Muitas vezes, a prática inadequada da agricultura provoca danos ao solo, à água e à biodiversidade
A produção de alimentos orientada por uma assistência técnica e extensão rural (Ater) qualificada e direcionada a práticas sustentáveis, como a da Agroecologia, tem feito a diferença no cuidado desse importante elemento da natureza, que é o solo, celebrado nesta quinta-feira (15), como o Dia Nacional da Conservação do Solo.
Para promover a disseminação desses conhecimentos, que influenciam diretamente na qualidade de vida de quem vive no campo e trabalha na produção de alimentos, o Governo do Estado oferta, para mais de 80 mil famílias, o serviço de assistência técnica e extensão rural (Ater), em diversas modalidades, sob a execução e coordenação da Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater), unidade da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR). Um desses exemplos são as ações agroecológicas continuadas, realizadas pela Bahiater/SDR no Território de Identidade Irecê, para evitar a destruição dos solos agricultáveis. Dentre as ações desenvolvidas estão a Ater Agroecológica, com destaque para o manejo ecológico do solo; e intercâmbios técnicos.
“Muitas vezes, a prática inadequada da agricultura, sem os devidos cuidados, provoca danos ao solo, à água e à biodiversidade, causando também contaminação dos alimentos. Assim, parte dos solos brasileiros encontra-se erodido, compactado e poluído, devido ao manejo incorreto, ao uso de agrotóxicos e adubos químicos, que provocam a infertilidade dos solos”, destaca o técnico da Bahiater, Edvaldo Reinaldo, engenheiro agrônomo, especialista em Agroecologia.
Capacitação em agroecologia
No território, também é ofertado curso de Agroecologia para agricultores e agricultoras familiares, com carga horária de 24h, e aulas teóricas e práticas. Durante as aulas práticas, o produtor tem a oportunidade de participar de excursão a uma propriedade e de práticas sobre compostagem, uso da matéria orgânica, como cobertura do solo, biofertilizantes e a produção de inseticidas naturais com plantas.
“Essas práticas colaboram para a conservação do solo e para o desenvolvimento da agricultura sustentável e contribuem para avançarmos na prática da função social do Estado, que é promover o bem comum, com vistas à sustentabilidade da geração atual e das futuras”, completa Edvaldo Reinaldo.
O agricultor Albino Rocha dos Anjos, do Povoado de Mata da Serra, em Mulungu do Morro, participou do Curso, e é assistido pela Ater Agroecologia. Ele já colhe os frutos desses ensinamentos com a colheita, em 2020, de 180 sacas de café, equivalentes a 10.8 toneladas, mesmo em área de sequeiro. Ele conta que, apesar de antes já não usar insumos químicos, os ensinamentos contribuíram para melhorar os cuidados com o solo, especialmente no que que se refere à camada de cobertura do solo e o uso de biofertilizantes, entre outros: “Eu deixava a roça sempre limpa, mas passei utilizar a matéria orgânica, com palhas de café e de mamona, junto com a adubação orgânica. E deu bom resultado na colheita”.
Patrimônio da sociedade
O professor Marcos Roberto da Silva, do Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), que também é engenheiro agrônomo, afirma que o solo é o maior patrimônio de uma sociedade, por isso é importante conservá-lo: “Esse patrimônio é responsável pela produção de alimentos e a lavoura, quando é trabalhada em um solo bem conservado, é uma diretriz para uma boa prática agrícola, pelos produtores. O solo mais produtivo, em função da conservação, influencia diretamente no desenvolvimento das culturas, ou seja, automaticamente a gente tem maior produtividade”.
O professor reforça ainda a necessidade de conscientização e sensibilização da sociedade, para que, sabendo da importância do solo, possa trabalhar para não haver problemas causados pelo seu mau uso, como o da erosão, buscando uma harmonia entre as características químicas, físicas e biológicas do solo. Segundo Marcos Roberto, as práticas conservacionistas do solo e a harmonia entre as essas características, possibilitam uma maior produção de, provavelmente, plantas mais saudáveis, pela maior disponibilidade de nutrientes, com condições adequadas de aeração, infiltração e armazenamento de água, deixando as plantas menos suscetíveis a intempéries, como as das mudanças climáticas.
Ater na Bahia
A prestação do serviço de Ater na Bahia é realizada por meio de chamadas públicas, por equipes diretas, que atuam nos 27 Serviços Territoriais de Apoio à Agricultura Familiar (SETAF), e também a partir de parcerias firmadas com prefeituras municipais e consórcios públicos. Com conhecimentos e experiências práticas, a Ater na Bahia já apresentam resultados concretos, não só no aumento da produção e produtividade, qualificação da produção e sustentabilidade ambiental, mas se revertem em aumento da renda e da autonomia da agricultura familiar em toda a Bahia. | *Por: Ascom/ SDR