Profissão corretor: amor ou dinheiro?

Tendo como referência exemplos de sucesso, muitas são as pessoas que pretendem conquistar o mercado imobiliário e por isso investem em sua formação a fim de realizar seus sonhos 

por SIlma Araújo

O exercício da profissão de corretor imobiliário compreende a intermediação de compra, venda, permuta, solicitação de documentação e locação e administração de imóveis, segundo formaliza a Classificação Brasileira de Ocupações do Ministério do Trabalho e Emprego.

Para exercer a profissão legalmente, é exigido que o profissional seja credenciado pelo CRECI (Conselho Regional de Corretores de Imóveis), após a formação superior em Negócios Imobiliários ou a realização do curso Técnico em Transações Imobiliárias.

Em Feira de Santana, segundo dados da delegacia do CRECI-BA, cerca de 700 profissionais estão em atividade e diversas turmas são formadas por ano. Diante desses números, interessante é avaliar quais as intenções que levam à escolha desta ocupação. Seria por amor ou por dinheiro?

A revista Sacada buscou informações com profissionais que atuam na área e verificou que, independente do que os motivou a ingressar na atividade, o essencial para exercê-la com qualidade é a dedicação e a procura pelo conhecimento tanto do mercado como do perfil do cliente e do produto.

Ademário Carvalho Mascarenhas, sócio da Mascarenhas Imobiliária, conta que a sua carreira teve início a partir do incentivo da família e que a sua primeira experiência na área foi em uma grande empresa do ramo na cidade. “Trabalhei durante quatro anos como representante comercial de uma empresa de cosmético, em Minas Gerais, e depois desse período descobri o ramo imobiliário através de uma tia. A oportunidade de trabalho veio na R.Carvalho, onde fiquei por três anos”, lembra.

De acordo com Ademário, a oportunidade de montar a sua própria empresa foi possível por ter acreditado em seu potencial e no mercado em expansão da cidade. “A Mascarenhas Imobiliária faz cinco anos no início de 2015 e, durante todo esse tempo, percebi que vale, sim, ser corretor em Feira de Santana. O mercado vem crescendo e ainda há muito a ser conquistado. O déficit habitacional é muito alto, as pessoas continuam à procura de empreendimentos que as satisfaçam, dessa forma há muito mercado pela frente. O déficit de corretores também é grande, tem muita gente querendo vender e alugar os seus imóveis, e os profissionais não são suficientes para suprir toda essa demanda”, relata.

Ademário afirma que independente do mercado, os profissionais que realmente perduram são aqueles que se apaixonam pela profissão. “É claro que no início tem a questão do dinheiro. Pessoas que entraram no ramo ganharam muito dinheiro e investiram na melhoria da qualidade de vida, e isso é muito atraente. Mas acredito que só os que ficam são os que realmente são apaixonados”, enfatiza.

Para Samuel Paiva, diretor da Coordena, a razão pela qual escolheu a profissão também foi financeira, mas a gratificação aos seus investimentos e empenho serviu de estímulo para que ele percebesse a corretagem como a atividade da sua vida. “O que me chamou a atenção foi a oportunidade de ganho, a possibilidade de fazer a minha renda sem limites”, declarou.

Samuel conta a sua história. “Tudo partiu do incentivo de um cliente que me direcionou ao coordenador da L.Marquezzo. Ele explicou-me, em uma reunião, como funcionava a profissão e os seus riscos, alertando-me de que se não vendesse, não ganharia. Orientou-me a fazer uma reserva financeira, porque dentro das expectativas, quando alguém iniciava, somente depois de três meses conseguia fechar a primeira venda. Disse-me que o mínimo que se ganhava era dois mil reais por mês, na época. Mas fiz uma pergunta para ele que foi chave: não gostaria de saber quanto é o menor ganho, queria saber qual era o maior, porque seria o que eu ganharia. Almejava estar entre os melhores. Para isso, trabalhei e dediquei-me totalmente. O resultado foi que, em uma semana, vendi meu primeiro imóvel. No primeiro mês, vendi quatro unidades; no segundo mês, fui o número um em vendas. Com três meses, fui promovido a coordenador dentre nove corretores”.

Samuel destaca o segredo da postura do corretor de sucesso, afirmando que planejar e poupar são os pilares da profissão. “Um dos erros dos corretores é que em um mês ele ganha cinco mil e começa a fazer despesas baseadas nesse ganho. Porém, como a renda não é constante, as finanças ficam desestabilizadas. Então, se ele não tiver uma despesa mensal enxuta, terá problemas. O ideal é que mantenha uma poupança, porque o corretor inteligente poupa”, orienta.

Tendo como referência esses exemplos de sucesso, muitas são as pessoas que pretendem conquistar o mercado imobiliário e por isso investem em sua formação a fim de realizar seus sonhos. É o caso de Dayana Silva, que sempre trabalhou indiretamente com corretagem e, por conviver de perto com a profissão, decidiu seguir a carreira. Dayana foi coordenadora comercial da Damha Urbanizadora e da Mirante Imobiliária. “Não foi uma escolha direta. Em todos os meus trabalhos anteriores não atuava diretamente na venda, exercia mais a parte de processos, como documentação, análise de crédito, cadastro. Mas eu estava interligada ao processo de venda, porque o cliente vinha tirar dúvidas e, no momento em que o corretor não estava, eu representava a construtora, exercia o suporte. O meu primeiro contato com a profissão foi esse”, lembra.

Dayana diz que conhecer melhor a profissão antes de decidir foi essencial para aprender a admirar a carreira e saber exatamente a área do ramo imobiliário em que deseja atuar. “Não é só por dinheiro. O corretor tem um papel muito amplo e acaba vivendo uma paixão com o que faz. Há um leque de funções que se pode exercer, não precisa necessariamente vender, pode administrar imóveis, especializar-se como perito avaliador, fazer gestão de equipes, ajudar na coordenação de projetos. E é nessa gama de possibilidades que se acaba ganhando gosto”, diz.

Matéria publicada na versão impressa da revista Sacada.

Foto: Divulgação

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