Com escritório em sociedade, as arquitetas vislumbram os desafios de novos projetos
por Silma Araújo
Duas feirenses que se mudaram para Salvador com o objetivo de seguir os estudos e, em um estágio durante as férias do curso de Arquitetura, no escritório de Ana Cristina Monteiro, se conheceram. Desde então, uma grande amizade transpôs o período de trabalho e, em um misto de ousadia e desejo de continuar aprendendo, montaram, em março de 2014, um escritório em sociedade.
Com a combinação das palavras de ordem: inspiração e ousadia, as arquitetas e amigas Ivy Maia e Kyze Vasconcelos, exercitam as ideias e buscam juntas propor coisas novas aos seus clientes.
Para a dupla, o desafio de desbravar o mercado de Feira – que embora tenha um perfil tradicional, é muito receptivo às novas ideias – é estimulador. E isso é o que irá motivá-las nesta nova jornada. Formada pela Universidade de Salvador (UNIFACS), em 2010, Ivy Maia conta que, a princípio, sua intenção era exercer odontologia, entretanto, às vésperas da escolha do vestibular, algo mudou sua opinião. “Sempre sonhei em ser dentista, contudo, em uma palestra que assisti no colégio, no período do 3° ano colegial, vi que esta não era a minha área. Ao preencher as alternativas no formulário de inscrição do vestibular, a arquitetura despontou”, lembra.
Crescer e aprender na área que escolhera exigiu o exercício da prática, e foi em seus estágios acadêmicos que a experiência e a satisfação profissional concretizaram- se. “Estagiei durante todo o curso. Primeiramente, em um estágio durante as férias, no escritório de Ana Cristina Monteiro, em Feira, e depois com Paulo Melo, Paulo Andrade e Paulo Mendonça, em Salvador”, relaciona.
O trabalho realizado com presteza e competência fez com que Ivy passasse de funcionária a sócia do escritório em que atuava. Esse foi o primeiro passo para expandir seu knowhow. “No último dia de estágio no escritório de decoração em que trabalhava, em Salvador, recebi um telefonema do escritório de Ana Cristina com o convite para voltar a estagiar. E assim fiz. Depois de certo tempo tornei-me sócia, totalizando quatro anos junto ao escritório de Ana”, relata.
Ganhar o Troféu Imprensa 2013 foi o reconhecimento do exercício da arquitetura com empenho e qualidade, considerando seu pouco tempo de carreira. “Foi ótimo e, simplesmente, não esperava, porque concentrava os trabalhos dentro do próprio escritório. Senti-me lisonjeada pelo reconhecimento”, afirma Ivy.
O caminho de escolha pela arquitetura também não foi muito diferente para Kyze Vasconcelos. Baseada na observação, a opção por essa carreira foi feita às vésperas da prova de vestibular. “Pensava em cursar Direito, porém não passei na prova, quando decidi fazer cursinho. Nesse período, uma reforma em minha casa me fez pensar sobre a atuação do arquiteto. Verifiquei o quanto essa profissão é importante. Ela é responsável por tirar o homem da natureza e o pôr imerso na civilização. Contemplando desde o urbanismo até chegar ao interior das residências, o arquiteto passa por todos esses âmbitos de trabalho. Então acabei me apaixonando”, destaca.
Dedicada a aprender ao máximo tudo o que a arquitetura pudesse lhe oferecer, Kyze aproveitou oportunidades que a vida acadêmica proporcionou. “Estagiei em Luiz Humberto, com a indicação de Ana Cristina Monteiro, e em Valença e Valença Arquitetura e Interiores, também em Salvador. Sempre busquei trabalhar em escritórios de projetos na área residencial, comercial e na área de interiores. Com isso, trabalhei com empreendimentos de condomínios, hotéis, postos de gasolina, que foram projetos muito importantes na minha trajetória profissional”, posiciona.
Através das experiências já adquiridas, Kyze, com responsabilidade e ousadia, começou a trabalhar por conta própria, elaborando projetos que ampliaram seus conhecimentos e sua rede de relacionamentos profissionais. “Ainda na universidade, fiz diversos projetos, inclusive a área de convivência do condomínio onde morava. O volume de trabalho era tanto que tive que sair do escritório de Valença e Valença, por conta dos projetos particulares”, explica a arquiteta.
Recém-formada em setembro de 2014, Kyze conta que, embora a arquitetura não tenha sido a primeira opção de escolha de profissão, esta foi a sua melhor decisão. “Hoje não me vejo fazendo outra coisa senão a arquitetura”, evidencia.
Com relação ao seu entendimento sobre o significado de arquitetura, Kyze afirma que se trata da capacidade do homem em sair da natureza e organizar-se em civilização com o maior conforto e senso estético possível, simplificando a experiência de espaço e vivência com o maior aproveitamento.
Na perspectiva de Ivy, o conceito de arquitetura reside na concepção de que a arquitetura está em tudo, em todos os espaços. Pensar a forma de morar e viver a cidade é fundamental a todos, embora, às vezes, a arquitetura passe despercebida.
Seguindo o viés de pontos de vista sobre a profissão, juntas, Kyze e Ivy pretendem unir seus perfis de trabalho a fim de fortalecerem a parceria. “Nossos perfis se completam porque sou muito ousada, enquanto que Ivy, por ter mais experiência em atuar no mercado, é concentrada e racional. Nesse sentido, conseguimos um equilíbrio bacana”, pontua Kyze.
Quanto às perspectivas de futuro, Ivy afirma que, sem estipularem área de atuação específica, irão basear-se no trabalho com responsabilidade. “Como estamos começando, estaremos abertas a todas as propostas de desafio, tanto da área de arquitetura, passando por empreendimentos, como interiores também”, considera.
Matéria publicada na versão impressa da revista Sacada.