Uma casa para dizer sim para a vida!

Quando Mendes, o CEO da Sacada, nos contatou da primeira vez, há cinco anos, para apresentar o projeto da nova revista, vi que ali estava nascendo uma estrela no mercado editorial brasileiro.
Eduardo Quintela – Live Filmes

Arquiteto Ed Vasco/ Divulgação

Quando Mendes, o CEO da Sacada, nos contatou da primeira vez, há cinco anos, para apresentar o projeto da nova revista, vi que ali estava nascendo uma estrela no mercado editorial brasileiro. Os olhos de Mendes não brilhavam ao falar da Sacada, simplesmente quebravam de paixão. Só acredito em gente com entusiasmo e vi – e vejo – paixão nas páginas da Sacada. Seja no seu diretor, nos jornalistas ou profissionais de arquitetura e decoração do Brasil que brilhantemente preenchem a revista que hoje é a mais importante do seu segmento na Bahia (e do Nordeste?).

Aqui estou eu lambendo a cria. Me sinto um pouco pai/mãe da Sacada por participar de todas as dez edições. No atual cenário editorial brasileiro, devemos celebrar o nascimento, o presente e o vindouro da Sacada.

Esta edição é histórica, então vamos falar de coisas boas, elegantes e sinceras, né, não? Revista Sacada, você é uma vitoriosa. Linda, charmosa, sexy e mega, mega gostosaaaaa!

Quando nos solicitaram um projeto especial para publicar na 10ª edição, houve pânico em nosso escritório. Qual? O apartamento com estética modernista brasileira em Salvador? A loja inspirada nas tribos indígenas em Feira de Santana? O apartamento total black em Salvador? A casa com estética praiana em Feira de Santana? Qual iríamos escolher?

– Vasco porque não coloca sua casa?
– Será?
– Não é uma edição comemorativa? Então, vamos comemorar dentro de sua casa.

Bom, então se estamos festejando, celebrando e comemorando, convido a todos (só os de bem com a vida, felizes com a felicidade do outro, que sabem seu lugar no mundo, gente adulta com alma de criança – mas não infantil, deixemos claro! – gente que gosta de gente, gente como a gente) a adentrar no meu mundo. Pode entrar, a casa é nossa!

Tenho horror a casa com cara de arquiteto. E vocês sabem muito bem do que estou falando. Linda e impessoal, sem passado e até mesmo se duvidarem sem futuro, casa onde o dono se sente visita o tempo todo, onde não se pode comer no sofá – nem namorar – as crianças não podem pular nas camas, onde a mesa não tem manchas de copos de cerveja, onde não se sente cheiro de bolo de milho lá do quintal, lugar onde os amigos têm medo de sentar… ter cachorro? E se ele fizer xixi no meu tapete? E se arranhar meus móveis? São tantos nãos… Queria uma casa onde só dissessem sim! Sim para comer e namorar no sofá, sim para meus sobrinhos fazerem guerra de travesseiro nos quartos, sim para ver meus amigos de pilequinho cantando Alcione, Pablo e Marília Mendonça, sim para sentir cheiros que me fazem recordar de momentos felizes, sim para ver meu cachorro viver com tranquilidade e liberdade na casa que é dele também. Uma casa onde eu pudesse dizer sim para a vida.

Confesso que dei bananas para estilos. Chega de quadradinhos, minha gente! Quem gosta de caixinha é boneca. Fui fazendo, acrescentando, tirando, pondo, e até exagerando o que realmente me tocava e me movia como gente. Queria nesse projeto misturar. Misturei estampas, referências, histórias, viagens, amores, tudo para poder fazer meu universo. É uma casa que provavelmente você nunca viu igual. Não porque é a casa do arquiteto, mas porque coloquei meu Eu nela e todos nós somos únicos, feitos em forminhas que não se repetem.

Do que você gosta? O que te move? O que te faz sorrir? Fiz todas estas perguntas para mim quando estava projetando minha casa. Eu amo o sol, gosto de casas solares, então fiz grandes aberturas com vidros e janelas gigantes pintadas de rosa-chá para o sol entrar despudoradamente. Não posso esquecer o dia que uma tia minha entrou lá em casa e perguntou onde estavam as paredes da casa, já que ela não via nenhuma parede (risos). Não gosto de ambientes divididinhos. Aliás, detesto. A sala que é cozinha, que é jantar, que é sala de TV, que é varanda, que é o que eu quiser que ela seja de acordo com minhas vontades.

Sou tão apaixonado por plantas que sou daqueles que conversam com elas, então, minha casa é uma minifloresta tropical. Meu paisagista às vezes fala: Vasco está na hora de podar estas plantas. Mas como? Se eu morro de pena delas sofrerem com as podas! Então, deixo elas crescerem, crescerem e, cá pra nós, amo a exuberância, tanto das plantas como de gente, tem coisa pior que gente que morreu em vida? Que não consegue dar uma gargalhada ou amar de verdade?

Não entendo muito isso de combinar. Combinar pra mim quem faz é roupa de secretária constipada de repartição pública, onde tudo tem que “combinar”. Cansei de combinar, aliás, não quero combinar mais nada! O que quero, e busco, é harmonia e energia. Então misturei rosa, azul, vermelho, chocolate, branco, estampas e um caleidoscópio de referências de minhas viagens pelo mundo.

Meus amigos e amigas amam minha casa. Porque tem sempre cerveja e prosecco geladíssimos na geladeira (não cozinho nada em casa, confesso minha total inaptidão para isso e vivo de dieta) e porque os deixo complemente à vontade. Uma grande amiga, vez ou outra, dorme lá em casa e cismou de dormir no sofá da sala – não dorme de jeito nenhum no quarto de hóspedes – pois diz que ama o conforto do meu sofá, então é sempre um processo montar praticamente um acampamento com travesseiros, lençóis e edredons na sala só para vê-la voltar a ser criança por um dia.

Não há um objeto de minha casa, unzinho sequer, comprado em lojas de decoração. Trouxe todos de viagens. O pavão (que eu amoooo) foi da Escola de Samba Unidos da Tijuca do Rio; o vaso Murano azul trouxe de Veneza, Itália; os quadros na cozinha são de uma artista plástica de Buenos Aires, Argentina; os quadros misturam cidades: Rio, Lisboa, Barcelona, Madrid, Chicago, Roma, Paris. Todos os lugares que vi, vivi, amei e como disse um querido amigo catalão: Ed, o lugar onde você pisa acaba se apaixonando por você porque você se amálgama a ele. Pois é… Vou usar esta palavra que este amigo usou para descrever a minha casa. Um amálgama, onde coisas diferentes, heterogêneas, talvez sem conexão, se relacionam, interagem, se harmonizam e se completam para formar um todo. Eu!

Toda honra e glória ao Deus vivo de Israel.

Por Ed Vasco

Artigo publicado na 10ª edição impressa da revista Sacada

Leia também

Em destaque