Tufi Mousse cria Studio Alfi como metáfora da vida

A partir da tipologia da mesa Alfi, projetada pelo escritório, tema desta edição “Infinito Particular” ganha corpo, expressão e simbologia no espaço de 50 metros 

Créditos fotos: MCA Estúdio.

Na vida mais vale agir com jeito do que força, ter mais espaço livre do que acumulado. Agrupar o necessário, ao invés do excesso. Saber exatamente quem se é e como se mover nessa trama existencial. O lugar que se habita é espelho não narcísico neste caso, mas um local conexão de pertencimento e deslocamento constante.

Embarcado no tema central “Infinito Particular”, o arquiteto Tufi Mousse equilibra a poesia com a racionalidade arquitetônica para construir um simulacro significativo nesta edição comemorativa da CASACOR/ São Paulo. São 35 edições realizadas e esta ocorre de 5 de julho a 11 de setembro, no Conjunto Nacional alocado na Avenida Paulista. Esta é a terceira participação do escritório catarinense com sede em Joinville e também em São Paulo.

Apelidado de Studio Alfi, nome da mesa criada pelo profissional para CASACOR/SC 2021 – somam nove mostras catarinenses no currículo -, a peça representa mais do que uma tipologia para acolher o corpo em momentos de convívio e companhia. Alfi é literalmente uma simbologia que manifesta-se nos 50 metros quadrados do espaço. E convoca a perceber o “Infinito Particular” a partir da forma deste mobiliário. Sim, o arquiteto assume a relação como proposta reflexiva e espacial.

“A configuração do Studio se dá, na mesma proporção, maximizada da mesa desenhada pelo escritório para a mostra catarinense passada. A ideia de elegê-la como uma imagem/ representação para desdobrar a temática gerou uma grande estrutura em madeira natural torneada. Robusta, como uma camada externa maciça, porém com uma ordenação interna em metal. Os pés de metal que encontram o chão dão firmeza e apoio. A mesa corpulenta, porém de base delicada e firme, representa a vida e a ideia de levá-la com leveza, sabedoria”, explica Tufi.

Seja na ideologia de encarar os dias, seja no layout descomplicado e funcional. A leveza ainda se conceitua numa distribuição integrada com áreas de utilidade para o corpo que formam um ecossistema único e simplificado. Subjetiva uma forma de ser no espaço, resolvida e madura sem cair no clichê etário. O lugar do equilíbrio e da fluidez que se conquista, passa pelas escolhas, passa pelas singularidades e prioridades como uma espécie de inventário fiel da vida.

Da cozinha para a sala, poucos passos para o dormitório, closet e banheiro. Os móveis que acomodam os movimentos motores ordinários – muitas das peças desenhadas pelo escritório e lançadas nesta edição – revelam traços orgânicos e lineares. A decisão foi predominantemente pelos materiais naturais, incluindo o reaproveitamento de pedras para compor as superfícies das bancadas e divisórias em MDF que garantem a utilização pós mostra. E como descarte não é uma opção para o escritório, a laje original fica à mostra dando mais amplitude e reconhecimento da história que a arquitetura do edifício conta.

Na paleta de cores prevalece o verde e o tom amadeirado. As matizes cromáticas mais discretas transparecem com a luz natural, filtradas pelas amplas aberturas ladeadas por esquadrias torneadas na madeira natural. Com marcação assimétrica, o impacto visual dos janelões opostos é expressivo.

“Seguimos o conceito modernista, no qual defende que a casa tem que funcionar, tem que ser um facilitador da vida do morador/a. Uma máquina de morar que resolve a vida. Sem muitos adornos, com mobiliário de desenho limpo. É o que propomos neste estúdio”, reforça o arquiteto. O Studio Alfi é um retrato contemporâneo do tempo, do espaço, do agora. Do Infinito que existe em cada corpo, no recorte de suas experiências, protagonismo e decisões. 

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