Tecnologia e planejamento podem mudar realidade demoradores de centros urbanos
Utilizar recursos tecnológicos para oferecer melhor qualidade de vida em metrópoles. Esta é a proposta de grandes companhias e empresários do mercado imobiliário ao apostarem na construção de cidades a partir do zero e planejarem um modelo de convivência mais sustentável em centros urbanos. As chamadas cidades inteligentes (ou smart cities) já existem ao redor do mundo e servem de referência para a fundação de espaços onde a tecnologia é uma ferramenta para conectar pessoas.
À frente de um dos primeiros projetos de cidade inteligente no Brasil, o arquiteto Antonio Caramelo acredita que o novo modelo pode acabar com engarrafamentos, diminuir o desperdício de energia e automatizar serviços. Essa realidade já é comprovada em cidades como Songdo, na Coreia do Sul, e em Masdar, nos Emirados Árabes. A conectividade nessas cidades está de tal modo ativada que “Em Songdo, por exemplo, quando uma pessoa tomba, o contato do corpo com piso da casa é indentificado é feito um contato com o endereço, tudo por meio da tecnologia”, diz Caramelo.
O arquiteto, em parceria com o urbanista e paisagista Benedito Abbud, tocam há quase dez anos o projeto de uma cidade inteligente de 50 milhões de m² localizada no Centro Oeste da Brasil. Ainda sem nome divulgado, o projeto utiliza a inovação para reconfigurar os conceitos tecnológicos relativos de mobilidade e serviços e está em fase de pré-execução.
Em cidades inteligentes, via de regra, os equipamentos,produtos, lugares, de uso público, acessos, vias, modais de transporte, controles, check-outs, em fim…tudo ou quase tudo está vinculado à um chip. Assim, evita-se desperdício controla-se a qualidade de produtos, libera-se acesso, apropria-se o consumo e custos, cronometra-se e disciplina-se a limpeza pública aspirada, fiscaliza-se, faz-se a vida ficar mais fácil, mais rápida, muda-se a dinâmica das coisas, ganha-se mais tempo, tempo que hoje se constitui no mais valioso produto no presente e quiçá no futuro.
A palavra de ordem dentro do planejamento urbano moderno é mixsed-use!
A organização urbana também é um diferencial do modelo. Em Songdo, por exemplo, as residências estão próximas de opções de serviço, o que evita grandes deslocamentos. “O modelo de Brasília, em que primeiro as rodovias eram desenhadas e depois as construções surgiam, obedeciam a princípios corbusianos tendo o carro como prioridade. Nas cidades inteligentes, segundo o novo urbanismo, prioriza-se a mobilidade e o bem estar do cidadão, as cidades são mais humanizadas, mais sustentáveis e mais seguras.
No Nordeste
Em construção na cidade de São Gonçalo do Amarante, na região metropolitana de Fortaleza (CE), a cidade de Laguna é a primeira empreitada do Brasil neste grupo de alto investimento. Localizada em um centro cercado de indústrias de exportação, a cidade inteligente estará implantada em uma área de mais de 3 milhões m², e contará com a produção da empresa italiana Planet.
Após a finalização da estrutura básica de iluminação e saneamento básico, Laguna agora recebe a construção das residências, que devem atender aos funcionários das indústrias locais. Inspiradas em residências de condomínio fechado, as casas serão personalizáveis e localizadas em ruas largas, arborizadas e construídas em volta de um lago.
A cidade contará ainda com vídeo monitoramento em temporeal, compartilhamento de produtos e serviços entre moradores, além de hortas e cozinhas comunitárias.
Por Pedro Hijo
Matéria publicada na 10ª edição impressa da revista Sacada