“Awon Ona Jagun” comemora 21 anos de posse da Iyalorixá do Gantois
A oralidade é o fundamento básico no candomblé, é veículo de transmissão de hábitos, informações e sistemas. Do mesmo modo como aprendeu na convivência em grupo, Mãe Carmen repassa aos iniciados lições e testemunhos de vida que servem de exemplo. E é essa trajetória, a partir de iniciativa dos filhos do Gantois, que passa a ser registrada em linhas poéticas, comemorando seus 21 anos como Iyalorixá do Gantois.
Em formato de livro ilustrado, intitulado “Awon Ona Jagun – Narrativas de Mãe Carmen de Osaguian”, pela Editora Tecnomuseu, integrando a Coleção Ancestralidade, Sabedoria e Trajetória, o lançamento acontece no dia 29 de maio, a partir das 18:30h, na Câmara Municipal de Salvador, juntamente com a entrega da Comenda Maria Quitéria à Iyalorixá, por iniciativa da vereadora Marta Rodrigues.
O trabalho contou com a produção artística do designer Breno Loeder e consultoria linguística em iorubá do Prof. Adinelson Akambi Odé e traz algumas histórias da vida de Mãe Carmen, desde o seu nascimento e percurso dentro do contexto das responsabilidades religiosas nos ritos do axé do Gantois, servindo de natural ensinamento dentro da comunidade-terreiro, em palavras que trazem emoção, encantamento e responsabilidade no desafio de “documentar” pilares e valores, e assegurar que os preceitos de matriz africana adentrem o futuro.
História do Gantois
No Gantois, com tradições da etnia egbá-alakê, Maria Júlia fundou a comunidade-terreiro em 1849, deixando um legado de formação jeje-nagô, repassado a Iyá Pulchéria e Mãe Menininha no século XX e, desde 2002, Mãe Carmen segue o caminho determinado de manter os costumes.
Seja através de contos, cânticos, provérbios ou fatos, os mais velhos “recontavam” vidas e memórias; eles sempre foram as “bibliotecas” do saber coletivo. Por gerações, dentro da perspectiva hereditária, atendendo à organização de linhagem consanguínea e sentido de identidade, o Gantois manteve esse ritmo sequencial histórico, chegando a Mãe Carmen, na contemporaneidade, ainda com a preservação de conhecimento litúrgico de seus antepassados.