’Eu conceituo a arquitetura como uma brincadeira gostosa com cores, materiais e formas. E isso é apaixonante’’, declara Márcia Villar

Matéria publicada na versão impressa da revista Sacada 

Arquiteta Márcia Villar/ Foto: Arquivo pessoal

Márcia Villar, formada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) em 1981, vem atuando no mercado com projetos na área residencial e hospitalar. “Eu comecei atuando tanto em projetos residenciais como hospitalares, mas o fato de pessoas da família atuarem na área de saúde, acabei fazendo dois cursos de especialização em Arquitetura Hospitalar: um pela UFBA e outro pela faculdade Estácio de Sá no Rio de Janeiro, os quais me deram um suporte maior para desenvolver projetos de empreendimentos da área de saúde”, informa.

De acordo com Márcia, a área de construção civil é muito cíclica e depende da economia do país. “À medida que o crescimento econômico do país está em alta, reflete automaticamente na construção civil e, consequentemente, na arquitetura. O balizador do desenvolvimento da arquitetura, engenharia, construção imobiliária é o mercado econômico”, avalia.

Algumas pessoas ainda confundem os profissionais de arquitetura e engenharia e vice-versa, mas, com a separação dos Conselhos destas profissões, as diferenças entre elas se tornam mais evidentes. “O arquiteto tem o papel de projetar, e o engenheiro de construir: fazer os cálculos que envolvem esta construção. As pessoas que não têm muita informação acabam confundindo as duas profissões, principalmente porque havia um único Conselho para elas. Hoje, com a divisão dos Conselhos, as pessoas já começaram a entender a diferença entre um e outro”, diz. Segundo ela, a maior preocupação do cliente é se, de fato, os profissionais conseguiram colocar seus sonhos no papel e torná-los reais. “Muitas vezes o cliente não sabe traduzir em palavras o que realmente quer. Então, trazem a informação através de um empreendimento que viu numa revista, ou fotos, para tentar demonstrar seus desejos. O nosso papel é captar estes anseios e colocar no projeto”, relata.

A arquitetura é muito dinâmica. As novidades desta área acompanham também a tecnologia dos materiais. “Há pouco tempo, a utilização da madeira era frequente nos projetos. Se a gente quisesse utilizar na arquitetura o rústico, o aconchego, utilizaria a madeira.Com a revolução da tecnologia e a conscientização da preservação da natureza, esta madeira foi substituída pela cerâmica com aspecto amadeirado. Hoje, não vamos precisar derrubar uma árvore para termos um efeito amadeirado, porque os pisos já trazem este aspecto amadeirado. Isso é muito legal porque nós temos um leque de materiais, de inovações, que a gente pode brincar. Eu conceituo a arquitetura como uma brincadeira, uma brincadeira gostosa, com cores, com materiais, com formas. E isso é apaixonante. Eu sou apaixonada por Arquitetura”, enfatiza Márcia.

As principais obras da arquiteta são as da área de saúde. “Arquitetura hospitalar é o que gosto de fazer, porque é uma arquitetura que tem uma normatização específica, RDC-50, e que é muito difícil de fazer. Então é preciso fazer um estudo mais aprofundado para projetar estabelecimentos da área de saúde. E este é um desafio muito grande e gostoso de fazer”, afirma a arquiteta. Márcia revela que seus empreendimentos, como as unidades do Laboratório Análise e o Instituto de Diagnóstico da Mulher, são alguns dos seus projetos de grande importância. “O projeto da construção, arquitetura de interiores, o estudo de fluxo de pessoas, as personificações de materiais e acabamentos foram resultado de muito estudo”, relata Márcia. De acordo com ela, suas obras não têm traços específicos, pois gosta de diversificar. “Uma obra minha é completamente diferente da outra, porque eu procuro realizar o sonho do cliente e não impor a minha marca”, declara.

Segundo Márcia, o arquiteto usa a sustentabilidade desde a elaboração do projeto, contribuindo com a preservação da natureza. “Quando a gente saiu da prancheta, onde gastávamos muitos papéis, rabiscando, fazendo projetos, rasgando o que não deu certo, pegando outro, e assim sucessivamente, e avançamos para o computador, isso já é uma forma de se pensar sustentável, porque não tem essa agressão ao meio ambiente. Com um simples toque você apaga e já tem uma nova folha para você desenhar. Em relação aos projetos, temos um leque de recursos e materiais baseados em conceitos sustentáveis”, informa.

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