A arte da transformação

Como um quebra-cabeça aleatório, Pithon cria belos artigos decorativos

Foto: Sacada

O talento do artista plástico Pithon é responsável pela produção de peças singulares, criadas a partir de matérias-primas como zinco galvanizado, alumínio, inox e ferro. São colheres, calota de carro, raquete de tênis, estrado de cama de ferro, brincos, tampas de alumínio, e madeira (usada como suporte das peças) que, minunciosamente trabalhadas, são transformadas em belos artigos decorativos.

Como um quebra-cabeça aleatório, Pithon parafusa os utensílios, montando-os através de suas formas iniciais que, ao final, recebem o acabamento com betume e tinta para ferro. “Vejo um material e imagino em que poderia transformá-lo, isso preservando ao máximo a sua estrutura e montando a partir da forma que já existe”, explica.

Artista autodidata, natural de Jequié, Pithon é também programador visual e ao recordar sua infância, mostra uma das suas grandes influências. “Iniciei como pintor. Começo pelo desenho e vou para a escultura, que foi surgindo como uma oportunidade de coisas novas. Considero que o escultor é um armador e gosto muito do que faço. Tenho muito a lembrança de meu pai, que era torneiro mecânico e criava as peças que precisava”, comenta.

Usando materiais doados por amigos e os que encontra descartados nas ruas, o artista é sensível aos detalhes, retratando situações do dia a dia. “Não reciclo os materiais, apenas os transformo em coisas que passam uma mensagem, principalmente sobre o cotidiano. Cito como exemplo a peça em que usei todas as partes de um portão doado por uma senhora. Algumas delas já vieram cortadas e o resto fui moldando. Também com a maquete em que retratei Jequié, o alto-relevo usado para criar a estrutura de toda cidade foi apenas montando uma peça sobre a outra”, exemplifica.

Ao fazer considerações sobre as inspirações que estimulam as criações das obras de arte em geral, Pithon afirma que “o artista é observador e capta com sua sensibilidade, expressando na arte aquilo que percebe ao seu redor. E a arte tem essa coisa belíssima de transformar. O leitor da obra se identifica e acaba por interpretar, então cada um recria a partir da sua vivência. Por isso, toda obra sofre a releitura de cada pessoa”, posiciona.

Por fim, Pithon revela seu desejo de futuramente manter uma coleção de suas criações para expor ao público. “Algumas das peças não comercializei porque tenho a vontade de montar um acervo próprio aberto à visitação”, conta.

Algumas das obras do artista podem ser vistas em exposição no Museu Regional de Feira de Santana e outras, adquiridas em lojas especializadas em decoração na cidade.

Foto: Sacada

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