As experiências vividas desde a graduação foram pontes para escrever a sua história profissional
por Silma Araújo
Natural de Fortaleza, Ceará, Nilo Teixeira formou-se arquiteto visando profissionalizar a sua aptidão cultivada desde a juventude. “Escolhi arquitetura porque sempre gostei de desenhar. Lembro-me que, na época de escolher a profissão, no vestibular da Universidade Federal do Ceará (UFC), não havia outra área que contemplasse a minha afinidade pelo desenho como a arquitetura”, conta.
As experiências vividas na profissão, durante a graduação, foram pontes para que, ao chegar a Feira de Santana, em 1992, conquistasse espaço nos escritórios feirenses e escolhesse a cidade como sua residência. “Desde o segundo semestre da faculdade já estagiava, o que proporcionou a minha passagem por escritórios de arquitetura, decoração e canteiros de obras. Já em Feira de Santana, tive a oportunidade de trabalhar no escritório de Juraci Dórea e Everaldo Cerqueira, assim como no de Inês Cerqueira e Rita Rebouças, além de parcerias com vários arquitetos da cidade”, destaca.
Logo em seguida, Nilo monta seu próprio escritório e, pensando em ingressar no serviço público, em 1998, foi investido arquiteto da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Entretanto, esse ainda não era o seu único sonho, pois desejava mais que apenas exercer a profissão, ansiava transmitir seu conhecimento através da docência. Há seis anos como professor titular da disciplina de desenho arquitetônico na instituição, pôde realizar-se.
Atualmente acumulando várias funções profissionais, Nilo destaca a sua paixão também pela prática de esportes. “A minha atividade principal é a corrida; as demais, como arquitetura, docência e as charges que faço para o Arquitexto, informativo da APAFS (Associação Profissional dos Arquitetos de Feira de Santana), são apenas hobbies (risos)”, descontrai.
Especializado em ensino do desenho (UEFS), Arquitetura Hospitalar (UFBA), e mestre em engenharia civil e ambiental (UEFS), Nilo, além de atuar no segmento residencial e comercial, contabiliza vasta experiência com projetos direcionados a hospitais, clínicas e consultórios.
Com trabalhos realizados em Fortaleza, Salvador, Feira de Santana e outras cidades importantes do interior baiano, o arquiteto destaca a sua marca arquitetônica em cada projeto realizado. “O que me encanta na profissão é o desenho, explorar o belo, afinal a estética também é importante. Por isso, mesmo em projetos mais engessados, como o de hospitais e clínicas, busco a liberdade de criação e inovação ao explorar a criatividade ao destacar, em suas fachadas, traços diferenciais”, revela.
Ao comparar os projetos hospitalares aos residenciais, Nilo considera que o diferencial está no direcionamento da estrutura interna, visto que o mais importante em clínicas e hospitais é humanizar o ambiente ao considerar o conforto do paciente, para que se sinta acolhido, e os funcionários, motivados. Esta visão formaliza o projeto, diferentemente das estruturas residenciais, onde há mais liberdade de criação.
Movido por desafios, o arquiteto destaca uma das obras que lhe trouxeram grande prazer na criação, como a do campus universitário da Faculdade Maria Milsa (FAMAM), em Governador Mangabeira. “Nesse projeto, explorei a criatividade e a ousadia no pórtico de entrada, e ao apresentá-lo ao diretor, ele acreditou e apostou na ideia. Sem dúvidas, foi extremamente gratificante ter o prazer de ver sair o traço do papel e presenciar a satisfação do cliente”, relata.
Visto a sua afinidade com a impressão artística nas obras, o arquiteto suscita o valor de se explorar o desenho rico em detalhes nos atuais empreendimentos da cidade. “As composições poderiam ser mais criativas, superando a proposta comercial, ao contemplar também os aspectos artísticos, como vemos nas edificações da década de 80 pensadas por Juraci Dórea, Amélio Amorim, Raimundo Pires”, posiciona.
Analisando a atual conjuntura do cenário arquitetônico feirense, ele observa que os novos horizontes abertos pelos cursos de arquitetura, suscitam a necessidade de reflexão sobre o papel do profissional. “O cenário da arquitetura de Feira está incerto e irá sofrer mudanças. Com a vinda dos cursos de arquitetura, resta-nos aguardar a resposta do mercado ao receber esses novos profissionais. Nessa perspectiva, vale ressaltar que cabe aos docentes incentivá-los a pensar e agir com ética e, sobretudo pensar na cidade, no cuidado com a Feira que queremos, vislumbrando o futuro e executando projetos que beneficiem a todos”, evidencia.
A partir dessa constatação, Nilo ratifica a importância da APAFS no papel de orientadora dos posicionamentos diante do novo contexto. “A associação tem que estar alerta para essa nova conjuntura, e faz-se mais que importante nesse novo cenário, pois é através dela que somos ouvidos sobre a postura do profissional e nos pontos de discussão relevantes para o desenvolvimento da cidade”, diagnostica.
Matéria publicada na versão impressa da revista Sacada.