Alunos da Rede Municipal de Salvador embarcam para intercâmbio cultural em Portugal

Foto: Jefferson Peixoto

“Eu fiquei muito feliz. É o tipo de coisa que todo mundo sonha. Quando soube que ia para Portugal, fiquei sem palavras”, conta emocionada a estudante Mayara Kesley Carvalho Santos, de 14 anos, aluna do 8º ano da Escola Municipal Manoel Henrique da Silva Barradas, em Ilha Amarela, no Subúrbio de Salvador. Com o passaporte nas mãos e o coração cheio de expectativas, ela embarca na próxima terça-feira (4) para uma viagem que promete transformar sua vida: um intercâmbio cultural em Portugal pelo projeto “Era Uma Vez… Brasil”.

Mayara é uma das integrantes da equipe formada por 24 estudantes e quatro professores da rede pública da Bahia selecionada para representar o estado na 9ª edição da iniciativa, que promove uma imersão cultural de dez dias em Lisboa. Em todo o país, 125 estudantes de 15 cidades participam desta edição que, pela primeira vez, terá duas etapas de viagem em novembro.

Além de Mayara, também participarão do intercâmbio os estudantes Hugo Felipe Coutinho dos Santos, da Escola Municipal Professora Eufrosina Miranda (Lobato), Kézia Santana Araújo, de Jequié, e Maria Vitória Barreto, de Amélia Rodrigues. Juntos, eles representam a Bahia nessa jornada internacional de aprendizado e troca cultural.

Mayara produziu uma história em quadrinhos sobre Maria Firmina dos Reis, a primeira mulher negra a publicar um romance no Brasil. “Eu escolhi contar a história dela porque me identifiquei muito, por ser uma mulher negra, batalhadora e por tudo que ela conquistou. Foi uma inspiração para mim”, contou a jovem, orgulhosa de ver seu trabalho impresso em uma das publicações do projeto.

O professor de História Carlos Augusto Fiuza Ângelo, que leciona há três anos na escola e acompanhará a estudante na viagem, destacou o impacto da iniciativa na formação dos alunos.

“O sentimento é de pura felicidade. Ver uma aluna de 14 anos, moradora do Subúrbio de Salvador, alcançar uma experiência como essa é algo muito emocionante. Esse projeto foi estruturado em várias etapas: pesquisa, vivência em comunidades quilombolas e indígenas, produção de quadrinhos e agora o intercâmbio em Portugal. Cada uma delas contribuiu para o desenvolvimento intelectual e crítico dos nossos alunos”, afirmou.

Segundo ele, a presença da estudante no projeto é resultado de um trabalho coletivo e do apoio constante da Prefeitura de Salvador por meio da Secretaria Municipal da Educação (Smed).

“O apoio da Smed foi fundamental, inclusive na logística e no incentivo para que os alunos pudessem participar de todos os momentos. É um exemplo concreto de como a educação pública pode transformar vidas quando tem oportunidades reais”, completou o professor.

Alcance – Para Marici Vila, idealizadora e diretora executiva da Origem Produções, o intercâmbio é a culminância de um processo pedagógico que se estende por todo o ano letivo. “

O intercâmbio é a etapa final de um ano inteiro de descobertas. Ele permite que os jovens percebam o quanto a história que aprenderam está viva, presente e ligada às suas próprias origens. Em Lisboa, eles visitam museus, comunidades e escolas, compartilhando suas produções e mostrando o Brasil sob uma nova perspectiva”, explicou.

Com quase 23 mil estudantes impactados desde a sua criação, o “Era Uma Vez… Brasil” tem se consolidado como uma das principais iniciativas de valorização da educação pública e da diversidade cultural brasileira.

Na Bahia, a edição 2025 do projeto mobilizou 1.966 estudantes e 106 professores de 97 escolas municipais de Salvador, Camaçari, Mata de São João e Jacobina. O programa reconta a história do Brasil sob o olhar de estudantes e professores da rede pública, destacando o papel de povos africanos e indígenas na formação do país e incentivando novas narrativas sobre a identidade nacional.

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