Bruno Faucz fala sobre criatividade, mercado e as peças de sucesso que assina
O designer brasileiro Bruno Faucz acredita que a essência do Design é materializar a informação, ou seja, tornar físico todo o repertório de pesquisas e vivências. Para ele, o profissional não é um mero desenhista, mas uma ponte entre o fabricante e o desejo do consumidor. “Eu não desenho para mim, desenho para os outros”, diz.
Bruno começou a carreira na área técnica de uma fábrica de exportação de móveis em 2005. Foi a formação como designer que o levou a criar peças populares que atraíram a atenção dos clientes. “Lá, eu pude apresentar o Design como uma ferramenta de negócio”, disse.
Em 2013, Bruno saiu da fábrica decidido a empreender. Para assegurar a qualidade de seu trabalho de iniciante, enviou as ideias de projetos próprios para jornalistas do segmento de arquitetura e decoração. “Um deles me retornou pedindo uma foto minha em um dos meus produtos. Eu só tinha a projeção digital de uma poltrona, ela nem existia ainda, de fato”, comentou.
O designer fez uma montagem de uma foto dele sentado na animação em 3D da poltrona e enviou. “Talvez eu nunca mais receberia um convite daqueles e não podia perder aquela primeira oportunidade de ter um produto meu numa revista”, afirma.
Um ano depois, Bruno foi chamado para ser jurado da Casacor SC e para expor na Semana de Design de Paris.
Brasil e mercado
A facilidade de acesso à informação por meio da internet possibilitou o mundo descobrir mais a fundo o desenho brasileiro. “O Brasil é muito conhecido pela marcenaria nos produtos, acredito que o lado artesanal foi lapidado e se desenvolveu naturalmente como alternativa à burocracia e altos impostos na importação de máquinas de primeira tecnologia”, disse Bruno.
Ao contrário do artista que, no geral, tem um processo de criação muito introspectivo, o designer precisa entender do consumo e criar pensando no público, segundo Bruno. “O designer busca constantemente explorar melhor os processos e ferramentas para entender como aproximar o produto do cliente”, acrescenta.
Sucesso de vendas
Entre os produtos confeccionados por Bruno, estão as poltronas, xodó de suas criações. A VIP, por exemplo, trabalha multilaminados e metal enquanto a Theo, uma homenagem ao nome do primogênito de Bruno, brinca com a madeira e o couro. A inspiração para o desenvolvimento dos itens surge de diversos lugares, conta Bruno, que se baseou na dobradura chinesa do famoso pássaro Tsuru para criar a poltrona Origami e nas vitórias-régia, plantas naturais da região amazônica, para desenvolver a Mesa Queen. “Pensei em um desenho que, de maneira orgânica, permitisse ocupar o espaço da melhor maneira possível. Como a natureza sempre tem as melhores soluções, busquei nela a inspiração para o desenho”, comenta.
Por Pedro Hijo
Matéria publicada na 10ª edição impressa da revista Sacada