Você sabe o que é artroplastia? Conheça mais sobre essa cirurgia

Fisioterapeuta especialista em membros inferiores explica que a reabilitação não termina após a alta hospitalar, o paciente deve continuar sendo monitorado por um fisioterapeuta

Foto: Freepik

O quadril desempenha um papel fundamental em atividades diárias como levantar-se, sentar ou simplesmente se locomover. No entanto, ao longo do tempo, a cartilagem nessa região pode se desgastar, levando a condições que requerem intervenções médicas, como no caso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que passou por uma artroplastia de quadril em 29 de setembro, devido ao diagnóstico de artrose. Essa enfermidade afeta cerca de 30 milhões de brasileiros, de acordo com dados do Ministério da Saúde.

Inicialmente, a alta hospitalar estava programada para ocorrer nesta segunda-feira (2) ou terça-feira (3). Porém, devido à recuperação do presidente, a equipe médica optou por antecipá-la. Esta intervenção cirúrgica envolve a substituição de uma articulação danificada por uma prótese artificial e é frequentemente realizada em pacientes que sofrem de osteoartrite, artrite reumatoide, lesões traumáticas nas articulações ou outras condições que causam danos severos às articulações.

No quadro do presidente Lula, a cirurgia foi necessária devido à presença de artrose da cabeça do fêmur, que é uma condição degenerativa das articulações que afeta a região em que o osso da coxa (fêmur) se encontra com a pelve, formando a articulação do quadril. Essa condição é principalmente causada pelo desgaste da cartilagem que reveste a articulação do quadril, resultando em intensa dor, rigidez e limitação de movimentos. Cerca de 20% das pessoas com mais de 65 anos têm o problema.

“Essa condição faz com que os pacientes experimentem dor ao caminhar, ao deitar sobre a região, ao se abaixar ou mesmo ao realizar movimentos simples, o que os obriga a conviver constantemente com o desconforto” explica a fisioterapeuta Raquel Silvério, Diretora Clínica do Instituto Trata, Unidade de Guarulhos.

Ainda segundo Raquel, a artroplastia é um procedimento recomendado quando o paciente apresenta dor extrema, além de perda de função, mobilidade e qualidade de vida. “Embora possa parecer um processo extremamente difícil, a artroplastia, em alguns casos, é a melhor opção para o paciente. No entanto, mais do que a cirurgia em si, o processo de recuperação irá definir como será a vida daquela pessoa dali para frente. Esse período pode garantir uma retomada eficaz das atividades diárias e esportivas”, comenta a fisioterapeuta.

Processo de recuperação

Os exercícios de fisioterapia são geralmente iniciados pouco tempo após a cirurgia. Eles têm como objetivo principal melhorar a amplitude de movimento, fortalecer a musculatura na região afetada, aumentar a eficiência da articulação e ajudar a restabelecer o funcionamento normal do quadril.

Segundo Raquel Silvério, uma reabilitação adequadamente conduzida, considerando o tempo necessário para a recuperação fisiológica, mas também aplicando os estímulos apropriados, é de extrema importância.

No que diz respeito ao período de recuperação, Silvério observa que em aproximadamente 45 dias, as funções devem estar restauradas, mas o paciente deve continuar o tratamento fisioterapêutico por alguns meses adicionais. “A fase de reabilitação deve se estender por até cinco meses. Durante as primeiras três semanas, começamos a incentivar o paciente a caminhar com o auxílio de um andador e a estimular a perna, porém com extrema cautela para evitar qualquer deslocamento indesejado da prótese”, enfatiza a especialista.

Silvério ainda ressalta que esta é uma cirurgia de grande porte e, além disso, movimentos incorretos ou negligentes durante a reabilitação podem resultar em deslocamento da prótese, o que poderia exigir um retorno do paciente ao centro cirúrgico.

“A reabilitação não termina após a alta hospitalar, o paciente deve continuar sendo monitorado por um fisioterapeuta para garantir uma recuperação completa e duradoura. A recuperação pós-operatória é um período difícil, mas com a abordagem certa e o apoio adequado, os pacientes podem voltar a viver uma vida ativa e saudável.” finaliza.

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