A opção por materiais brutos ressaltou a forte O projeto conta com uma forte identidade visual do complexo esportivo e gastronômico.
Ed. Vasco
A profissão de arquiteto é feita de arquiteto oportunidades. Uns aproveitam mais que outros. Um complexo esportivo e gastronômico, localizado em uma grande área remanescente do centro da cidade de Feira de Santana, não é uma oportunidade, é um presente dos céus.
Os empreendedores, dois caras super jovens, cheios de energia e abertos a novos conceitos e ideias, me apresentaram o terreno no bairro Olhos D’água – adoro esse nome – o mesmo bairro onde Feira de Santana nasceu. É ou não é um presente dos céus? O projeto da Arena Senador é um forte impulso à revitalização do bairro onde nasceu a cidade. Seria também o nosso maior ato de amor por Feira. Missão dada, missão cumprida. Desde a inauguração do empreendimento, a região conseguiu atrair novos visitantes e investimentos. Fizemos o programa arquitetônico junto aos clientes. O que era para ser uma arena esportiva, cresceu e virou um complexo esportivo e gastronômico. Os clientes procuraram nosso escritório em Feira de Santana pelo know-how adquirido na execução dos projetos e conceitos das principais casas noturnas da cidade: Bar de Seu Zé, Vegas, Zeca Pop, Mostarda e uma outra Arena Esportiva que foi pioneira na cidade, a Arena Doc Sport.
No desenvolvimento da Arena Senador, potencializamos toda nossa experiência em projetos de entretenimento. Não era só uma arena para a prática de esportes, deveria unir e integrar toda a família. Levamos semanas em reuniões para chegarmos a um desenho que entregasse lazer para todas as idades. Do mix de restaurantes, passando pela localização da loja âncora, até a melhor situação para o parque infantil, levamos semanas pensando, sempre fora do horário comercial. Mas algo permanecia: a nossa proposta de todos os restaurantes terem acesso visual aos campos.
Um complexo tão grande deveria contar com uma forte identidade visual para não se perder esteticamente. Optamos pelos materiais brutos. Blocos de cimento, telhas de amianto e cimento foram deixados em seu estado natural, sem necessidade de revestimentos.
A fachada foi um capítulo à parte. Não eram os clientes que não gostavam de nada. ERA EU! Quem trabalha comi sabe o quanto sou incansável pela perfeição. Num estalo divino – depois de cinco propostas recusadas por mim mesmo – resolvi a questão: – “Qual o momento mais importante e dramático no futebol?”
– “O gol!”, respondeu minha equipe.
– “Então, vamos representar o momento do gol! Como? Fazendo “em câmera lenta” a trajetória da bola em direção ao gol.
“Olha… O que “suamos” para tornar essa minha ideia em algo exequível não foi fácil. Mas tenho uma equipe e parceiros que adoram desafios. E conseguimos. Lembro que estávamos eu e os cliente a admirar a fachada, que estava no momento com 70% de conclusão, e passou um garotinho do alto de seus cinco anos e gritou: – Veja, vovó, que lindo! É a bola indo pro gol.
Acredito na Arquitetura que dialoga com o povo e emociona. Não fazemos Arquitetura ostentação. Aliás, em nosso escritório, temos aversão à ostentação e Arquitetura esnobe. O que nos interessa é o riso frouxo das crianças, o olhar curioso dos jovens que nunca envelhecem. É aproximar através de nosso trabalho todas as gentes. A Arquitetura só vale a pena quando faz rir, emocionar e encantar. Como a Arena Senador. Arquitetura pode e deve ser um ato de amor e solidariedade. E o meu mais novo desafio e presente dos céus tem sido justamente levar esse trabalho para Salvador, onde inaugurei em março um novo escritório. Mas esse é um assunto para uma próxima conversa. Até lá!
A Arena Senador é o nosso maior ato de amor para Feira de Santana até hoje. Que venham novos atos. Toda honra e glória ao Senhor Deus de Israel, Jeová Deus. Um salve para nossos clientes que se tornaram amigos e parceiros, Alfredo Pedra e Vinicius Pedra. Gente jovem de sorriso e alma. A minha equipe que embarca em meus delírios arquitetônicos: Anderson Lopes, André Araújo e Erica Santos.