“Minha maior conquista foi ser reconhecido pelos colegas de profissão antes mesmo de me formar em arquitetura”, declara Ivan Rocha
por Isis Moraes e Thamires Morais
Formado em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Feira de Santana (1989) e em Arquitetura pela UNIFACS (2012), Ivan Rocha vem atuando no mercado com a elaboração de projetos residenciais e comerciais. “Comecei com o curso técnico de Desenho Arquitetônico. Em seguida, fiz o curso de Engenharia Civil e uma Pós-Graduação em Gerenciamento de Obras, mas a vida me conduziu para a arquitetura”, lembrou.
De acordo com Ivan Rocha, no começo de sua carreira de engenheiro, o mercado não era muito favorável. “Amigos e parentes confundiam arquitetura com engenharia. Eles achavam que não havia diferença entre as profissões e me solicitavam projetos. Após muita pesquisa e estudo, passei a entender também de arquitetura e resolvi montar um escritório com o arquiteto Carlos Pinillos. A troca de conhecimentos e a soma de nossas experiências possibilitaram o desenvolvimento do trabalho que realizamos hoje”, pontuou.
Para Ivan Rocha, o apoio do empresário Gilson Alves também foi fundamental no início de sua carreira. “Ele me influenciou, incentivou e, acima de tudo, acreditou no meu potencial. Tive a oportunidade de fazer parte do grupo que sentou com ele para traçar o perfil de cidade que queríamos para Feira de Santana. Ele era um visionário e essa convivência marcou minha vida e minha trajetória profissional”, enfatizou.
Ivan Rocha destacou ainda que a sua maior conquista foi ser reconhecido pelos arquitetos quando ainda era engenheiro. “Fui muito abraçado pelos meus colegas. Creio que isso se deveu ao bom trabalho que desenvolvia e ao respeito que sempre tive pelas pessoas. Foi algo que me deixou muito feliz”, ressaltou.
O escritório de Ivan Rocha conta, atualmente, com uma equipe formada por arquitetos, estagiários de engenharia e técnicos em edificações. A prioridade da empresa, segundo ele, é atender às necessidades dos clientes, buscando satisfazê-los nos mínimos detalhes. “Temos uma linha de trabalho, uma marca própria, mas nosso lema é ouvir bastante nossos clientes. A ideia é personalizar cada trabalho, sem deixar de priorizar requisitos imprescindíveis, como conforto, estética e segurança”, revelou.
Na avaliação de Ivan Rocha, o mercado da construção civil no Brasil tem crescido muito. E isso se deve ao lançamento ininterrupto de produtos de alta qualidade. Conforme explica, esse é um suporte essencial ao trabalho do arquiteto, que pode, a partir da disponibilização de materiais de última geração, propor novas ideias e soluções.
Ivan Rocha observa que muita coisa mudou também na concepção dos projetos. Ele salienta que, antigamente, apenas a prefeitura e os arquitetos mais renomados assinavam projetos de prédios e condomínios. “Essa realidade mudou. Hoje, é possível ver placas de arquitetos pouco conhecidos em condomínios horizontais. Isso contribui para a valorização do profissional da arquitetura. É um grande avanço, que favorece a cidade sob múltiplos aspectos”, destacou.
Na concepção de Ivan Rocha, as formas de viver e morar em Feira de Santana também estão em plena transformação. Para ele, isso implica em mudanças também no perfil dos profissionais que trabalham com arquitetura. “A expansão dos condomínios fez com que os arquitetos mudassem o foco, voltando seus olhares para um novo público. Antes, eu trabalhava mais na área comercial, com grandes construtoras, fazendo edifícios e condomínios. Hoje, embora ainda realize trabalhos corporativos, foco mais no profissional liberal, que, cada dia mais, está buscando um novo conceito de morar”, revelou.
Em Feira de Santana, projetos de importantes empreendimentos residenciais têm a assinatura de Ivan Rocha. É o caso, por exemplo, dos edifícios Margarida Ribeiro, Manoel Ribeiro e Amélio Amorim, prédio que marcou época na cidade. O arquiteto também realizou o projeto de revitalização do espaço onde hoje funciona o Ville Gourmet. “Essa área estava degradada e conseguimos transformá-la em uma referência de lazer na cidade”, frisou.
Uma das grandes preocupações do arquiteto Ivan Rocha diz respeito à mobilidade urbana em Feira de Santana. O direito à cidade, na opinião dele, é algo que precisa ser levado em consideração. “Ando me perguntando o que podemos fazer por nossa cidade. Não podemos olhar só para os nossos umbigos. É preciso perceber que o mais excepcional dos projetos arquitetônicos não pode ser bom se em torno dele não houver acessibilidade, boas avenidas, segurança, saneamento. Nossa cidade está entrando em um abismo e, se não abrirmos os olhos, viveremos sitiados dentro dos condomínios e casas”, alertou.
De acordo com Ivan Rocha, é urgente repensar o perfil de Feira de Santana, a fim de transformá-la em uma cidade mais humanizada. “Os poderes públicos e os novos arquitetos precisam pensar nas pessoas. É necessário investir em praças, arborização, espaços públicos de lazer. O arquiteto moderno tem que estar preocupado com a qualidade de vida, com a preservação do meio ambiente e sua correta utilização”, concluiu.
Matéria publicada na versão impressa da revista Sacada
