Os desafios no início de carreira devem ser considerados normais: o profissional ainda não é reconhecido e precisa se consolidar no mercado, seja trabalhando em escritórios de arquitetura seja montando o seu próprio.
A arquiteta Ludmilla de Oliveira, mais conhecida como Milla de Oliveira, formou- se em Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal da Bahia (UFBA), fez especialização em Design de Interiores no Instituto Europeu de Design, em Barcelona (2006), voltando a Feira de Santana para atuar na área de design de interiores. “No início da carreira, a gente abrange o mercado como um todo, porque não dá para se limitar numa única área. Então eu fiz um pouco de tudo, fui diretora da Secretaria de Uso e Ocupação de Solo na Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SEDU), e aí as oportunidades para a arquitetura e interiores se abriram. Hoje o escritório abrange as duas coisas”, informa.
Os desafios no início de carreira devem ser considerados normais: o profissional ainda não é reconhecido e precisa se consolidar no mercado, seja trabalhando em escritórios de arquitetura seja montando o seu próprio. Milla de Oliveira acredita que o profissional novo no mercado pode encontrar apoio se associando na Associação dos Arquitetos. “Eu procurei me associar logo no início da minha carreira. Na associação, pude contar com o apoio de muitos colegas. Entrei como associada, mas logo assumi a Diretoria de Assuntos Sociais, hoje sou a presidente. Assim, acabei criando um círculo de amizade e mantive contato com o pessoal da área. Isso facilitou”, enfatiza.
Segundo Milla de Oliveira, há um leque de opções na área de arquitetura. Por isso, é preciso ter cuidado para não carregar um projeto com tantas inovações. Outra preocupação levantada pela arquiteta é sobre a falta de entendimento por parte das pessoas sobre a importância do arquiteto. “Há uma grande dificuldade no setor de contratação de arquitetos, porque está havendo contratação de técnicos de edificação, decorador, designer, desenhista e até engenheiros para assumir projetos arquitetônicos. Então, a gente está batendo muito nesse assunto, inclusive a Associação dos Arquitetos está lançando uma campanha para definir o papel do arquiteto. O próprio Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) defende a questão com unhas e dentes. É preciso entender que quem projeta é o arquiteto. O decorador vai decorar o projeto do arquiteto, o engenheiro vai executar o projeto do arquiteto. Quem faz o projeto somos nós”, orienta.
Outra questão levantada por Milla é a preocupação do cliente com o custo do projeto. “A gente tenta fazer com que o cliente entenda que contratar um arquiteto é, de fato, o mais viável. É uma realidade que está sendo mudada, mas a gente ainda se depara com clientes que não querem contratar um arquiteto por achar caro. Ele não entende o resultado final, que ele vai pagar por uma viabilidade de um projeto de obra, de funcionalidade, etc. Além do custo, a preocupação do cliente é o espaço. A realidade de Feira de Santana hoje é condomínio; então, para um arquiteto atender a toda solicitação é difícil, mas a gente consegue a partir de estudo do espaço”, relata.
Com um estilo moderno, clean e eclético, as obras de Milla da Oliveira são limpas, claras, com uso de linhas retas. “Minhas obras são marcadas pelo uso das linhas retas, sempre. É que quando você estuda design de interiores de uma casa, você se depara com uma faixada cheia de curvas, para arrumar isso inteiramente é muito complicado, com custo muito mais alto. Minhas obras são muito limpas, claras. Claro que às vezes a gente dá uns detalhes de faixada. A volumetria é importante, mas nada que consiga atrapalhar a parte interna. Eu acho que esta é a minha marca. Eu também tenho muito cuidado com cores, apesar de estar muito na moda, eu tenho muito cuidado. Cor cansa. Geralmente uso um detalhe, até na própria faixada mesmo, mas nada muito carregado”, explica.
Os projetos são como filhos para Milla de Oliveira. “Tenho um carinho muito grande por todos os trabalhos desenvolvidos, e claro que a identificação como cada cliente acaba definindo cada um, mas eu não faço diferença entre eles”, revela. Apaixonada pela arquitetura, Milla afirma que o arquiteto é um formador de opinião que consegue definir a vida das pessoas. “A casa, nosso lar, é onde a gente tem conforto, aconchego. Então, se o arquiteto define o conforto e o aconchego para as pessoas, define como será a vida destas pessoas”, confessa.