflige é geral, é de toda uma comunidade. O espírito associativo não se alimenta de constantes adesões para reivindicar solidariamente a solução dos problemas da cidade onde vivemos através de entidades de classe, sindicatos, associações de moradores e outras formas associativas.

Nem sempre é preciso adotar política partidária para discutir os problemas da cidade. É necessária grandeza de intenções, boa vontade, paciência para admitir o contraditório. Ao indicar uma solução, necessariamente ela não é a melhor. O consenso é imprescindível para a vida em comunidade. Separar o joio do trigo, saber que uma intenção governamental ou de segmentos da população pode estar sendo manipulada por interesses meramente políticos eleitorais. Esse bom senso determina que o poder público dê maior atenção aos reclamos da população e possa programar com racionalidade suas ações. Sabendo que a sociedade civil está organizada e atenta, ficam mais difíceis as promessas vazias da possibilidade de concretização.

Feira é uma cidade que tem reagido bem às dificuldades da economia, mantém um comercio pujante apesar das dificuldades de alguns setores que continuam aguardando uma solução racional para o seu centro comercial. Ainda assim, surgem novos empreendimentos a cada mês, um crédito na capacidade de consumo do mercado. O funcionamento do aeroporto com voo regular e diário para São Paulo está trazendo para a cidade novos consumidores, favorecendo mais diretamente aos hotéis, restaurantes e shoppings. Se alterados os horários dos voos, decolando de Feira cedo e retornando à noite, melhor ainda será o retorno financeiro para a cidade. O fato é que o funcionamento do aeroporto é o diferencial de uma cidade engessada à capital para uma cidade centro de distribuição de passageiros e cargas para todo o Brasil e no futuro para o exterior.

Novos shoppings centers, vários novos hotéis, inúmeros condomínios residenciais, centro de distribuição de grandes empresas, este é um cenário que nos deixa confiantes no amanhã. Falta fazermos a nossa parte na condição de cidadãos.

Falta a Feira uma solução adequada para o transporte público, e talvez o BRT o seja. Que opinem os especialistas no assunto. Transporte de massa eficiente descongestiona o trânsito, facilita o tráfego e motiva o cidadão a deixar em casa seus veículos que poluem a cidade e congestionam as ruas. Em todas as cidades do interior do mundo o estacionamento é pago! Aqui discutimos se a Zona Azul deve ou não ser implantada, o que até então não foi feito por irresponsabilidade de contrários, que apenas querem marcar pontos como opositores e que encontram, nas entrelinhas de leis arcaicas, respaldo para medidas impeditivas ou protelatórias.

A coleta de lixo precisa ser amenizada por atitudes da própria população, não despejando nas ruas seus dejetos. Em contrapartida, coletores adequados precisam ser instalados nas vias públicas. Precisam doer no bolso as atitudes que contrariam as regras de higiene, mobilidade e segurança. A população precisa entender suas obrigações com o coletivo, contribuir com a administração pública.

Feira precisa deixar de ser referência apenas como a 2ª maior cidade da Bahia e uma das maiores do Brasil. Precisa acrescentar ao seu DNA uma qualidade de vida compatível com o que nos oferece o desenvolvimento tecnológico, a consciência preservacionista e ecologicamente correta, as benesses da vida do século XXI, a educação coletiva da sua população. Só assim chegaremos lá!

Artigo publicado na versão impressa da revista Sacada. 

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