Fora da curva

Segmento imobiliário de Praia do Forte se consolida ao apostar em empreendimentos de alto padrão

Diogo Brasileiro / Guto Esteves

O mercado do segundo imóvel mantém alta no Litoral Norte mesmo com a baixa do setor imobiliário. É o que diz recente levantamento da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi-BA). Entre os motivos, estão a busca por empreendimentos de alto padrão com inovação em infraestrutura e a procura por espaços que ofereçam melhor qualidade de vida para as famílias.

Para o secretário de Turismo da Bahia José Alves, o Litoral Norte é um vetor turístico importante para o estado. “É uma região que não sofre com a baixa estação, os resorts e pousadas em Praia do Forte, por exemplo, estão sempre cheios”, comenta. De acordo com o secretário, a Bahia deve receber entre dezembro e março mais de 6 milhões de turistas. “Serão cerca de R$ 6 bilhões movimentados na economia do estado”.

De acordo com o sócio da imobiliária IBBI Dan Freeman, todos os imóveis nos condomínios de Praia do Forte que estão em frente ao mar já foram vendidos. “E quem já comprou dificilmente vai querer vender”, diz. O empresário aponta a segurança, o contato com a natureza e a calmaria do povoado como os principais fatores para o interesse imobiliário na região. “Comprar em Praia do Forte é muito mais fácil porque você tem liquidez. Não é especulação comprar aqui, é um investimento seguro”. Para o presidente da Ademi-BA Claudio Cunha, o público que investe em um imóvel na região procura por um refúgio de fim de semana para reunir amigos e familiares. “São pessoas que estão em busca de uma nova experiência de vida, que procuram por um lugar ideal para viver e veranear”, afirma Cunha.

Crescimento ordenado

A arquiteta Lais Galvão, que também tem uma segunda casa em Praia do Forte, costuma assinar projetos de pessoas que buscam no destino o sonho da casa de veraneio. Foi assim com um casal que comprou três terrenos no destino e contratou Galvão para elaborar o desenho. O imóvel se tornou ponto de encontro da família nos tempos livres.

“O nosso desafio principal foi buscar uma solução arquitetônica para a casa ficar arejada e integrada com a natureza, aproveitando ao máximo a área verde de um dos três terrenos”, diz Galvão, que desenvolveu um conceito em “L” e somou isso à criação de um jardim interno, o que permitiu uma disposição mais leve, ventilada e que valoriza o verde.

O desejo de estar perto da natureza é uma das buscas frequentes de quem constrói em Praia do Forte. Para os próximos anos, Dan Freeman acredita que o desenvolvimento do destino está condicionado ao crescimento ordenado. “Um desafio do povoado é proteger o máximo de área verde porque ninguém quer uma Praia do Forte feita de concreto”, comenta o sócio da IBBI.

Sobre o desenvolvimento sustentável, o prefeito de Mata de São João, Marcelo Oliveira, promete não permitir a especulação desenfreada. “Pela legislação que temos hoje, quando todos os empreendimentos forem construídos, teremos impermeabilizados apenas 10% da área da Praia do Forte. Isso é um parâmetro de referência mundial que não compromete nada o meio ambiente”, garante Oliveira.

História

Engenheiro responsável pelas obras de seis condomínios na Praia do Forte, Luiz Alberto Cendon ficou à frente da obra do Solar dos Arcos, primeiro empreendimento de alto padrão no destino, há 30 anos. “Na época, Praia do Forte era apenas uma vila de pescadores, sem sistema de esgoto, sem nenhuma infraestrutura, com chão de barro”, diz.

O condomínio, com 39 apartamentos, fica localizado em frente à Praia do Porto, reduto da desova de tartarugas. “Tivemos o cuidado de posicionar toda a iluminação para dentro para que não atrapalhasse os animais, que se guiam pela luz”, comenta o engenheiro.

Com a obra pronta, há duas semanas da inauguração, Cendon foi surpreendido por uma forte chuva que inundou a garagem do condomínio, o primeiro estacionamento subterrâneo do povoado. “A água chegou a um metro de altura. Colocamos duas bombas submersas para drenar a água”, diz o engenheiro. A água do condomínio era retirada da lagoa e tratada na casa de bombas do empreendimento. “Devido a legislação do local, não pudemos colocar tanques elevados, então, optamos por tanques de pressão para não impedir o fornecimento de água para os apartamentos”.

Futuro

Com o aumento do movimento, Praia do Forte deve receber mais serviços de educação, saúde e lazer, é o que projeta Marcelo Oliveira. “No futuro, uma maior frequência pode atrair pessoas em busca de uma primeira residência”.

Em 2019, a prefeitura promete a requalificação da entrada de Praia do Forte com acesso a um empreendimento comercial para atrair o público da vila principal, uma unidade de saúde de pronto atendimento, uma escola com ensino integral de ensino fundamental e um centro de convenções com auditório para 600 pessoas. “Queremos atrair empresários e alavancar o turismo de negócios da Praia do Forte”, diz o prefeito.

Para o secretário de Turismo de Mata de São João Alexandre Rossi, Praia do Forte já está consolidada como a principal referência no segmento do Litoral Norte. “Praia do Forte é o lugar âncora de toda essa região, atrai turistas e serve de exemplo para todos os outros destinos”, comenta.

Uma ciclovia que liga Praia do Forte a Imbassaí está sedo construída, de acordo com Rossi que adianta também, a formulação de um projeto de requalificação do Castelo Garcia D’ávila. O local oferecerá, entre os atrativos, uma vivência da época para os visitantes. O projeto ainda está em processo de captação de recursos.

Por Pedro HIjo

Matéria publicada na revista impressa da Sacada edição especial Praia do Forte

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