Concretizando sonhos, levando felicidade

Para Nágila Andrade a maior recompensa do seu trabalho é a realização dos clientes

Foto: Marcelo Negromonte

por Vivian Rodrigues

Ela é mãe, avó, esposa, professora, empresária, designer de interiores – e consegue ser tudo isso de forma inspiradora. Prestes a completar 34 anos de carreira e apontada como uma das melhores designers de interiores da Bahia, Nágila Andrade recebe a Sacada em seu escritório para contar um pouco da sua história.

A decoração surgiu na sua vida como uma intuição, uma vontade de levar beleza aos ambientes que aos poucos foi ganhando espaço. “É aquela coisa que você tem dentro de você, é o seu gosto, sua sensibilidade. Mas eu não tinha técnica. Eu não era uma dondoca, mas era uma pessoa que me preenchia ser mãe, ser dona de casa. Eu fazia a decoração e reformas da minha casa sem técnica, mas com uma vontade louca de mexer nisso”, revela.

Foi a busca pela técnica que a conduziu à Escola Bahiana de Arte e Decoração – EBADE, em Salvador. Lá, com o estudo diário, aprendeu métodos e conceitos que lhe deram respaldo técnico e ampliaram os seus limites. Um despertar para a criação de projetos de forma criativa e inovadora, desde o planejamento e execução até o resultado final. “A EBADE me preencheu, me colocou no lugar onde eu nunca esperava estar. Se você perguntar, ‘Nágila, você esperava estar onde está hoje?’. Não, claro que não. Entrei achando que seria mais uma”.

Mas não foi. Antes aluna, hoje Nágila é professora e dona da escola na qual se formou (e que já conta com uma unidade em Vitória da Conquista, sua cidade natal). Com a EBADE sob sua gestão, a designer elevou o curso à categoria técnica (antes formando decoradores, o curso livre passou a ter caráter profissionalizante formando designers de interiores com a certificação do Ministério da Educação). Sua dedicação à profissão rendeu-lhe reconhecimento, tornando-se uma das mais influentes designers do mercado – exemplo disso é a sua participação em quase todas as edições da Casa Cor, além de diversas premiações.

Ao aliar seu intuitivo bom gosto à determinação e competência, Nágila desenvolveu o que se tornaria a marca do seu trabalho: fazer os clientes felizes tornando sonhos reais. Os projetos da designer, sejam eles residenciais ou comerciais, tem charme, leveza, aconchego e praticidade. E não seguem tendências, pois a designer desenvolve suas criações seguindo o perfil e as necessidades de cada cliente individualmente. Sua marca ela expressa através de projetos contemporâneos, bem limpos visualmente e com cores neutras. “As pessoas que veem o meu projeto sabem exatamente que ele é meu”, afirma.

Sempre muito requisitada, Nágila não impõe limites ao seu trabalho. “Faço comercial e residencial, trabalho onde me chamarem, no interior, na fazenda, em sítios, casa de praia… Onde quiserem meu nome, lá eu estou”, determina.

Para ela, morar bem é viver em felicidade. “Você tem que ser feliz no local onde você mora, não tem nada melhor. Então, sua casa deve ter conforto, beleza e funcionalidade, pois não adianta ser belo se não funciona. E hoje com a insegurança nesse Brasil todo, por que não viver bem em sua casa, receber amigos, reunir a família? Então acho que um bom projeto é o que atinge a família”, completa.

Ao falar sobre o reconhecimento do seu trabalho e postura profissional, a designer destaca o que talvez seja a chave para o seu sucesso. “Na minha vida acho que a palavra ética está em primeiro lugar. Se você respeita o seu cliente, se respeita seus fornecedores e o pessoal que trabalha com você, lógico que você vai brilhar. Ninguém faz nada sozinho. Não seria o que sou hoje se não tivesse o apoio dos que trabalham comigo”, ressalta.

“Claro que o nome pesa, mas para esse nome ter peso eu comecei igual a todo mundo, comecei engatinhando, com a prancheta no meu quarto, trabalhando à noite com quatro filhas pequenas. As pessoas falam assim: ‘Eu vou ser igual a você’, e eu digo: ‘Você vai ser melhor que eu, você está começando com a informática que está aí para lhe dar o suporte’. Quando comecei a gente fazia ainda o trabalho em prancheta, e era um trabalho consertado, consertado, mudado porque se o cliente não gostava tínhamos que mudar tudo, a prancha inteira. Hoje você na frente do computador muda na hora e já mostra ao cliente o resultado. Então acho que todos que estão começando agora estão em um momento muito melhor”, defende.

Para a designer, o crescimento do setor de Arq & Decor no Brasil na última década também coloca a profissão em um momento muito favorável. “Hoje o design de interiores é respeitado, não existe uma concorrência entre designers e arquitetos tão acirrada como quando comecei. O arquiteto na época era decorador, e o decorador não era nada, mas hoje não. Sou designer de interiores e me orgulho demais”, afirma, ao destacar que conta em sua equipe com o trabalho de arquitetos e a consultoria de um engenheiro civil, atenta a todos os detalhes para oferecer sempre o melhor.

Como professora e profissional renomada, Nágila recebe com contentamento em seu escritório estudantes de design de interiores e arquitetura para estágios, um acolhimento para que aprendam através da sua experiência. “Eu queria ter um escritório grande pra dar espaço a todo mundo que quer fazer estágio comigo. Eu quero ensinar, quero que as pessoas aprendam comigo o que é ser profissional.Se eles aprenderem para mim já é o bastante, porque só fica no mercado quem é bom profissional”.

O brilho no olhar de Nágila Andrade ao falar sobre o design de interiores já anuncia o seu desejo em não parar. A diversidade de planos que faz para o futuro e a vontade de concretizá-los traduzem seu sucesso, jovialidade, e a busca incessante pela excelência. “Eu digo assim: na hora que você deixar de sonhar, morra, porque não adianta viver sem sonhar. Problemas não tiram o meu sonho, nada tira o meu sonho. Quero ficar velhinha opinando, não trabalhando mais, pois eu vou me aposentar com certeza, mas opinando, ou com uma loja de decoração, ou um escritório só de consultoria. Mas nunca parar. Porque se você para você envelhece, envelhece a mente. E eu não quero envelhecer minha mente, eu quero que ela fique cada dia criando mais. Eu só não posso parar, não faz parte do meu perfil”, conclui.

Matéria publicada na versão impressa da revista Sacada.

Leia também

Em destaque