A iluminação como recurso de ambientação

Isa Rios, arquiteta especializada em iluminação, faz considerações importantes sobre os conceitos fundamentais da utilização de luz 

Foto: Arquivo Isa Rios/Bella Luce

por Silma Araújo

A iluminação é um dos artifícios usados pela arquitetura que explora a luz artificial para complementar o ambiente, sendo capaz de transformar e valorizar cada espaço de formas distintas e destacar pontos específicos que se queira evidenciar. O que geralmente diferencia os projetos entre si é a escolha entre explorar ou não esse recurso luminotécnico, visto que, quando não se utiliza, a iluminação do local é básica, sem cenas e, muitas vezes, sem funcionalidade. A luz cênica é aquela que, utilizando focos, filtros, angulações, temperaturas de cor, fidelidade ou não de cores e outros recursos técnicos produz diversos cenários e efeitos.

Isa Rios, arquiteta especializada em iluminação, faz considerações importantes sobre os conceitos fundamentais da utilização de luz no ambiente. “Um dos princípios básicos é considerar que luz é reflexão. Assim, diante de uma superfície clara, não há necessidade real de muita iluminação artificial, comparado à superfície escura, que por não possuir reflexão, necessita de um maior cuidado luminotécnico como recurso de conforto visual e térmico”, frisa.

Segundo a arquiteta, existem distinções entre os critérios técnicos apresentados nas lâmpadas que devem ser observados pelos profissionais para que o efeito pretendido no projeto seja realmente alcançado. “As lâmpadas possuem diversas temperaturas de cor que estão relacionadas às sensações estimuladas no usuário. A lâmpada fluorescente branca azulada a 6500k, por exemplo, produz a sensação de agitação/excitação de sentidos e é ideal para áreas comerciais e industriais, além de áreas tipo fastfood, pois produzem o efeito desejado nesse tipo de uso – alta rotatividade e agilidade. As fluorescentes, ditas “amarelas”, – entre 3000k e 2700k – são recomendadas para uso residencial e afins, pois trazem em si a sensação de aconchego. Outro indicativo importante que está presente nas lâmpadas é o IRC – Índice de Reprodução de Cores que se refere ao nível de fidelidade de reprodução das cores, tal como se apresentam na natureza”, descreve.

Por considerar a iluminação como recurso técnico e não apenas como recurso de decoração, Isa recomenda que a elaboração do Projeto Luminotécnico deva acontecer ainda e juntamente com o projeto arquitetônico. Ao determinar o uso da edificação e definir um layout básico, com a intenção de atender os pontos principais do ambiente, deve-se dar importância a essa etapa inicial, e não deixá-la somente para o momento da decoração, que já é o final de todo o processo de ambientação e gera custos adicionais, pois não foram previstos no momento mais adequado.

Sobre os locais de afixação para valorizar os ambientes da residência, a arquiteta sugere, de modo geral, que a iluminação central, na sala, seja explorada sobre a mesa de centro e os pontos de luz fixados sobre os quadros. Na sala de jantar, um ponto de luz sobre o buffet e outros no centro do cômodo. Na cozinha, como tudo tem que ser funcional, a luz tem que ser aberta e difundida por todo o espaço, com muita claridade, podendo usar os focos pontualmente.

Nos quartos, tradicionalmente se faz uso de luz central, mas explorar os pontos em frente aos armários, bancadas de estudos, cabeceira da cama, que são as áreas realmente funcionais são a melhor alternativa. No banheiro, dependendo do seu tamanho, pode-se usar entre o vaso sanitário e o box, saindo do convencional de instalar somente no meio do cômodo e próximo ao espelho. No entanto não há regras fixas, pois cada uso será definido respeitando-se a necessidade individual do cliente.

Isa pondera sobre o consumo de energia enfatizando que o cuidado também com o meio ambiente é importante, por isso deve-se ter a intenção de reduzi-lo ao máximo. Assim, no projeto arquitetônico, ela orienta aproveitar ao máximo a luz natural e utilizar lâmpadas econômicas, como as de led, que embora sejam mais caras, possuem melhor custo benefício, visto que possuem um tempo de vida útil bem amplo, variando de 25.000 a 50.000 horas. (As lâmpadas incandescentes duram em média 1.000 horas).

Há 18 anos trabalhando com iluminação, Isa despertou o desejo por esta área a partir de sua admiração pelas possibilidades que os efeitos de luz podem proporcionar, bem como no uso eficiente dos sistemas lumínicos para preservação do meio ambiente. Com diversos projetos realizados, a Arquiteta e Lighting Designer tem como últimos trabalhos a loja Design Acabamento, o Residencial Green Ville, a Distribuidora Mascarenhas, o projeto da área externa do Villagio IL Campanário, o Salão Casal 20, fachadas do Hotel Atmosfera, residência de Ricardo Marques, além de inúmeros projetos em parceria com Ana Cristina Monteiro e outros renomados profissionais da cidade.

Matéria publicada na versão impressa da revista Sacada.

Foto: Arquivo Isa Rios/Bella Luce

Foto: Arquivo Isa Rios/Bella Luce

Foto: Arquivo Isa Rios/Bella Luce

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