Com construções cada vez mais próximas umas das outras, nem sempre é possível preservar o espaço íntimo. Profissionais mostram soluções práticas para evitar bisbilhotice de vizinhos
Os apartamentos de hoje estão não só cada vez menores, mas também mais próximos uns dos outros. Por isso, evitar a curiosidade do vizinho e um olhar de vigia, voluntário ou não, é cada vez mais difícil, mas não impossível. É o que garantem duas arquitetas, que dão dicas especiais de decoração para manter a privacidade em casa. Nada de ser flagrada trocando de roupa no quarto ou tendo o almoço cobiçado pelo apetite alheio. Estela Netto, arquiteta e especialista em história da cultura e da arte, conta que os recursos óbvios para se livrar do olhar indiscreto são as cortinas e as persianas.
Ela lembra que, dentro da variedade das persianas, há escolhas bacanas, com efeito contemporâneo e bonitas. “Tem persianas que vão manter a qualidade sem fechar demais, revelando apenas a silhueta. Uma exposição mínima. Os modelos rolô são opções práticas e modernas, com perfeita proteção solar, que combinam a leveza da cortina com a funcionalidade da persiana. E tem ainda aquelas com cores e texturas diferentes, que se encaixam na proposta de cada projeto.” A arquiteta lembra que é possível escolher tramas variadas, mais abertas ou fechadas. “É a relação entrada de luz versus privacidade. Tudo depende da composição do ambiente. Daí a importância da orientação profissional.”
Outra dica superbacana de Estela são os jardins verticais. “Se for montá-lo na varanda, é possível criar uma coluna nas laterais, seja de madeira ou estilo de grade. Uma solução bonita para o morador e bem-vinda para o vizinho. Os dois ganham.”
Esse tipo de jardim ganha cada vez mais espaço nas casas, por ser uma linda opção de acabamento. Em vasos ou cestos pendentes, na varanda ou terraço, eles permitem ajardinar na vertical sem roubar espaço. Com uma instalação de gelosias (grade de tiras compridas e estreitas de madeira colocada no vão de janelas ou portas) com trepadeiras ou pequenos arbustos. As duas opções são bacanas.
Entretanto, deve-se escolher a planta certa. Os arbustos de copa alta, por exemplo, são boa solução, pois não ocupam muito espaço. Enqunto que o cipreste ou a tuia, impedem a passagem do vento e isolam, portanto é melhor evitá-los em jardins pequenos.
A arquiteta recomenda evitar as películas reflexivas, que são legais somente em escritórios, devido a funcionalidade, “na claridade, quem está no ambiente protegido com a película não é visto, mas à noite o efeito é o contrário. A visibilidade se inverte. Na falta de luz, o espaço vai ser supervisto”.
Estela enfatiza que, para evitar a bisbilhotice alheia, é importante ter cuidado também na hora de construir. Por isso, é fundamental “estudar com o arquiteto como será a implantação do projeto. Às vezes, a topografia, a proximidade de lotes ou o tamanho da casa podem proporcionar um contato indesejável com o vizinho. Para evitá-lo, é possível, com informações técnicas, mudar a posição da janela, e deixar um ambiente, como a área de serviço, mais exposto do que a sala de estar. É importante ainda perceber como será o relacionamento com os lotes ao redor”.
Quanto ao barulho, Estela explica que há alternativas contra paredes e rebocos cada vez mais finos e com isolamento acústico mínimo. “Há soluções simples para quem não quer ser ouvido. A saída para diminuir a reverberação no ar é escolher materiais absorventes, como carpete, madeira, material com mais textura, que vai absorver mais rápido, e o tempo de reverberação no ar será menor. Dispense materiais como pedra e tijolo, que refletem o som, porque são duros,” afirma.
Se a preocupação é não escutar o vizinho, a arquiteta indica recursos como o “rebaixamento do forro com gesso no apartamento todo, sem esquecer do uso da lã de vidro, no forro inteiro, para ajudar que o barulho de cima não chegue até você. Agora, se vier da parede do lado, a solução é criar um painel ou uma parede drywall – uma parede na frente da outra com sete centímetros de espessura, com material de isolamento acústico”.
Biombo
Marina Dubal, arquiteta e urbanista, destaca que o revestimento de parede com painel é a solução mais efetiva para melhorar a acústica, assim como o investimento em cabeceiras de cama (painel de madeira mais revestimento de tecido). “A configuração do apartamento vai determinar como criar projetos de decoração para fugir dos olhares indesejados. Há soluções práticas e bonitas, como divisórias vazadas, modelos com detalhes de marcenaria. Para um efeito decorativo charmoso e com estilo retrô, um biombo ripado é ótima escolha. E tem ainda as persianas de madeira.”
Ela explica que a madeira é o material mais clássico e perfeito para dar soluções a qualquer ambiente. “Caso queira um resultado diferente ou outra cara, é possível investir na laca com pintura automotiva colorida ou metalizada, que pode ser fosca, neutra ou com brilho.” Para Marina, cores fortes e tons metalizados combinam mais sem brilho “para não ficar over”. Sem falar que “com o tempo, vai cansar e deixar o ambiente muito marcante, o que delimita a decoração”.
Fonte: http://correiobraziliense.lugarcerto.com.br