“uma cadeira é uma cadeira é uma cadeira” desafia as fronteiras do design

Exposição em cartaz na Luisa Strina reúne mais de cinquenta peças de artistas contemporâneos e modernos, que mostram as inúmeras variações e significados de cadeiras, poltronas, bancos e banquinhos, para além de simples assentos

A exposição uma cadeira é uma cadeira é uma cadeira, em cartaz na Luisa Strina, de 1º de agosto a 21 de setembro, celebra a simplicidade e a complexidade de um objeto cotidiano. Com organização de Nessia Leonzini e Livia Debbane, reúne peças de cinquenta e um artistas contemporâneos e modernos – como Abraham Palatnik, Adriana Varejão, Alexandre da Cunha (em parceria com Rafael Triboli), Brian Griffiths, Flávio de Carvalho, Gabriel Sierra, Geraldo de Barros, Jarbas Lopes, Marcius Galan e Marepe -, que representam as inúmeras variações e significados de cadeiras, poltronas, bancos e banquinhos, para além de simples assentos. São extensões temporárias das pernas, dos braços e das costas, meios de alívio e descanso, e também pontos de encontro e interação social.

Com pernas, pés, braços e encosto, a cadeira remete à imagem de uma pessoa sentada, leva a uma familiaridade escultórica que continuamente fascina artistas. A mostra desafia as fronteiras do design, permite que os criadores se distanciem das exigências funcionais e ergonômicas para explorar materiais e técnicas com espontaneidade, considerando dinâmicas sociais, políticas, tecnológicas e culturais.

Trabalhos de Amelia Toledo e Edgard de Souza, por exemplo, evocam o uso de pedras e troncos de árvores como assentos primitivos, enquanto artistas como Rivane Neuenschwander e Campana reimaginam o banquinho popular brasileiro.

Peças como o banquinho de José Bento, transformado em balcão, com elementos de samba, e a cadeira recuperada de Marcos Chaves, revelam a rica tapeçaria cultural e histórica das cadeiras.

As cadeiras também são símbolos de poder e hierarquia, desde os tronos de faraós até as poltronas pomposas de líderes empresariais. Na exposição, é possível conferir peças que refletem essa grandiosidade, como a cadeira majestuosa de Seu Fernando da Ilha do Ferro e a poltrona elaborada de Flávio de Carvalho.

Uma cadeira vazia pode simbolizar a ausência de um corpo, um tema explorado em obras como “Romana”, de Ana Mazzei, e “Silla Castigada”, de Carlos Bunga. A peça de Maria Thereza Alves, criada após a morte do seu marido Jimmie Durham, é uma homenagem tocante à continuidade da vida e à memória.

A peça “Juntes”, de Iván Argote, promove a união entre seus ocupantes, funcionando como uma gangorra ou um banco de praça. A cadeira tripla, do coletivo Opavivará!, e as criações de Daniel Albuquerque e Sonia Gomes, com elementos têxteis e estofados, convidam os visitantes a se conectarem de maneiras novas e significativas.

Além disso, a exposição faz referência à história da arte, evocando obras icônicas de artistas como Van Gogh, Edgar Degas e Andy Warhol. A cadeira como tema e objeto de arte transcende o tempo, desde as pinturas de Van Gogh até as esculturas de Adriana Varejão.

“Uma cadeira é uma cadeira, nunca ‘a’ cadeira. O Mundo das Ideias é um bom lugar para uma cadeira que em nada consiste, como nas imagens – indeléveis à memória coletiva – de astronautas ‘sentados’ no próprio corpo, flutuando no espaço sideral, sem gravidade. Marcel Breuer, ao projetar assentos com o mínimo possível em seus experimentos na Bauhaus disse, utopicamente: No fim das contas, sentaremos em colunas de ar resilientes”, analisam as organizadoras.

Serviço

uma cadeira é uma cadeira é uma cadeira

Abertura: 1º de agosto, 19h às 21h

Período expositivo: 1º de agosto a 21 de setembro

Endereço: Rua Padre João Manuel, 755 – Cerqueira César, São Paulo – SP

De segunda-feira a sexta-feira, das 10h às 19h, e sábado, das 10h às 17h

Entrada gratuita.

Lista de artistas

Abraham Palatnik
Adriana Varejão
Alexandre da Cunha + Rafael Triboli
Amelia Toledo
Ana Mazzei
Andréa Hygino
assume vivid astro focus
Brian Griffiths
Campana
Carlos Bunga
Christopher Chiappa
Daniel Albuquerque
Daniel Senise
Detanico Lain
Edgard de Souza
Efrain Almeida
Ernesto Neto
Fernando da Ilha do Ferro
Flávio de Carvalho
Gabriel Orozco
Gabriel Sierra
Geraldo de Barros
Gilson Rikbaktsa
Goran Petercol
Iván Argote
Jaime Lauriano
Jarbas Lopes
Jimmie Durham
Jorge Pardo
José Bento
Karl Holmqvist
Keila Alaver
Kokoró Suyá
Lucas Simões
Makaulaka Mehinaku
Mano Penalva
Marcelo Pacheco
Marcius Galan
Marcos Chaves
Marepe
Maria Thereza Alves
Mônica Ventura + Osvaldo Costa
Nicolás Bacal
Opavivará
Raphaela Melsohn
Rirkrit Tiravanija
Rivane Neuenschwander
Rochelle Costi
Sonia Gomes
Tiago Mestre
Vivian Caccuri + Paulo Nenflidio
Yuli Yamagata

Sobre a galeria

Fundada em 1974, a Luisa Strina ajudou a promover as carreiras de uma geração de novos artistas conceituais do Brasil, incluindo Antonio Dias, Cildo Meireles, Tunga e Waltercio Caldas. Em 1992, a galeria foi a primeira da América Latina a participar da feira Art Basel.
Luisa Strina começou a trabalhar com artistas brasileiros emergentes, como Alexandre da Cunha, Fernanda Gomes e Marepe. Ao longo dos anos 2000, o grupo foi ampliado para incorporar nomes latino-americanos — Carlos Garaicoa, Jorge Macchi, Juan Araujo e Pedro Reyes — e artistas mulheres já estabelecidas, como Laura Lima, Leonor Antunes e Renata Lucas. Na última década, a consolidou a sua trajetória com a representação de nomes influentes incluindo Alfredo Jaar e Anna Maria Maiolino, assim como artistas mais jovens, como Bruno Baptistelli e Panmela Castro.

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