Vidre-se

Considerado uma das descobertas mais surpreendentes do homem, o vidro traz a beleza e leveza que valorizam o projeto 

Foto: Arquivo Milla de Oliveira

Por Silma Araújo

Um dos materiais utilizados nos mais variados setores da indústria é o vidro, isto porque dispõe de inúmeras vantagens que favorecem o bem-estar do usuário, como transparência, durabilidade, impermeabilidade, além de ser higiênico e possuir, na natureza, recursos abundantes para a sua fabricação. A versatilidade de aplicações também faz com que cada vez mais ele esteja presente nas pesquisas de desenvolvimento tecnológico e nos projetos arquitetônicos.

Considerado uma das descobertas mais surpreendentes do homem, o vidro tem sua história de origem ainda indefinida – atribuem a sua descoberta a um fato casual ocorrido nas regiões egípcias . Entretanto, foram muitos os povos que trabalharam com esse material, sobretudo os romanos, com as técnicas artesanais de sopro, e os franceses. No final do século XVIII, com o desenvolvimento industrial, passou a ser produzido em larga escala e com notável grau de perfeição.

Já no Brasil, a história da indústria do vidro iniciou-se com as invasões holandesas, ainda no período do colonialismo, entre 1624 e 1635. Primeiramente, era tido como sinônimo de decoração, posteriormente foi usado como item pontual em obras, como vidraças de igrejas ao compor os famosos vitrais, em fachadas de casas nobres, e progressivamente foi ganhando espaço no cotidiano dos brasileiros nos mais diversos produtos e setores.

Na arquitetura nacional, o marco na mudança da concepção do uso do vidro foi registrado na década de 40, período em que passou a ser explorado com mais frequência nos trabalhos realizados por renomados arquitetos do país. A exemplo do prédio do Ministério da Educação, no Rio de Janeiro, criado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, um dos pioneiros no mundo a utilizar cortinas de vidro como recurso de quebra-sol para evitar a incidência direta de radiação solar, tornando-se um símbolo da ruptura dos paradigmas arquitetônicos até então vigentes. Também a arquiteta italiana naturalizada brasileira, Lina Bo Bardi, criadora da Casa de Vidro, em São Paulo, revolucionou ao projetar a sua residência com paredes de vidro, marcando sem precedentes o período da arquitetura moderna brasileira. É o que nos conta a arquiteta Milla de Oliveira.

Essa liberdade de criação foi possível graças às características do material aliadas a antigas técnicas que o curvam e tingem, capazes de aumentar as possibilidades de uso e permitindo que vidros diferenciados sejam feitos para atender às mais variadas situações e necessidades.

Milla comenta que, com a atual difusão da consciência sustentável, o vidro ganhou maior destaque no mercado, uma vez que se compreendeu se tratar de um material que pode ser utilizado desde o teto até o piso. “O vidro se tornou uma alternativa para substituir os materiais de origem vegetal como a madeira”, frisa.

Para a Milla, as vantagens de se trabalhar com esse produto não param por aí. “Como arquiteta gosto muito de usar o vidro, principalmente pela sua beleza e leveza que valorizam o projeto. Com as formas que moldamos, temos a possibilidade de dar volume ao ambiente e criar um espaço moderno, mesmo quando mesclamos com a madeira, material considerado extremante clássico”.

Atualmente, o vidro verde é o queridinho dos arquitetos, haja vista a sua versatilidade em equilibrar as cores usadas no ambiente, formando uma atmosfera clean e moderna. Como novidade do mercado surge o já bastante utilizado vidro low-e (low emissivity glass) empregado para impedir a transferência térmica entre dois ambientes, isto devido ao seu baixo emissivo. Por isso, é usado em diversas finalidades, como nas fachadas dos edifícios, valorizando a estética e proporcionando mais conforto, indica a arquiteta.

Matéria publicada na versão impressa da revista Sacada.

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