O problema dos ruídos excessivos não é simplesmente achar que certo tipo de barulho não lhe incomoda, e sim reconhecer que se trata de uma questão de saúde
Existe em todo o mundo a falsa impressão de que o problema do excesso de barulho é exclusivo dos grandes centros urbanos. Erroneamente, acreditamos que apenas o barulho proveniente de veículos automotores, obras e maquinário realmente incomodam. Muito pelo contrário, o barulho que acompanha o homem no seu dia a dia, durante seu descanso e nas suas horas mais produtivas é o mais nocivo, pois está escondido, velado.
Pense bem… O que será mais nocivo? Aquela festa barulhenta que você foi no mês passado ou o incessante e estridente som de um ar condicionado que emite sons desagradáveis noite após noite?
O problema dos ruídos excessivos não é simplesmente achar que certo tipo de barulho não lhe incomoda, e sim reconhecer que se trata de uma questão de saúde que deve ser levada a sério em todas as situações. E muitos são os problemas de saúde relacionados à poluição sonora: distúrbios do sono, estresse, perda auditiva, dores de cabeça, distúrbios gástricos e cardíacos, irritação, fadiga, dependência, etc.
Grande notícia: existe solução!
Antes de falar sobre como resolver alguns casos relacionados à poluição sonora, preciso explicar o que é acústica arquitetônica. Esta é uma área baseada em cálculos, sendo complementar à tradicional arquitetura, pois possibilita a perfeita união entre técnica e estética. Ela trabalha com duas áreas específicas: o isolamento acústico (que significa criar defesas contra o barulho) e o condicionamento acústico (que significa controlar os sons no interior de determinado ambiente).
A acústica arquitetônica pode ser aplicada a praticamente todos os tipos de ambiente, como teatros, cinemas, casas de eventos, restaurantes, bares e casas de shows, estúdios de gravação e de rádio e tv, salas de convenções e reuniões, áreas de trabalhos e escritórios, lobbies de edifícios residenciais ou comerciais, auditórios, igrejas e templos religiosos, shoppings, lojas, academias desportivas, escolas, home theaters, salões de beleza, museus, Garage Bands, Salões de festas, espaços gourmet e salão de jogos. Mas a acústica é importantíssima em indústrias, hospitais, clínicas e residências.
Existem diversos tipos de materiais e formas de uso que se adequam a certos tipos de ambientes. Alguns mais tradicionais, com o uso de forros lisos e divisórias, a depender do ambiente.
Mas hoje já temos à nossa disposição materiais alternativos, que podem ser adaptados e otimizados. Merecem destaque as muitas utilidades do gesso acartonado (que pode ser utilizado em várias cores), os forros absorventes e translúcidos (que atuam também como luminárias lindas e modernas), forros com diferentes formas geométricas, as chapas metálicas maleáveis (que possibilitam o uso em formas côncavas e convexas), as réguas de madeira, a lã de PET plotada (além da versatilidade de aplicar qualquer imagem ao material, ainda é reciclada), os quadros acústicos, as placas soltas personalizadas, os forros suspensos e as nuvens acústicas (com várias possibilidades de formatos e acabamentos). Os baffles também são uma excelente opção pela sua versatilidade e diversidade de aplicação, podendo ser paralelos, perpendiculares, iluminados, coloridos, sinuosos ou personalizados, seguindo o design apresentado pelo arquiteto ou designer de interiores.
É preciso citar um uso inusitado de materiais acústicos – os móveis. O mobiliário acústico é moderno, criativo e muito versátil, podendo ser usado em ambientes comerciais, corporativos e mesmo residenciais, com excelentes resultados, assim como as ilhas de silêncio, as tramas de feltro e os biombos absorventes. São materiais lindos.
E, para finalizar, é importante destacar que a acústica arquitetônica consegue reunir com perfeição técnica e estética. Uma tendência é deixar as instalações aparentes. Parece impossível, mas é possível aplicar material acústico em ambientes com lajes, tubulações e ar-condicionado aparentes.
Matéria publicada na versão impressa da revista Sacada.